stdClass Object ( [id] => 18461 [title] => A Covid veio nos dizer que somos melhores do que pensamos. [alias] => somos-melhores-do-que-pensamos-o-covid-nos-disse [introtext] =>A Covid-19 nos mostrou que o mercado funciona bem para as coisas simples, ruim para as complicadas e muito ruim para as crises pois, na ausência de instituições fortes, os mercados se apresentam «nus» como o rei dos contos de fadas.
por Luigino Bruni
publicado no site Il Messaggero di Sant'Antonio em 07/09/2020
Uma mensagem importante que não devemos esquecer quando esta pandemia passar, são as diferentes visões de homens e mulheres que emergiram desta crise. Após décadas nas quais nos resignamos a uma visão pessimista e cínica dos seres humanos, onde nos identificávamos como potenciais fugitivos e corruptos, deparamo-nos em quase todo o mundo em lockdown e nos damos conta de que estávamos diante de uma difícil ação coletiva. Demonstramos que éramos capazes de cooperar, e o fizemos não apenas por medo do vírus ou das multas, mas porque entendemos que tínhamos que cooperar para um bem maior do que nós mesmos.
[fulltext] =>O medo não é suficiente para construir o pacto social. Nestes séculos da modernidade, compreendemos que o medo produz mais guerras do que a paz e que a democracia precisa das virtudes civis para nascer e perdurar. Nós também cooperamos para defender as pessoas mais frágeis, nossos idosos, nossos pais e avós. E o fizemos por virtude e também por amor. Isso porque se você pede às pessoas que façam pouco, elas fazem pouco, mas se você pede para que façam muito, elas fazem muito e ainda, fazem bem e de bom grado. Cantamos das varandas, fomos disciplinados e ordenados nas filas, obedecemos as regras e respeitamos as proibições. E tudo isso porque somos melhores do que pensamos. A principal pobreza de nosso tempo é ter reduzido o ser humano a um maximizador do prazer e um perseguidor do lucro, que responde apenas a incentivos. Mas não é verdade: nós valemos muito mais, valemos «muito mais do que os pássaros» (Mt 10,31).
O tema do pessimismo antropológico também está na base da relação entre o Estado e o mercado. Nós viemos de décadas de confiança generalizada na ação da livre iniciativa individual. Mas antes da crise financeira de 2008, e agora a produzida pela Covid-19, estão nos dizendo algo importante sobre a relação entre o privado e o público.
Temos sido dominados pela ideia de que se você quer fazer algo sério, você tem que deixar isso para a iniciativa privada. A ação pública tornou-se gradualmente sinônimo de corrupção e desperdício, uma ideologia fundamentada, infelizmente, também pela evidência da corrupção apresentada por muitos países. Dessa perspectiva, entregamos cada vez mais áreas da vida civil a gerentes e consultores de escolas de negócios, que têm desestabilizado as instituições públicas, as escolas e a saúde, administrando tais áreas com a lógica típica dos negócios e das empresas capitalistas.
Na raiz dessa invasão da lógica econômica privada está um grande pessimismo antropológico: o homem não é capaz de realmente se comprometer com o bem comum, porque o que o motiva a fazer as coisas bem é o incentivo monetário. E assim, as empresas privadas são uma garantia de eficiência e qualidade, porque elas põem em movimento a única motivação capaz de nos fazer trabalhar. Consequentemente, a palavra «público» tornou-se sinônimo de todas as coisas negativas e antigas. Se, de fato, observamos bem o humanismo do mercado capitalista, vemos que somos muito cínicos e parcimoniosos com as ideias de sermos humanos, dominados pelo interesse pessoal. Na esfera pública, as motivações pró-sociais são muito fracas, e acabamos nos contentando com os interesses e a «mão invisível» que transforma, com uma alquimia, a «riqueza de nações».
A Covid nos mostrou que o mercado funciona bem para as coisas simples, ruim para as complicadas e muito ruim para as grandes crises, quando, sem instituições fortes e a sua colaboração, os mercados se apresentam «nus» como o rei dos contos de fadas. Estamos diante desse cenário, não vamos esquecê-lo, e sim repensar seriamente no nosso capitalismo.
[checked_out] => 0 [checked_out_time] => 0000-00-00 00:00:00 [catid] => 889 [created] => 2020-09-09 09:47:50 [created_by] => 64 [created_by_alias] => Luigino Bruni [state] => 1 [modified] => 2020-09-15 18:17:46 [modified_by] => 609 [modified_by_name] => Super User [publish_up] => 2020-09-09 09:47:46 [publish_down] => 0000-00-00 00:00:00 [images] => {"image_intro":"","float_intro":"","image_intro_alt":"","image_intro_caption":"","image_fulltext":"","float_fulltext":"","image_fulltext_alt":"","image_fulltext_caption":""} [urls] => {"urla":false,"urlatext":"","targeta":"","urlb":false,"urlbtext":"","targetb":"","urlc":false,"urlctext":"","targetc":""} [attribs] => {"article_layout":"","show_title":"","link_titles":"","show_tags":"","show_intro":"","info_block_position":"","info_block_show_title":"","show_category":"","link_category":"","show_parent_category":"","link_parent_category":"","show_associations":"","show_author":"","link_author":"","show_create_date":"","show_modify_date":"","show_publish_date":"","show_item_navigation":"","show_icons":"","show_print_icon":"","show_email_icon":"","show_vote":"","show_hits":"","show_noauth":"","urls_position":"","alternative_readmore":"","article_page_title":"","show_publishing_options":"","show_article_options":"","show_urls_images_backend":"","show_urls_images_frontend":"","helix_ultimate_image":"images\/2020\/09\/13\/Siamo_migliori_Covid@MSA1.jpg","helix_ultimate_image_alt_txt":"","helix_ultimate_article_format":"standard","helix_ultimate_audio":"","helix_ultimate_gallery":"","helix_ultimate_video":""} [metadata] => {"robots":"","author":"","rights":"","xreference":""} [metakey] => [metadesc] => [access] => 1 [hits] => 751 [xreference] => [featured] => 1 [language] => pt-BR [on_img_default] => [readmore] => 3272 [ordering] => 145 [category_title] => BR - MSA [category_route] => economia-civile/it-editoriali-vari/it-msa [category_access] => 1 [category_alias] => br-msa [published] => 1 [parents_published] => 1 [lft] => 77 [author] => Luigino Bruni [author_email] => ferrucci.anto@gmail.com [parent_title] => IT - Editoriali vari [parent_id] => 893 [parent_route] => economia-civile/it-editoriali-vari [parent_alias] => it-editoriali-vari [rating] => 0 [rating_count] => 0 [alternative_readmore] => [layout] => [params] => Joomla\Registry\Registry Object ( [data:protected] => stdClass Object ( [article_layout] => _:default [show_title] => 1 [link_titles] => 1 [show_intro] => 1 [info_block_position] => 0 [info_block_show_title] => 1 [show_category] => 1 [link_category] => 1 [show_parent_category] => 1 [link_parent_category] => 1 [show_associations] => 0 [flags] => 1 [show_author] => 0 [link_author] => 0 [show_create_date] => 1 [show_modify_date] => 0 [show_publish_date] => 1 [show_item_navigation] => 1 [show_vote] => 0 [show_readmore] => 0 [show_readmore_title] => 0 [readmore_limit] => 100 [show_tags] => 1 [show_icons] => 1 [show_print_icon] => 1 [show_email_icon] => 1 [show_hits] => 0 [record_hits] => 1 [show_noauth] => 0 [urls_position] => 1 [captcha] => [show_publishing_options] => 1 [show_article_options] => 1 [save_history] => 1 [history_limit] => 10 [show_urls_images_frontend] => 0 [show_urls_images_backend] => 1 [targeta] => 0 [targetb] => 0 [targetc] => 0 [float_intro] => left [float_fulltext] => left [category_layout] => _:blog [show_category_heading_title_text] => 0 [show_category_title] => 0 [show_description] => 0 [show_description_image] => 0 [maxLevel] => 0 [show_empty_categories] => 0 [show_no_articles] => 1 [show_subcat_desc] => 0 [show_cat_num_articles] => 0 [show_cat_tags] => 1 [show_base_description] => 1 [maxLevelcat] => -1 [show_empty_categories_cat] => 0 [show_subcat_desc_cat] => 0 [show_cat_num_articles_cat] => 0 [num_leading_articles] => 0 [num_intro_articles] => 14 [num_columns] => 2 [num_links] => 0 [multi_column_order] => 1 [show_subcategory_content] => -1 [show_pagination_limit] => 1 [filter_field] => hide [show_headings] => 1 [list_show_date] => 0 [date_format] => [list_show_hits] => 1 [list_show_author] => 1 [list_show_votes] => 0 [list_show_ratings] => 0 [orderby_pri] => none [orderby_sec] => rdate [order_date] => published [show_pagination] => 2 [show_pagination_results] => 1 [show_featured] => show [show_feed_link] => 1 [feed_summary] => 0 [feed_show_readmore] => 0 [sef_advanced] => 1 [sef_ids] => 1 [custom_fields_enable] => 1 [show_page_heading] => 0 [layout_type] => blog [menu_text] => 1 [menu_show] => 1 [secure] => 0 [helixultimatemenulayout] => {"width":600,"menualign":"right","megamenu":0,"showtitle":1,"faicon":"","customclass":"","dropdown":"right","badge":"","badge_position":"","badge_bg_color":"","badge_text_color":"","layout":[]} [helixultimate_enable_page_title] => 1 [helixultimate_page_title_alt] => Messaggero di S. Antonio [helixultimate_page_subtitle] => Economia Civil [helixultimate_page_title_heading] => h2 [page_title] => Messaggero di S. Antonio [page_description] => [page_rights] => [robots] => [access-view] => 1 ) [initialized:protected] => 1 [separator] => . ) [displayDate] => 2020-09-09 09:47:50 [tags] => Joomla\CMS\Helper\TagsHelper Object ( [tagsChanged:protected] => [replaceTags:protected] => [typeAlias] => [itemTags] => Array ( ) ) [slug] => 18461:somos-melhores-do-que-pensamos-o-covid-nos-disse [parent_slug] => 893:it-editoriali-vari [catslug] => 889:br-msa [event] => stdClass Object ( [afterDisplayTitle] => [beforeDisplayContent] => [afterDisplayContent] => ) [text] =>A Covid-19 nos mostrou que o mercado funciona bem para as coisas simples, ruim para as complicadas e muito ruim para as crises pois, na ausência de instituições fortes, os mercados se apresentam «nus» como o rei dos contos de fadas.
por Luigino Bruni
publicado no site Il Messaggero di Sant'Antonio em 07/09/2020
Uma mensagem importante que não devemos esquecer quando esta pandemia passar, são as diferentes visões de homens e mulheres que emergiram desta crise. Após décadas nas quais nos resignamos a uma visão pessimista e cínica dos seres humanos, onde nos identificávamos como potenciais fugitivos e corruptos, deparamo-nos em quase todo o mundo em lockdown e nos damos conta de que estávamos diante de uma difícil ação coletiva. Demonstramos que éramos capazes de cooperar, e o fizemos não apenas por medo do vírus ou das multas, mas porque entendemos que tínhamos que cooperar para um bem maior do que nós mesmos.
[jcfields] => Array ( ) [type] => intro [oddeven] => item-odd )
