Economia da alegria

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Economia da alegria / 5 – O Ano Santo como tempo propício para fazer memória da própria libertação e nos tornar libertadores para os outros.

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 06/05/2025

A liberdade é um bem especial. Gostamos de muitas coisas, mas o que amamos é bonito e bom se e porque somos livres. E, se não somos livres, sacrificamos todos os outros bens, até mesmo a vida, para o sermos, mesmo sabendo que nunca o seremos plena e definitivamente, porque o caminho da existência é um contínuo passar de uma libertação a outra. De facto, existe uma profunda ligação entre liberdade e libertação. Mesmo que não estejamos sempre conscientes disso, o que experimentamos como liberdade – liberdade de, liberdade para, liberdade com… – é fruto de uma libertação, de muitas libertações. Somos livres, porque fomos libertados, começando com aquela primeira libertação, maravilhosa e essencial, do seio materno para continuar com as muitas libertações da infância e da juventude (da ignorância, da dependência económica, material, afetiva). Depois, durante toda a vida, quando a libertação toma a forma de saída de ‘ratoeiras de pobreza’, aonde a mão da vida, dos outros e/ou a nossa nos conduzem. Até à última libertação pela mão do anjo da morte. Num dia adulto da vida, descobrimos que a saudade que nos surpreende nalguma tarde ou que se insinua num sonho recorrente, não é mais do que um profundo desejo de libertação. Encontramo-nos desejosos de ser libertados por alguém. E, finalmente, compreendemos que também nas que nos pareceram – e talvez o tenham sido – auto libertações, havia, invisível, a presença de uma outra mão que sustentava a nossa: “A ponte levadiça está na outra margem e é da outra margem que nos devem comunicar que somos livres” (Jacob Taubes). A essência da fé está na consciência – ou, pelo menos, na esperança – que não só a vida é um dom, mas que a liberdade também o é. E também o é quando, a libertar-nos, foi a mão de uma pessoa concreta, ou fomos nós – esta ‘libertação de segunda ordem’ que atribui a Deus as nossas libertações, é um dom colateral do dom da fé, porque nos liberta das grandes dívidas espirituais e morais para com os nossos libertadores terrenos: estamos-lhes gratos, mas não nos sentimos em dívida para com eles. O sentirmo-nos libertados liberta-nos também da soberba-hybris da autossuficiência e omnipotência da nossa mão que está a tornar-se a religião mais difundida do nosso tempo, onde o ego se torna o único crente, sacerdote e deus. O mercado capitalista gosta muito desta nova ‘religião’ de massas que, no Ocidente, já ganhou o lugar do cristianismo.

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A libertação é também o outro nome do Jubileu e do ano sabático que está na sua raiz. A libertação dos escravos pelos senhores, dos devedores pelos credores, da terra do nosso jugo. Na Bíblia, por detrás de qualquer libertação está sempre o eco da grande libertação da escravidão do Egipto. Cada shabbat é memorial daquela libertação, em cada ano sabático e em cada Jubileu revive Moisés, volta a abrir-se o mar e o povo volta livre e descobre o primeiro pedaço da terra prometida na linha profunda do horizonte. Toda a Bíblia nos fala de Jubileu, cada livro seu está imbuído pelo seu espírito. Inclusive o pequeno livro de Jonas, onde não seria de esperar.

Jonas tinha dito não à ordem de Deus que o tinha enviado a Nínive. Foge, embarca na direção oposta, para Társis. Desencadeia-se uma forte tempestade e o barco está quase a afundar. Mas, por um fenómeno de ‘bode expiatório’ (René Girard), Jonas é lançado ao mar pelos marinheiros, como vítima sacrificial, para aplacar os deuses das águas. De facto, os marinheiros consideram-no a causa do mal que se tinha desencadeado e Jonas convence-se de o ser verdadeiramente, pela sua desobediência a Deus, a origem daquele desastre iminente. Jonas acaba no meio das ondas, mas não morre, porque um peixe grande (‘daga’, em hebraico) o guarda no seu bom ventre e, três dias depois, deixa-o, são e salvo, na costa. Assim como na libertação do Egipto, as águas tornam-se lugar de uma salvação extraordinária, mais uma vez uma libertação da morte que parecia certa.

A história de Jonas tem muito a dizer-nos para compreendermos a cultura do Jubileu. São dois os seus ensinamentos principais. Antes de mais, enquanto faz a experiência da libertação do ventre do peixe, Jonas reza: “Na minha aflição invoquei o Senhor, e Ele ouviu-me. Clamei a ti do meio da morada dos mortos, e Tu ouviste a minha voz… A minha oração chegou junto de ti… do Senhor vem a salvação” (Jonas 2, 3-10). Jonas – diz-nos a Bíblia – era um profeta; por isso, já sabia rezar. Mas a primeira e única oração que encontramos no seu livro chega depois da salvação da morte. Então, nesta oração de Jonas «podemos encontrar uma gramática da arte de recomeçar a rezar depois de uma grande provação que nos tinha tirado a fé ou a oração – frequentemente, ambas. Jonas reza porque fez a experiência de uma libertação e, depois – condição suficiente –, atribui aquela libertação ao seu Deus. Descobre o rosto de Deus como libertador; por isso, chama-o com o seu primeiro nome. Como adultos – a história de Jonas é também uma iniciação dos profetas à vida adulta – muitas pessoas que tiveram uma juventude de fé e de oração, deixam de rezar; a oração não volta se não se fizer a experiência de uma libertação e de um libertador. Porque depois de termos sido libertados (de uma doença grave, de um luto que parecia infinito, de uma depressão, de um remorso que nos consome…), começa, na alma, algo verdadeiramente importante, uma autêntica ressurreição. Encontramo-nos a rezar sem nos apercebermos, o reconhecimento desabrocha naturalmente em oração do coração – a ressurreição é o centro da fé cristã também porque não se reencontra a fé e a oração sem ressurgir. Quando, na vida, chega esta consciência de ter sido salvos por alguém, começa uma época totalmente nova e maravilhosa da existência. Nasce a verdadeira gratidão, compreendemos o que é a gratuidade, descobrimos uma outra reciprocidade, começa o tempo da humildade boa, que os outros reconhecem mesmo quando ignoram a sua raiz.

Por isso, o Jubileu pode tornar-se o tempo para recomeçar a rezar, numa fé adulta, ou para descobrir novas dimensões da oração. E mesmo que não consigamos fazer esta experiência de ser libertados – estas experiências não se compram no mercado, não são encomendadas, não são ordenadas: acontecem e basta, são totalmente dom –, podemos ainda tentar dois caminhos que produzem os mesmos resultados. O primeiro é fazer memória das libertações que tivemos na nossa vida até hoje, encontrando pelo menos uma, atravessar aquela porta e encontrar-se no tempo novo da oração ou, pelo menos, da humildade. Porque recordar, hoje, um acontecimento determinante de ontem e chamá-lo com o nome correto (libertação), é como revivê-lo uma segunda vez. A outra possibilidade é tornar-se sujeitos de libertação para outros, tentar libertar alguém de uma escravidão. Fazer, nisto, a parte de Deus, imitá-lo como libertador. O Jubileu passará em vão se não tentarmos, pelo menos, uma destas libertações, se não passarmos através destas portas.

Por fim, a conclusão do livro de Jonas mostra-nos uma outra dimensão importante da cultura jubilar. Depois de Jonas ter sido salvo pelo peixe e rezar, obedece finalmente à ordem de Deus e vai pregar a Nínive para anunciar ao povo: “Dentro de quarenta dias Nínive será destruída” (Jonas 3, 4). A cidade – surpreendendo também Jonas que se irritará muito por isso – acredita na palavra de Jonas e converte-se: “Ordenaram um jejum e vestiram-se de saco” (3, 5). Depois, o rei promulga um decreto para proclamar uma grande penitência geral de todo o povo, onde encontramos um pormenor extraordinário: “Os homens e os animais, os bois e as ovelhas não comam nada, não sejam levados a pastar nem bebam água. Os homens e animais cubram-se de saco” (3, 7-8).

Também os animais ‘se cobriram de saco’; portanto, também a sua penitência se torna necessária para a conversão e o perdão. Uma passagem de alta profecia que, hoje, deveria falar-nos muito alto, mais do que ontem. Os animais – e as plantas e toda a criação – não eram responsáveis pelos pecados de Nínive, como hoje não são responsáveis pela degradação ecológica do nosso planeta. Mas não conseguiremos salvar-nos e salvá-los sem um envolvimento de todas as espécies vivas na solução do problema. O problema foi gerado por nós, humanos, mas, por uma solidariedade objetiva e real de toda a criação, não sairemos desta gravíssima crise ambiental se também os animais e as plantas ‘não se vestirem de saco’. Agora, que o mal já é comum, também o bem deve ser comum. Quem tentou uma solução verdadeira e séria de um problema coletivo e comunitário sabe que a análise das culpas passadas pode agravar a crise se, um dia, todos juntos, inocentes e culpados, não decidirmos ‘vestir-nos de saco’ e olhar finalmente para o futuro. Esta participação dos animais na conversão de Nínive é expressão plena da cultura do shabbat: se no ‘sétimo dia’, também os animais participam do repouso da criação, se naquele dia também os animais deixam de trabalhar, então os dois trabalhos e os dois destinos estão interligados e inseparáveis, no bem e no mal.

A notícia maravilhosa é que os animais e as plantas já estão vestindo o saco. As árvores e os oceanos estão a absorver muito do CO2 que nós produzimos, mitigando assim os danos que, sem eles, já teriam tornado inabitável (para nós) o planeta. Eles, inocentes, já vestiram o saco, começaram a penitência da terra; mas nós, humanos, quando o vestiremos?

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Economia da alegria / 5 – O Ano Santo como tempo propício para fazer memória da própria libertação e nos tornar libertadores para os outros.

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 06/05/2025

A liberdade é um bem especial. Gostamos de muitas coisas, mas o que amamos é bonito e bom se e porque somos livres. E, se não somos livres, sacrificamos todos os outros bens, até mesmo a vida, para o sermos, mesmo sabendo que nunca o seremos plena e definitivamente, porque o caminho da existência é um contínuo passar de uma libertação a outra. De facto, existe uma profunda ligação entre liberdade e libertação. Mesmo que não estejamos sempre conscientes disso, o que experimentamos como liberdade – liberdade de, liberdade para, liberdade com… – é fruto de uma libertação, de muitas libertações. Somos livres, porque fomos libertados, começando com aquela primeira libertação, maravilhosa e essencial, do seio materno para continuar com as muitas libertações da infância e da juventude (da ignorância, da dependência económica, material, afetiva). Depois, durante toda a vida, quando a libertação toma a forma de saída de ‘ratoeiras de pobreza’, aonde a mão da vida, dos outros e/ou a nossa nos conduzem. Até à última libertação pela mão do anjo da morte. Num dia adulto da vida, descobrimos que a saudade que nos surpreende nalguma tarde ou que se insinua num sonho recorrente, não é mais do que um profundo desejo de libertação. Encontramo-nos desejosos de ser libertados por alguém. E, finalmente, compreendemos que também nas que nos pareceram – e talvez o tenham sido – auto libertações, havia, invisível, a presença de uma outra mão que sustentava a nossa: “A ponte levadiça está na outra margem e é da outra margem que nos devem comunicar que somos livres” (Jacob Taubes). A essência da fé está na consciência – ou, pelo menos, na esperança – que não só a vida é um dom, mas que a liberdade também o é. E também o é quando, a libertar-nos, foi a mão de uma pessoa concreta, ou fomos nós – esta ‘libertação de segunda ordem’ que atribui a Deus as nossas libertações, é um dom colateral do dom da fé, porque nos liberta das grandes dívidas espirituais e morais para com os nossos libertadores terrenos: estamos-lhes gratos, mas não nos sentimos em dívida para com eles. O sentirmo-nos libertados liberta-nos também da soberba-hybris da autossuficiência e omnipotência da nossa mão que está a tornar-se a religião mais difundida do nosso tempo, onde o ego se torna o único crente, sacerdote e deus. O mercado capitalista gosta muito desta nova ‘religião’ de massas que, no Ocidente, já ganhou o lugar do cristianismo.

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A verdadeira liberdade é sempre um dom. O Jubileu ajuda a compreendê-lo

A verdadeira liberdade é sempre um dom. O Jubileu ajuda a compreendê-lo

Economia da alegria / 5 – O Ano Santo como tempo propício para fazer memória da própria libertação e nos tornar libertadores para os outros. por Luigino Bruni Original italiano publicado em Avvenire em 06/05/2025 A liberdade é um bem especial. Gostamos de muitas coisas, mas o que amamos é bonito ...
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Economia da alegria / 4 – Do exílio do povo hebreu em Babilónia brota a simplicidade da fé autêntica que se aperfeiçoa e se despoja no tempo

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 23/04/2025

Na visão profética de Ezequiel, a casa de Deus transforma-se num rio, símbolo de uma espiritualidade que supera os lugares sagrados materiais e se transforma em água viva, secular e concreta

A vida espiritual começa na simplicidade absoluta – ‘Havia apenas uma voz’. Porém, rapidamente se complica à medida que se enriquece, porque a primeira voz nua da juventude torna-se culto, religião, templo, objetos sagrados, dogmas. Mas, no fim, depois de muito tempo, se a vida funciona e não se despista nalguma curva particularmente difícil e cega, voltamos simples e pobres. E ali, com os pés descalços, compreende-se finalmente que, na vida, conta apenas tentar ficar cada vez mais pequenos e simples para tentar passar pelo buraco da agulha do anjo – porque qualquer objeto e utensílio religioso que levamos connosco nos impedem a passagem. Passamos boa parte da vida a procurar Deus nos templos e nos lugares do sagrado, para nos darmos conta, quase sempre demasiado tarde ou no fim, que o que procurávamos se encontrava, simplesmente, em casa, nas tarefas simples do dia-a-dia, entre as loiças e o aparador. E não o podíamos saber antes de atravessar o último buraco.

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Continuemos o estudo do Jubileu bíblico. Conforme uma antiga tradição hebraica, a grandiosa visão do templo do profeta Ezequiel acontece no “ano do Jubileu” (Talmude Arakhin 12b, 6). De facto, o Talmude cita o início do capítulo 40 de Ezequiel, que contém o relato da maravilhosa teofania, como um centro de gravidade de toda a Bíblia: “No início do vigésimo quinto ano da nossa deportação, no princípio do ano, no décimo dia do mês, catorze anos depois da ruína da cidade [Jerusalém], nesse mesmo dia, a mão do Senhor esteve sobre mim e levou-me lá” (Ezequiel 40, 1). Um acontecimento colocado nas coordenadas do tempo e do espaço com a solenidade de um testamento – porque, na realidade, trata-se de um testamento.

Esta tradução talmúdica, situando a visão do templo, por Ezequiel, num ano jubilar, diz-nos algo de muito útil para a compreensão da natureza e da cultura do Jubileu. Algumas coordenadas históricas talvez sejam necessárias. Ezequiel, profeta entre os maiores, realiza a sua missão no exílio porque, aos vinte e cinco anos, acabou em Babilónia, durante a primeira deportação (do ano 598 a.C.), a que teve em vista as elites técnicas e intelectuais. Também devemos ter sempre presente um outro elemento essencial. Muitas das palavras que a Bíblia nos deixou sobre o Jubileu e sobre a cultura sabática que lhe serve de raiz, foram escritas ou completadas durante o exílio babilónico. Teriam sido muito diferentes – certamente menos proféticas – sem Ezequiel, sem o chamado ‘segundo Isaías’ (o autor, entre outros, dos ‘cânticos do servo de IHWH’) e, embora de modo diferente, sem Jeremias. As normas do Jubileu são parte da Lei, mas não se compreendem sem os profetas. De facto, o Jubileu é Lei e Espírito, instituição e profecia, já e ainda não. Ezequiel tinha profetizado a destruição do templo anos antes que ela acontecesse, e tinha feito da futura destruição o centro da sua mensagem profética, que representa um cume – talvez o cume – da profecia bíblica. Em Babilónia, não havia templo; havia os santuários dos outros deuses, falsos e mentirosos. Em Jerusalém, o templo do único Deus verdadeiro seria destruído, profetizava o jovem Ezequiel e assim aconteceu. Para Ezequiel, que era também sacerdote (sem templo), coube-lhe a missão determinante de ter de ensinar ao povo que o Deus verdadeiro, diferente dos ídolos, não tem necessidade do recinto sagrado do templo para estar presente e agir. O dado factual da ausência do templo, no exílio, e da sua destruição na pátria, torna-se dado teológico e ético: o templo não é necessário para a fé, e até pode facilmente tornar-se um obstáculo para ela. O exílio foi uma imensa destruição criadora da fé de Israel. Tornando-os pequenos, pobres, reduzidos a nada pela maior derrota teológica e política, naqueles exilados realizou-se algo de extraordinário que marcou o início de uma nova era religiosa: a idade do espírito, do Deus presente fora do templo e em qualquer lugar; portanto, a época da laicidade verdadeira, da religião da terra. Naquela visão do templo, Ezequiel supera, num momento, milénios de religião material que tinha necessidade de ver estátuas e imagens nos templos e nos santuários para sentir a presença da divindade. Não o podiam saber, mas, em Babilónia, os deportados começaram a adorar Deus ‘em espírito e verdade’.

De facto, a visão de Ezequiel começa com um novo templo e acaba com a maravilhosa e poderosa imagem de um rio, numa página entre as mais bonitas de toda a literatura antiga, que ainda nos deixa encantados: “Conduziu-me para a entrada do templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea, em direção ao oriente… A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar. Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito… Era uma torrente que eu não conseguia atravessar, porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efetivamente, era uma torrente que não se podia atravessar. E Ele disse-me: «Viste, filho de homem?»” (Ez 47, 1-6). O templo torna-se fonte e, depois, rio. Uma síntese do humanismo bíblico. A água do espírito que fecunda a terra, não é dada para lavar os escoadouros do sangue dos sacrifícios no altar do templo. E como a Lei também o templo é um pedagogo que, um dia, se deve deixar de lado para dar lugar ao contacto imediato com a água viva. A praça será o novo nome do templo. Aqui, o jovem sacerdote Ezequiel morre e ressurge no velho profeta.

Na realidade, sabemos que, apesar da visão de Ezequiel e das palavras semelhantes dos Evangelhos, de Paulo e do Apocalipse, o homo religiosus, de ontem e de hoje, esqueceu muitas vezes o sentido daquela profecia. Também os cristãos cercaram Deus nos lugares do sagrado, consagraram-lhe coisas e pessoas e esqueceram-se da visão de Ezequiel. Porque às mulheres e aos homens religiosos agradam muito mais os santuários do que os rios, mais as missas do que as praças, mais o cheiro do incenso do que o das cozinhas ou das fábricas. E, assim, todos os dias, transformamos a fé num bem de consumo, o templo num divã, o Jubileu na travessia de uma porta, a religião numa zona de conforto, e Deus regressa acorrentado aos lugares estreitos que nós lhe preparamos sem lhe pedir autorização. A Bíblia sabe-o bem, certamente o sabem os seus profetas; e, por isso, conservou para nós a visão de um profeta a quem, talvez já próximo do fim da sua missão, um dia, adulto (tinha já mais de cinquenta anos, vinte e cinco dos quais vividos no exílio), o Espírito fez ver o novo templo-rio na nova Jerusalém – e a sua profecia está realizada. O templo dissolve-se para se tornar água que irriga e mata a sede da terra.

Por fim, voltamos ao Jubileu. É neste contexto de templo-fonte universal e laica, onde, de facto, encontramos algumas indicações económicas: “Tende balanças justas, um efá justo, um bat justo… Eis a oferta que separareis: a sexta parte de um efá em cada hómer de trigo; e a sexta parte de um efá em cada hómer de cevada… Dez bats correspondem a um hómer. Reservar-se-á uma ovelha em cada rebanho de duzentas cabeças para as oblações, holocaustos e sacrifícios de comunhão” (Ez 45, 10-15). Se o templo se torna água, se o lugar da religião é a rua, não nos deve admirar que, para o Talmude, estas sejam normas jubilares. E, assim, no coração destes capítulos, todos consagrados a uma das maiores teofanias bíblicas, Ezequiel fala-nos de balanças, de efá, de bat, de homer (unidade de peso e de medida), de moedas, de ovelhas, fala-nos de impostos porque, de facto, de impostos se trata.

Que têm a ver os impostos com o novo templo-rio? Sabemos que, no mundo antigo, incluindo Israel, o templo era também o centro de recolha e de emprego dos impostos, especialmente das dízimas sobre os produtos agrícolas. Mas porque se fala de impostos também no novo não-templo que agora se tornou grandes águas? A resposta é simples. Na Bíblia, os impostos não são nem roubo, nem usurpação, nem instrumento de guerra nem, muito menos, um dever: são reciprocidade, expressão da regra de ouro e da lei de comunhão que deve inspirar a vida do povo. De facto, não compreendemos a Bíblia se não lermos a libertação do Egipto juntamente com os impostos, a Lei de Moisés com as moedas, os anjos e as visões juntamente com os contratos e as dívidas, os denários de Judas e do bom Samaritano com o sepulcro vazio. Mas nós, que esquecemos a Bíblia e os evangelhos, pensamos que as coisas verdadeiramente importantes da fé são as palavras celestes, as orações, as aparições e, assim, relegamos a economia e as finanças para matéria baixa, para as ‘coisas cá de baixo’, como assuntos secundários para especialistas, para as mesas dos diáconos. Reduzimos a pouca coisa quer a fé, quer a economia, ambas desnaturadas e pervertidas e, depois, colocamo-las num reino de trevas onde a mamona se torna Deus e Deus se torna mamona. E, no entanto, a Bíblia repete-nos continuamente que os impostos são shabbat, são tão importantes como o jubileu, a respiga de Rute, a sarça-ardente e o mar aberto: “Assim fala IHWH: Príncipes de Israel, basta de violências e rapinas. Ponde em prática o direito e a justiça, acabai com vossas extorsões contra o meu povo” (Ez 45, 9).

Só se juntarmos Ezequiel da visão do novo templo com o Ezequiel que diz ‘basta’ às injustiças económicas, a Bíblia se torna libertação e nos ajuda hoje a dizer também nós: ‘basta’ às violências, aos roubos e às extorsões dos nossos poderosos e dos nossos reis, mesmo que nunca o façamos suficientemente. São estas as verdades humildes, terrestres e laicas que nos dão os profetas, para nos ensinar também o verdadeiro sentido do Jubileu.

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Economia da alegria / 4 – Do exílio do povo hebreu em Babilónia brota a simplicidade da fé autêntica que se aperfeiçoa e se despoja no tempo

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 23/04/2025

Na visão profética de Ezequiel, a casa de Deus transforma-se num rio, símbolo de uma espiritualidade que supera os lugares sagrados materiais e se transforma em água viva, secular e concreta

A vida espiritual começa na simplicidade absoluta – ‘Havia apenas uma voz’. Porém, rapidamente se complica à medida que se enriquece, porque a primeira voz nua da juventude torna-se culto, religião, templo, objetos sagrados, dogmas. Mas, no fim, depois de muito tempo, se a vida funciona e não se despista nalguma curva particularmente difícil e cega, voltamos simples e pobres. E ali, com os pés descalços, compreende-se finalmente que, na vida, conta apenas tentar ficar cada vez mais pequenos e simples para tentar passar pelo buraco da agulha do anjo – porque qualquer objeto e utensílio religioso que levamos connosco nos impedem a passagem. Passamos boa parte da vida a procurar Deus nos templos e nos lugares do sagrado, para nos darmos conta, quase sempre demasiado tarde ou no fim, que o que procurávamos se encontrava, simplesmente, em casa, nas tarefas simples do dia-a-dia, entre as loiças e o aparador. E não o podíamos saber antes de atravessar o último buraco.

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Quando o templo se torna fonte e também os impostos se tornam Jubileu

Quando o templo se torna fonte e também os impostos se tornam Jubileu

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Economia da alegria / 3 – A cultura jubilar atravessa a Bíblia em profundidade, como nos dois episódios cruciais do livro de Neemias

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 08/04/2025

A cultura jubilar não deve ser procurada apenas nos textos que regulam expressamente o Jubileu ou o ano sabático. De facto, existem, em diversos livros da Bíblia, passagens que contêm dimensões determinantes para compreender o humanismo do jubileu. Depois da análise do livro de Jeremias, vamos, agora, olhar com mais atenção um capítulo do livro de Neemias, um alto funcionário (copeiro) da corte do rei persa Artaxerxes (465-424 a.C.). Neemias era um hebreu leigo, nascido no exílio, que, como Ester, chegou aos mais altos cargos da corte e, depois, tornou-se governador da Judeia sob a ocupação persa. Neemias, enquanto se encontrava em Susa, veio a saber da condição miserável dos judeus de Jerusalém: “Os sobreviventes do cativeiro estão lá na Província, vivem em grande miséria e numa situação humilhante. As muralhas de Jerusalém estão ainda em ruínas” (Ne 1, 3). Neemias sentiu um chamamento (cap. 2), pediu ao rei para ser enviado a Jerusalém para a reconstruir. De facto, quando parte dos exilados de Babilónia regressou à pátria, a convivência com os hebreus que tinham ficado em Jerusalém não foi fácil. Havia evidentes questões económicas e patrimoniais – as terras dos deportados tinham passado, em parte, para as famílias que ficaram, e, agora, eram reclamadas –; mas havia também questões teológicas e religiosas: quem tinha escapado à deportação tendia a tratar os deportados como culpados que tinham merecido o exílio (atitudes muito comuns em muitas comunidades).

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Enquanto Neemias começa a reconstruir as muralhas juntamente com a dignidade do seu povo de Jerusalém, o seu livro relata-nos um episódio muito importante: “Aconteceu que os homens do povo e as esposas fizeram ouvir um grande clamor contra os seus irmãos judeus. Alguns diziam: «Os nossos filhos, as nossas filhas e nós somos numerosos; precisamos de trigo, para que possamos comer e viver»”. Neemias ficou “muito indignado” com o que ouviu. Depois, dirigiu-se aos chefes e aos magistrados: “Porque cobrais juros dos nossos irmãos?”. Convocou o seu povo e disse-lhes: “O que vós estais a fazer não está certo!... Pois bem, perdoemos o que nos devem. Devolvei-lhes, desde já, os seus campos, as suas vinhas, as suas oliveiras e as suas casas; e restituí-lhes a percentagem da prata, do trigo”. Eles responderam: “Devolveremos tudo e nada mais lhes pediremos”. Então, “toda a assembleia respondeu: «Ámen»; e louvaram o Senhor. E o povo cumpriu a promessa” (5, 1-13). Um maravilhoso ámen económico e financeiro, todo laical e todo espiritual.

Também é muito importante o grito das ‘esposas’ contra os homens da comunidade. Palavras antigas e fortes que nos deveriam fazer refletir muito sobre uma dolorosa constante da história humana. É a mansidão infinita e a paciência heroica das esposas e das mulheres que, durante milénios, sofreram violência pelas guerras desencadeadas pelos homens, e continuam a sofrê-las. Um profundo e vasto sofrimento todo feminino, impotente e inocente, que atravessa os lugares e os tempos, todas as culturas. Um colossal património ético da humanidade, uma dor coletiva milenar, que mereceria, pelo menos, o Nobel da paz, atribuído às mulheres de ontem e de hoje que não só cuidaram da paz e combateram, nas suas casas e nas praças, todas as guerras, mas também foram e são as primeiras a sofrer nos seus corpos e na sua alma as devastações e as atrocidades de todas as guerras. Os homens combatiam e combatem as guerras nos campos de batalha e nas máquinas de morte; as mulheres combatem na sua carne e na dos seus filhos e maridos: um sofrimento duplo, multiplicado, infinito. “Tenho sempre presente o que relatou Teresa Mattei, a mais nova das vinte e uma constituintes: aquando da votação da Constituição, mais especificamente o artigo 11, relativo ao repúdio da guerra, as mulheres, qualquer que fosse a sua filiação partidária, deram as mãos. Ainda hoje me comovo quando leio esta recordação” (Lucia Rossi, Secretária do SPI-CGIL [Ndt - Sindicato dos Pensionistas Italianos]). Uma imagem maravilhosa da grande e tenaz aliança das mulheres pela paz, para expressar, com a linguagem muda do corpo e das mãos, o seu repúdio absoluto da guerra. Aquela esplêndida solidariedade entre mulheres que ainda sobrevive, com dificuldade, amadureceu ao longo dos séculos, durante as guerras, quando aprenderam a conservar a vida e a esperança num mundo de homens que matavam mil vezes com as armas, com os gestos e com as palavras erradas – o primeiro poder é sempre o da linguagem com que se escrevem todos os discursos e se controlam todas as palavras. Este lamento e protagonismo das mulheres revela-nos uma outra dimensão fundadora da cultura jubilar que esquecemos, durante a história da cristandade, relegando as mulheres ao papel de figurantes nos cenários das igrejas, nos cânticos, nos ‘améns’ litúrgicos, nas filas das procissões.

Este ato de Neemias e das mulheres é, portanto, um dos episódios mais bonitos da Bíblia que nos diz, entre outras coisas, que a grande dor de setenta anos de exílio babilónico não fora suficiente para fazer com que a lei mosaica sobre a proibição de empréstimo com juros se tornasse uma cultura difundida entre o povo – como hoje não é suficiente incluir alguma mulher na política para mudar a cultura da guerra. Os pecados económicos continuavam também depois do regresso à pátria (538 a.C.). Mas, do grande trauma do exílio ao longo dos rios de Babilónia, o povo tinha aprendido a importância essencial da cultura sabática e também do perdão das dívidas e da libertação dos escravos. A Bíblia também é a guarda secreta e discreta de poucos gestos diferentes – por vezes, apenas de um – para que nós os possamos transformar em semente.

O sentido pleno deste grande episódio só se abre se o lermos juntamente com o capítulo oito do mesmo livro de Neemias, num dos trechos mais conhecidos e importantes da Bíblia, que tem como protagonista o sacerdote Esdras. É um momento crucial da refundação religiosa e comunitária do povo, de uma rara força lírica. Ei-lo: “Então todo o povo se reuniu, como um só homem, na praça que fica diante da porta das Águas e pediu a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés… O sacerdote Esdras apresentou, pois, a Lei diante da assembleia de homens e mulheres e de todos quantos eram capazes de a compreender… Quando o escriba abriu o livro, todo o povo se levantou. Então, Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: «Ámen! Ámen!»… Pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei” (8, 1-9). Outros ámen, lindíssimos – que bom seria poder repetir um destes ‘ámen’ como a nossa última palavra sobre esta terra!

Este relato não é apenas um ponto de origem (talvez o ponto) da tradição do uso litúrgico e comunitário da Escritura; é também o dom da palavra, da Torá, a todo o povo – a leitura durou muitas horas e todos estavam de pé. Não mais o monopólio dos escribas e dos sacerdotes; aqui a palavra torna-se elemento essencial de um novo pacto social, de uma ressurreição coletiva – a palavra povo é repetida doze vezes. E o exílio tinha terminado de verdade. Existiram outros momentos, na história de Israel, de transmissão da palavra. Mas a Bíblia quis dar-nos este momento diferente, um ato solene apresentado com a mesma força de um testamento, para marcar o início de um tempo novo, que pode ser o nosso tempo.

Há também um pormenor importante: aquela assembleia do povo desenrola-se ‘na praça, diante da porta das Águas’. Este acontecimento litúrgico e espiritual determinante não se realiza, portanto, no templo, a dizer-nos que a Palavra tem prioridade sobre o templo – recorde-se que, em Jerusalém, o templo nunca tinha deixado de funcionar. Então, neste trecho, encontramos uma fundação da verdadeira laicidade bíblica: a palavra pode ser anunciada, talvez deva ser anunciada na praça, nas ruas da cidade onde, depois, continua a caminhar em ‘procissão’ – uma procissão civil que lembra as procissões que se faziam na inauguração dos primeiros Montepios, no século XV. Desde esse dia sabemos que, para proclamar a palavra de Deus, não há lugar mais litúrgico do que uma rua, uma praça, um mercado. Com aquela praça diante da porta da Águas, regressa a primeira pequena tenda que, nas encostas do Sinai, cobria a Arca da Aliança, que continha as tábuas da Torá. Aquela tenda tornou-se, um dia, o grande templo de Salomão mas, no povo, nunca se tinha apagado a saudade daquela primeira tenda móvel, da sua pobreza e liberdade, quando ‘havia apenas uma voz’. E está sempre aqui a raiz da profecia com que termina a Bíblia: na nova Jerusalém, “não se vê nenhum templo” (Ap 21, 22) e ‘a árvore da vida’ encontrava-se “no meio da praça da cidade” (22, 2).

E voltamos à cultura jubilar. A nova fundação comunitária litúrgica, a laicidade da praça que superou a sacralidade do templo, foi preparada pelo pacto económico-social do perdão das dívidas, gerado pelo grito das mulheres do capítulo cinco. Neemias, primeiro, restabeleceu a comunhão e a justiça na ordem das relações sociais, dos bens e das dívidas, e só depois refundou a liturgia e deu a palavra. Uma mensagem de um valor imenso. Neemias realizou a assembleia na praça porque aquela assembleia litúrgica já era assembleia política e social.

As reformas religiosas, litúrgicas, ‘espirituais’ que não sejam precedidas de reformas económicas, financeiras e sociais, não são apenas inúteis: são extremamente prejudiciais porque acabam por dar um crisma sacral às injustiças, às relações sociais erradas e aos abusos.

Também este nosso jubileu não passará em vão se, antes das travessias das portas santas e das indulgências plenárias, formos capazes de novos pactos sociais, de anular qualquer dívida, de libertar, pelo menos, um escravo, de escutar o grito das mulheres e dos pobres. Mas, hoje, não parece que estes atos jubilares estejam na ordem do dia das nossas comunidades.

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Economia da alegria / 3 – A cultura jubilar atravessa a Bíblia em profundidade, como nos dois episódios cruciais do livro de Neemias

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 08/04/2025

A cultura jubilar não deve ser procurada apenas nos textos que regulam expressamente o Jubileu ou o ano sabático. De facto, existem, em diversos livros da Bíblia, passagens que contêm dimensões determinantes para compreender o humanismo do jubileu. Depois da análise do livro de Jeremias, vamos, agora, olhar com mais atenção um capítulo do livro de Neemias, um alto funcionário (copeiro) da corte do rei persa Artaxerxes (465-424 a.C.). Neemias era um hebreu leigo, nascido no exílio, que, como Ester, chegou aos mais altos cargos da corte e, depois, tornou-se governador da Judeia sob a ocupação persa. Neemias, enquanto se encontrava em Susa, veio a saber da condição miserável dos judeus de Jerusalém: “Os sobreviventes do cativeiro estão lá na Província, vivem em grande miséria e numa situação humilhante. As muralhas de Jerusalém estão ainda em ruínas” (Ne 1, 3). Neemias sentiu um chamamento (cap. 2), pediu ao rei para ser enviado a Jerusalém para a reconstruir. De facto, quando parte dos exilados de Babilónia regressou à pátria, a convivência com os hebreus que tinham ficado em Jerusalém não foi fácil. Havia evidentes questões económicas e patrimoniais – as terras dos deportados tinham passado, em parte, para as famílias que ficaram, e, agora, eram reclamadas –; mas havia também questões teológicas e religiosas: quem tinha escapado à deportação tendia a tratar os deportados como culpados que tinham merecido o exílio (atitudes muito comuns em muitas comunidades).

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O Jubileu começa fora do templo, com ações concretas e «na praça»

O Jubileu começa fora do templo, com ações concretas e «na praça»

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Economia da alegria / 2 – O que nos ensina o acontecimento da libertação dos escravos durante o cerco babilónico de Jerusalém

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 25/03/2025

A cultura sabática e jubilar permeia todo o humanismo bíblico. A celebração semanal do shabbat e, depois, do ano sabático, a cada seta anos, e, por fim, do Jubileu, utilizavam o ritmo cíclico para criar uma verdadeira cultura sabática. Também a Igreja, durante séculos, usou o método cíclico da liturgia e das festas para criar uma cultura cristã e a christianitas. Toda a cultura popular nasce do culto – portanto, de ações repetidas, diárias e cíclicas. Vemos isso muito bem com o capitalismo e com os seus muitos cultos de compra, inclusive o último rito de entrar numa loja, pagar 20 euros para receber ‘às cegas’ uma encomenda nunca levantada pelo comprador – antes do aparecimento da religião capitalista, com estas encomendas órfãs teríamos feito uma rifa para fins de caridade. Por esta razão, na história bíblica, os gestos sabáticos não seguiam apenas o ritmo dos sete anos. Podiam fazer-se também fora do ano sabático ou do jubileu, como sabemos, entre outras coisas, por um importante episódio narrado pelo profeta Jeremias – os profetas são essenciais para compreender a cultura jubilar bíblica.

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Estamos em Jerusalém que, há algum tempo, está cercada por Nabucodonosor e pelo seu exército babilónico, um cerco que levará à destruição da cidade em 587 a. C. (ou 586) e, depois, ao exílio. O reino de Judá já tinha perdido a autonomia. Dez anos antes, no tempo da primeira deportação, Nabucodonosor tinha deportado o então rei Joaquim e tinha colocado no seu lugar Sedecias, o último rei do reino de Judá, um rei que “fez o mal aos olhos do Senhor” (2Rs 24, 19). Este rei, pequeno e débil, durante os longos meses do cerco de Jerusalém realiza um gesto importante: “Palavra que foi dirigida por YHWH a Jeremias, depois que o rei Sedecias fez um pacto com o povo de Jerusalém, para proclamar a liberdade, a fim de cada um libertar o seu escravo ou escrava hebreus, para que nenhum judeu fosse escravo do seu irmão. Todos os chefes e todo o povo aceitaram este acordo para conceder a liberdade aos seus escravos e escravas e a não mais exercer domínio sobre eles” (Jr 34, 8-10). Estamos perante um provável facto histórico. Sedecias – talvez como seu último recurso político-religioso para esconjurar a derrota total e a conselho de Jeremias – realiza com o povo um pacto, um gesto que se assemelha muito ao ano sabático. Repete – parece – até o rito da aliança de Abraão, com a passagem dos contraentes entre as duas partes do vitelo dividido (34, 17-21). Este gesto jubilar dizia respeito, em particular, à libertação dos escravos. Naquele tempo, um hebreu tornava-se escravo de um outro hebreu por dívidas. Eram escravos económicos. A Lei recebida de Moisés estipulava que a escravidão económica não podia durar mais que seis anos (o mais antigo código de Hamurabi previa, no máximo, três anos; § 117). Naquela cultura, a escravidão não podia ser para sempre, um fracasso no plano económico não se devia tornar uma condenação vitalícia, uma prisão perpétua civil; a economia não era a última palavra sobre a vida. Os escravos não se libertam, as dívidas não se apagam se, entre nós, não há um pacto mais profundo do que os contratos. Milénios depois da lei bíblica, escrevemos constituições e códigos que, em certos aspetos, são mais humanos e éticos do que a Lei-Torá (graças também à semente bíblica que se tornou árvore), mas ainda não fomos capazes de imaginar um tempo diferente de libertação dos muitos escravos e das muitas dívidas dos infelizes, porque anulámos qualquer pacto que fosse mais profundo do que os contratos.

Jeremias sabia que a lei sabática não fora respeitada nos tempos passados: “Isto diz o Senhor, Deus de Israel: No dia em que fiz sair os vossos pais da terra do Egipto, da casa da escravidão, estabeleci com eles uma aliança, dizendo-lhes: «Ao fim de sete anos, cada um libertará o seu irmão hebreu que lhe tiver sido vendido. Servir-te-á durante seis anos, e depois conceder-lhe-ás a liberdade». Porém, os vossos pais não me ouviram nem prestaram atenção” (34, 13-14). Os pais não tinham vivido a cultura sabática. Jeremias interrogava-se, portanto, se agora as coisas correriam de modo diferente.

Pelo relato, ficamos a saber que o povo obedeceu e, assim, os escravos foram efetivamente libertados: “Todos os chefes e todo o povo aceitaram este acordo para conceder a liberdade aos seus escravos e escravas e a não mais exercer domínio sobre eles” (34, 10). Tudo parece caminhar para uma verdadeira conversão; os escravos são realmente libertados, depois de muitos fracassos passados. Perante a maior tragédia iminente, o pacto de libertação de Sedecias parece ter finalmente sucesso.

Mas eis que se dá uma reviravolta: aqueles libertadores “retomaram os seus escravos e escravas, que tinham libertado, reduzindo-os de novo ao estado de escravidão” (34, 11). Estamos perante um anti arrependimento, uma conversão perversa que anula a primeira conversão boa. O povo muda de ideia e restabelece a condição originária iníqua. Não sabemos das razões deste arrependimento ao contrário, mas, provavelmente, a sua causa principal foi um alívio temporário do cerco de Nabucodonosor (34, 22). Uma retirada tática temporária produz uma nova onda de ideologia nacionalista por parte dos falsos profetas que sempre tinham combatido Jeremias. De facto, no verão de 587, Nabucodonosor suspende o cerco de Jerusalém. Os falsos profetas, sempre à procura de apoios para continuar a iludir o povo em seu proveito, usaram aquele episódio temporário para convencer o rei que, também desta vez (como nos tempos do profeta Isaías e a derrota dos Assírios), Deus estava a intervir, estava a chegar o milagre: David tinha novamente derrotado Golias. Portanto, foi suficiente a atenuação do grande medo para violar aquele pacto de libertação, para negar a aliança. Os escravos foram libertados por um instante, o sonho desapareceu, voltaram à casa da escravidão.

Em todo o pacto, o elemento crucial é o tempo. O pacto é um bem duradouro. Podemos e devemos dizer, no dia do casamento, ‘para sempre’ com toda a sinceridade e verdade de que somos capazes; podemos arrepender-nos verdadeiramente e prometer mudar de vida, dizê-lo a nós mesmos e uns aos outros. Mas só Deus e os seus profetas verdadeiros podem mudar a realidade das coisas dizendo-as. Não chega dizermos as palavras para criar uma nova realidade: aquela palavra deve tornar-se carne – individual e coletiva – e, por isso, precisa de tempo. Também Maria precisou de nove meses. Hoje, não podemos saber o grau de verdade das palavras que, sinceramente, agora pronunciamos – esta ignorância sobre o êxito das nossas conversões sinceras é parte do repertório moral do homo sapiens, mesmo dos melhores. Talvez só no fim, no abraço do anjo da morte, descobriremos a verdade-carne das palavras bonitas que, sinceramente, dissemos ao longo da nossa vida.

Mas os arrependimentos perversos mais graves e terríveis são os coletivos. Quando uma comunidade ou uma geração inteira renega as palavras e os gestos que os seus profetas tinham dito e feito nalguns momentos luminosos da história. Reerguemos os muros que, num belo dia, tínhamos derrubado; fechamos fronteiras que, num dia esplêndido, tínhamos aberto; deixamos morrer as crianças com a bonita frase cosida na camisola (não esqueçamos) num mare nostrum que se tornou mare monstrum. E, depois, basta um fictício ‘alívio do cerco’ para que os profetas falsos nos convençam de que não há nenhuma crise climática a sério, que estamos inocentes, que os culpados são os glaciares e os rios. E bastou um pequeno movimento dos interesses recíprocos na geopolítica para apagar palavras mais altas, pronunciadas depois das grandes feridas coletivas, esculpidas nas lápides das nossas praças, nos cemitérios, nas nossas constituições. E voltamos às cabines com os quadrantes da morte, seguimos os flautistas mágicos que nos convencem a fazer a guerra, citando os profetas verdadeiros de ontem. Voltamos às ruas e andamos à procura dos escravos, prendemo-los nas galés feitas de ideologias meritocráticas e lideranças autocráticas, condenamo-los porque são culpados da sua pobreza e desventura. Caim vence novamente Abel, o fratricídio da fraternidade, Jezabel elimina novamente Nabot, Urias é novamente morto por David, o Gólgota vence o sepulcro vazio.

Os falsos profetas fizeram de tudo, durante anos, para negar a grande crise e o fim do reino, convenceram (quase) todos que o verdadeiro inimigo não era Nabucodonosor, mas Jeremias que queria enganar o povo com as suas teses conspiratórias e derrotistas. Citavam Isaías para refutar Jeremias, como nós citamos De Gasperi para nos rearmarmos, até usamos a ‘espada’ do evangelho para justificar as nossas espadas. Construímos novas Fortalezas Bastiani [ndt - do romance O deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati (1940)], para lá enviamos novos Giovanni Drogo para a defender dos inimigos imaginários, para talvez descobrir, no fim, que o verdadeiro inimigo a combater era apenas o medo de morrer da nossa civilização moribunda.

A Bíblia e a história humana são marcadas por uma profunda luta entre profetas verdadeiros e profetas falsos. Com uma constante: o poder escuta (quase) sempre os falsos profetas. E, assim, mesmo que alguma vez durante grandes medos e dores coletivas (guerras, ditaduras, tragédias, pandemias…) conseguimos acreditar nos profetas verdadeiros e nos convertemos, algumas semanas ou meses depois, os falsos profetas vencem novamente. E voltamos de novo para as ruas à caça dos escravos que tínhamos libertado num dia melhor.

Voltai, profetas verdadeiros, voltai agora; a cidade está prestes a ser novamente destruída.

Dedicado a Papa Francisco.

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Economia da alegria / 2 – O que nos ensina o acontecimento da libertação dos escravos durante o cerco babilónico de Jerusalém

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 25/03/2025

A cultura sabática e jubilar permeia todo o humanismo bíblico. A celebração semanal do shabbat e, depois, do ano sabático, a cada seta anos, e, por fim, do Jubileu, utilizavam o ritmo cíclico para criar uma verdadeira cultura sabática. Também a Igreja, durante séculos, usou o método cíclico da liturgia e das festas para criar uma cultura cristã e a christianitas. Toda a cultura popular nasce do culto – portanto, de ações repetidas, diárias e cíclicas. Vemos isso muito bem com o capitalismo e com os seus muitos cultos de compra, inclusive o último rito de entrar numa loja, pagar 20 euros para receber ‘às cegas’ uma encomenda nunca levantada pelo comprador – antes do aparecimento da religião capitalista, com estas encomendas órfãs teríamos feito uma rifa para fins de caridade. Por esta razão, na história bíblica, os gestos sabáticos não seguiam apenas o ritmo dos sete anos. Podiam fazer-se também fora do ano sabático ou do jubileu, como sabemos, entre outras coisas, por um importante episódio narrado pelo profeta Jeremias – os profetas são essenciais para compreender a cultura jubilar bíblica.

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Paz e liberdade em risco para quem segue os falsos profetas

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Economia da alegria / 2 – O que nos ensina o acontecimento da libertação dos escravos durante o cerco babilónico de Jerusalém por Luigino Bruni Original italiano publicado em Avvenire em 25/03/2025 A cultura sabática e jubilar permeia todo o humanismo bíblico. A celebração semanal do shabbat e, d...
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Economia da alegria / 1 – As fontes hebraicas iniciam a viagem sobre o significado de um acontecimento com potencial revolucionário: porque não somos os “donos” de nada

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 11/03/2025

 O jubileu bíblico era, sobretudo, um assunto económico e social. O anúncio de um ano diferente, extraordinário, quando se libertavam os escravos, se restituía a terra aos proprietários originais, se perdoavam as dívidas. A palavra jubileu provém da palavra hebraica Jôbel, o som do corno de carneiro com que se iniciavam algumas grandes festas. Mas talvez haja também um eco de uma outra palavra hebraica, jabal, que significa ‘restituir, mandar embora’ que realça as dimensões sociais e económicas. O jubileu era, de facto, um ano sabático ao quadrado, que acontecia em cada sete anos sabáticos; portanto, em cada 49 anos, arredondados para 50.

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Para compreender o jubileu cristão, é preciso olhar para o jubileu bíblico e, para compreender isto, é preciso partir do ano sabático e, por isso, do shabbat, do sábado. A referência bíblica fundamental é o capítulo 25 do Levítico. Ali encontramos os três pilares do Jubileu: a terra, as dívidas, os escravos. No Jubileu, deviam-se realizar, com maior radicalidade, os gestos de fraternidade humana (dívidas e escravos) e cósmica (terra e plantas) que se celebram em cada sete anos, no ano sabático. Nesse ano especial, a terra deve repousar. Além disso, se um pedaço de terra é alienado por uma família, por necessidade, cada um volta à propriedade anterior: “Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a liberdade de todos os que a habitam. Este ano será para vós um Jubileu; cada um de vós voltará à sua propriedade, e à sua família. … Não semeareis, não colhereis do que cresce espontaneamente, nem vindimareis as vinhas que não foram podadas… e comereis o produto dos campos” (Lv 25, 10-12). Depois, as dívidas: “Se um dos teus irmãos empobrecer e não satisfizer as suas obrigações para contigo, protegê-lo-ás, mesmo que seja um estrangeiro ou um inquilino, e deixa-o viver contigo. Não receberás dele juros nem lucro algum... Não lhe emprestes o teu dinheiro com juros, nem lhe dês os teus mantimentos para disso tirar proveito” (Lv 25, 35-37). Nas normas sobre o Jubileu não se fala explicitamente do perdão ou cancelamento das dívidas porque, sendo o jubileu um ano sabático, dá-se por garantido o que já se devia fazer a cada sete anos: “De sete em sete anos, cumprirás a lei do perdão das dívidas. Eis a explicação deste perdão: nenhum credor poderá exigir o empréstimo que tiver feito ao seu próximo” (Dt 15, 1-2). Por fim, os escravos: “Se o teu irmão empobrecer, junto de ti, e se se vender a ti … servir-te-á em tua casa até ao ano do Jubileu. Então, sairá da tua casa, assim como os seus filhos; voltará para a sua família e recobrará os bens dos seus pais… Ficará livre no ano do Jubileu, tanto ele como os seus filhos” (Lv 25, 39-41.54). E, no livro do Deuteronómio temos pormenores importantes: “Quando um dos teus irmãos hebreus, homem ou mulher, te for vendido, servir-te-á seis anos; mas no sétimo ano terás de o deixar sair da tua casa, restituindo-lhe a liberdade. E quando libertares do serviço esse escravo, não o despedirás de mãos vazias, mas dar-lhe-ás um presente do teu gado miúdo, do teu celeiro e do teu lagar” (15, 12-14). Não será apenas libertado o escravo, mas a libertação será acompanhada pelo excedente do presente. Não se deve permanecer devedores para sempre, não se é escravos para sempre: só por seis tempos, não no sétimo.

O ano sabático segue a mesma lógica do shabbat (sábado), esta maravilhosa instituição do Antigo Testamento, sem a qual não se capta o humanismo bíblico. O shabbat é o ícone máximo do princípio muito querido ao Papa Francisco: o tempo é superior ao espaço, porque colocando uma marca de gratuidade num dia da semana, subtraiu o tempo do domínio absoluto e predatório dos homens: «para que descansem o teu boi e o teu jumento, e tomem fôlego o filho da tua serva e o estrangeiro residente» (Ex 23, 11-12). Se, num dia, não podes desfrutar dos teus animais, da tua terra, do trabalhador dependente, do estrangeiro, de ti próprio, então tu, homo sapiens, não és o dominus do mundo. És apenas um seu habitante, como todos os outros; tens mais poder, mas não és o dono da terra, do trabalho, dos animais, das árvores, dos oceanos, da atmosfera. Porque a terra é sempre terra prometida nunca alcançada, porque todo o bem é um bem comum. E também o é aquele pedaço de terra da nossa casa; são também os bens que, legitimamente, comprámos no mercado; é também a nossa conta bancária. Antes da propriedade privada no mundo, existe a lei da gratuidade, mais profunda e geral que diz respeito a tudo e a todos, profecia radical de fraternidade humana e cósmica. A terra não é ‘a coisa’ de Mazzarò (G. Verga), os trabalhadores não são escravos nem servos, os animais não são valiosos apenas em relação a nós: antes de mais, cada coisa vale em relação a si própria. Porque, para a Bíblia, toda a propriedade é imperfeita, todo o domínio é segundo, todo o contrato é incompleto, nenhum homem é verdadeiramente e só estrangeiro, a fraternidade vem antes das dívidas e dos créditos e muda-lhes a natureza.

Portanto, o shabbat é o penhor de um outro tempo, do ‘sétimo tempo’ de Gioacchino da Fiore e dos franciscanos, de um tempo messiânico, quando tudo e todos formos apenas e sempre shabbat. É, portanto, a distância entre a lei do ano sabático e a dos outros seis o primeiro indicador do capital ético e espiritual de uma civilização, de toda a civilização. É a distância entre o cidadão e o estrangeiro, entre os nossos direitos e os de cada criatura, entre a terra que uso hoje e a que deixo aos filhos, que mostram a qualidade moral da sociedade humana. Pelo contrário, quando nos esquecemos que existe um dia diferente e livre que não está sob nosso controlo, a terra já não respira, os animais e as plantas apenas valem se postos a render, os estrangeiros nunca se tornam pessoas de casa, as hierarquias tornam-se impiedosas, os líderes nunca são follower, o trabalho nunca é irmão trabalho, mas apenas escravo ou dono.

Jesus tinha bem presente o Jubileu, como nos recorda Lucas, que mostra Jesus, acabado de regressar a Nazaré, que, na sinagoga, lê o capítulo de Isaías referente justamente ao ano jubilar: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor” (Lc 4, 18-19). Um ‘ano favorável da parte do Senhor’ (aphesis), isto é, um ano de libertação: um ano jubilar. Jesus criticava um shabbat que estava a perder profecia para nos dizer que o Reino dos céus é um shabbat perene, um sétimo tempo que torna todo o tempo novo. O que o Deuteronómio atribui ao ano sabático – “não deve haver pobres entre vós” (Dt 15, 4) – tornar-se-á regra de vida normal na nova comunidade do Reino: “Entre eles não havia ninguém necessitado” (At 4, 34).

É provável que o povo de Israel não tenha celebrado o ano jubilar ao longo da sua história; dizem isso também as repetidas denúncias dos profetas pelos escravos não libertados, as dívidas não perdoadas e as terras não restituídas. Nem sequer os cristãos conseguiram fazer da comunhão de bens a sua economia normal, não entraram na economia sabática do Reino.

Se o Ocidente tivesse levado a sério a cultura do jubileu, não teríamos gerado o capitalismo ou este seria muito diferente. O nosso capitalismo tornou-se, de facto, o anti-sahbbat, a sua negação, o seu anticristo, a sua profecia em sentido inverso: “O capitalismo é a celebração de um ‘culto sem trégua e sem piedade’. Não existem ‘dias úteis’; não há dia que não seja feriado, no sentido assustador do desdobramento de toda a pompa sagrada, do esforço supremo do devoto” (W. Benjamin, O capitalismo como religião, 1921). Não conhece descanso, nunca se tira o jugo do trabalho; nenhuma hora, nenhum dia, nenhum tempo é diferente dos outros, a terra é apenas um recurso a explorar; se se tornarem terras raras, melhor.

A presença do ano jubilar é, na Bíblia, o seu principal dispositivo anti idolátrico. Uma civilização que consome todo o tempo como mercadoria é tecnicamente idolátrica porque, tornando-se dona de todos os dias e de todos os tempos, faz de si mesma o único deus a venerar. O capitalismo é idolatria porque assinalou a morte definitiva do sétimo tempo, devorou o sahbbat e o domingo, transformando-os no fim de semana, que é a apoteose do consumismo.

O ano jubilar já começou há alguns meses. Porém, para poucos de nós começou um tempo diferente. Não estamos a deixar a terra respirar, não estamos a libertar nenhum devedor e nenhum escravo. Nestas semanas faremos, com esta nova série de artigos, uma peregrinação através do espírito do jubileu, na sua economia da alegria.

Talvez o povo de Israel tenha escrito as normas do ano jubilar para fazer memória da grande libertação do exílio de Babilónia; portanto, o regresso dos escravos a casa e a restituição da terra. O enorme trauma do exílio babilónico torna-se um ano jubilar forçado que, finalmente, Israel foi obrigado a viver depois de o ter esquecido durante muito tempo: “Nabucodonosor levou cativos para a Babilónia todos os que escaparam à espada… Até que o país desfrute dos seus anos sabáticos” (2 Cr 36, 20-21). Foi no exílio que o povo aprendeu o jubileu. Seremos nós obrigados a aprender uma outra economia da terra e das relações sociais com este exílio ecológico e com as novas guerras?

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Economia da alegria / 1 – As fontes hebraicas iniciam a viagem sobre o significado de um acontecimento com potencial revolucionário: porque não somos os “donos” de nada

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 11/03/2025

 O jubileu bíblico era, sobretudo, um assunto económico e social. O anúncio de um ano diferente, extraordinário, quando se libertavam os escravos, se restituía a terra aos proprietários originais, se perdoavam as dívidas. A palavra jubileu provém da palavra hebraica Jôbel, o som do corno de carneiro com que se iniciavam algumas grandes festas. Mas talvez haja também um eco de uma outra palavra hebraica, jabal, que significa ‘restituir, mandar embora’ que realça as dimensões sociais e económicas. O jubileu era, de facto, um ano sabático ao quadrado, que acontecia em cada sete anos sabáticos; portanto, em cada 49 anos, arredondados para 50.

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O Jubileu, “tempo sabático” para deixar a nossa vida respirar

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