stdClass Object ( [id] => 17603 [title] => Temperança (para além da escassez) [alias] => temperanca-para-alem-da-escassez [introtext] =>Comentários - As virtudes a serem redescobertas e vividas
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 11/08/2013
A temperança é uma palavra que está saindo do nosso vocabulário civil. Do econômico já saiu há muito tempo, para deixar espaço ao seu contrário. Nós a usamos agora para o clima, para as escalas musicais ou para o cravo de Bach, que são também coisas importantes, mas que não estão no centro da nossa vida civil nem do pacto social. Com a temperança está todo o léxico da ética das virtudes que tende a desaparecer da gramática da vida em comum; e as consequências políticas, civis e econômicas deste eclipse estão já tristemente à vista de todos.
[fulltext] =>A nossa civilização (pelo menos a ocidental) corre o risco de deixar de compreender a mensagem de vida boa contida na ética das virtudes, e isso depende de diversos motivos, de dois especialmente.
O primeiro é o desaparecimento do conceito de educação do caráter, a começar pela educação das nossas crianças: o que é natural e espontâneo torna-se automaticamente bom, sem necessidade de corrigir e orientar comportamentos ou inclinações espontâneas, e que no entanto não são boas. Conheço pais que em nome de não especificadas teorias pedagógicas neo-rousseaunianas deixam tranquilamente que os filhos não os chamem mamãe ou papai, mas sim Luísa e Marcos. "É assim que lhes sai", argumentam perante a minha perplexidade, "para quê forçá-los?!". A ética da virtude, pelo contrário, vive de uma tensão dinâmica entre natureza (todos somos capazes de virtude) e cultura (que precisa de exercício, disciplina e vontade para que nos tornemos naquilo que somos já potencialmente). Por isso grandes praticantes da ética das virtudes – muitas vezes sem sequer se darem conta – são os verdadeiros atletas e cientistas. O segundo motivo é o não ser capaz de reconhecer um valor na experiência do limite. Quando não se consegue ver o positivo do limite é impossível compreender e apreciar as virtudes, de modo especial a temperança, que consiste precisamente em dar valor ao limite que, ao mesmo tempo que restringe o horizonte de visão (como a “sebe da colina do Infinito” de Leopardi), abre «intermináveis espaços que estão para além dela». É possível que a escrita em tabuinhas de argila na Mesopotâmia tenha nascido porque um certo mensageiro do senhor de Uruk era mudo.
De temperança já nem se fala mais, massão muitos, muitíssimos, os maus frutos da sua falta: da destruição do ambiente, ao estilo de vida dos novos ricos e poderosos; de como se fala, escreve e-mail, até às tragédias familiares e infelicidades incontáveis, causadas muitas vezes por homens e mulheres não mais educados ao domínio de si e ao controle das suas paixões, isto é, à temperança.
A temperança foi também uma grande virtude econômica das gerações passadas. Ela orientou o consumo e, sobretudo, deu origem à poupança que permitiu o desenvolvimento econômico do segundo pós-guerra. Uma virtude que permeava também a vida dos empresários que, embora sabendo o que é a abundância, educavam os filhos e viviam eles mesmos o bom uso das coisas e uma certa sobriedade que não humilhava os pobres. Isso não se aplica àqueles que vivem de rendimentos – que nunca me cansarei de distinguir dos empresários – cuja proliferação considero ser a primeira doença de toda a sociedade decadente. A virtude da temperança leva a não consumir hoje uma parte do rendimento para poder dispor dele amanhã – eu e a minha família – e para permitir que outros cidadãos possam usar para investimentos a riqueza disponibilizada pela minha abstinência. É significativo que a teoria econômica clássica utilizasse, para designar a poupança, a mesma palavra "abstinência", normalmente usada para o jejum e para a castidade, recordando assim que estes três fenômenos eram todos filhos da Senhora temperança.
A nossa cultura econômica que se baseia no maior consumo possível aqui e agora – e melhor ainda se for a crédito - tem, pelo contrário, necessidade do vício da intemperança (uma mistura de avareza e gula) para poder se auto-alimentar. A natureza da virtude da temperança compreende-se se pensarmos que ela se desenvolveu num mundo caracterizado pela escassez absoluta de recursos. É bom não abusar dos bens, pois aquilo que eu consumo como supérfluo é o que falta ao outro como necessário. Todo o ensinamento dos Padres da Igreja sobre o uso dos bens e sobre a pobreza deve ser lido e compreendido neste contexto de recursos limitados e de relacionamentos econômicos como "jogos de soma zero". Assim como deverá ser inserida neste horizonte de escassez a ética campesina centrada na virtude da temperança, incluindo aquele seu típico florescimento que foi o movimento das caixas rurais, sobretudo no nordeste italiano (não é certamente por acaso que a província Trentino - Alto Adige está hoje no último lugar na Itália, no que diz respeito à percentagem da população vítima da grave falta de temperança, que é o jogo de azar!).
No século XX, com a segunda revolução industrial, pensamos que tivesse terminado a era da escassez e que tínhamos chegado ao éden da infinita capacidade de reprodução de bens; E começamos a olhar o mundo como um lugar de recursos potencialmente ilimitados. Daqui o declínio da temperança como virtude. Pena que esta fase de recursos sem limites tenha durado pouco mais que um instante, porque, primeiro o ambiente, depois as energias e a água, e com eles a deterioração de capitais civis, relacionais e espirituais foram nos mostrando em seguida outros limites não menos estreitos e graves que os da época da escassez de mercadorias privadas e de abundância de capitais coletivos. Hoje os novos limites são, sobretudo, sociais e globais e, para com eles conviver, seria necessária uma imediata redescoberta da temperança, que deveria ser proposta como nova virtude social e econômica.
Não pode ser adiada por mais tempo a interiorização do valor do limite, e isso apenas poderá ser feito por uma nova ética das virtudes, uma vez que toda a interiorização requer o saber atribuir um valor intrínseco às coisas, acima do cálculo utilitário de custo benefício, hoje dominante em todos os âmbitos da nossa cultura. Mas enquanto ontem existia uma relação clara entre a minha temperança e o meu bem-estar pessoal e o nosso bem comum, hoje na era da complexidade este nexo ofuscou-se. Já não é imediato associar o uso do ar condicionado na minha casa ao aumento da temperatura nas cidades (e ao consequente aumento do uso de ar condicionado, em espirais que projetam carregados cenários para o futuro). A racionalidade econômica por si só não ajuda a esta tomada de consciência (pelo contrário); seria necessário o registro lógico da virtude que nos leva a praticar uma ação por termos interiorizado o seu valor intrínseco. Por isso, se não des-mercantilizarmos a sociedade, isto é, se não libertarmos importantes áreas da vida civil, hoje ocupadas e colonizadas pela lógica do preço e do incentivo, cada vez menos entenderemos o valor da sobriedade, da abstinência, do controle de si mesmo, e cada vez menos as crianças entenderão isso.
Concluindo, ontem como hoje, sem temperança não há partilha de bens, não existe a alegria da comunhão. Se não nos educarmos continuamente a delimitar as fronteiras do eu, partilharemos com os outros apenas as migalhas de refeições exageradas; Mas assim não experimentaremos a verdadeira fraternidade, que é fruto de escolhas difíceis de quem sabe limitar razões e âmbitos do "eu", para edificar as do "nosso", e as de todos.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - As virtudes a serem redescobertas e vividas
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 11/08/2013
A temperança é uma palavra que está saindo do nosso vocabulário civil. Do econômico já saiu há muito tempo, para deixar espaço ao seu contrário. Nós a usamos agora para o clima, para as escalas musicais ou para o cravo de Bach, que são também coisas importantes, mas que não estão no centro da nossa vida civil nem do pacto social. Com a temperança está todo o léxico da ética das virtudes que tende a desaparecer da gramática da vida em comum; e as consequências políticas, civis e econômicas deste eclipse estão já tristemente à vista de todos.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 04/08/2013
Um dos paradoxos centrais do nosso sistema econômico-social é a pacífica convivência entre a recusa radical de patrões e controles na esfera política e a aceitação igualmente radical de outros patrões e controles nas empresas e organizações. Fizeram-se e fazem-se revoluções e lutas contra tiranos e ditadores, mas logo que se deixa a praça e se atravessam os portões da empresa, pendura-se no cabide o traje do cidadão democrático e veste-se docilmente a farda do súdito regulamentado e controlado.
[fulltext] =>Este paradoxo depende, em boa parte, de equívocos em torno do termo incentivo, que está se transformando no principal instrumento do culto capitalista, uma palavra mágica que muita gente invoca (e a todos os níveis), a ponto de se poder falar de uma verdadeira "ideologia do incentivo" que está invadindo a nossa vida.
Incentivo, na realidade, é uma palavra antiga. Durante a Idade Média o incentivus (de incinere, cantare e incantare) era o instrumento de sopro – flauta, geralmente – com cuja nota se afinavam instrumentos e vozes de coro. A flauta é também o instrumento do encantador de serpentes que, hipnotizadas pelo som suave, docilmente o seguem para onde ele as conduz. O uso do incentivus estendeu-se depois também à trompa que incitava e ritmava a marcha dos soldados na batalha. O incentivo é, portanto, aquilo que impele, torna solícitos, empurra para ações arrojadas, que nos encanta com a sua música enos faz ir para onde o tocador quer que vamos. O incentivo apresenta-se como um contrato livre, e é por isso fascinante. A empresa capitalista propõe-nos um esquema retributivo (de recompensa) ou de carreira, e os trabalhadores aceitam-no "livremente". O objetivo, como diz a antiga raiz do termo, é afinar os vários membros da empresa, fazer com que o comportamento do empregado se alinhe com o objetivo dos proprietários da empresa; faltando este acordo, objetivos e práticas seriam naturalmente divergentes, discordantes e desafinados.
Para compreender a natureza da ideologia do incentivo é preciso olhar, no entanto, para a sua história, que não tem origem na tradição da ciência econômica, mas nasce no interior das teorias científicas de gestão. Estas se desenvolveram nos USA a partir dos anos Vinte, entre as duas guerras mundiais, no tempo de fascismos, totalitarismos e coletivismos, portanto. Uma fase de pessimismo civil e antropológico que, como no tempo de Maquiavel e Hobbes, gerou uma teoria baseada numa ideia pessimista e parcimoniosa da natureza humana. No início a lógica do incentivo foi introduzida no meio de fortes polêmicas e discussões éticas, que cedo, porém, se calaram. Durante a guerra fria o controle das pessoas através do incentivo aparece, de fato, como uma forma de vacina contra uma doença que se apresentava muito mais grave. Controle e planejamento dentro das organizações foram a pequena dose de veneno ingerida como proteção contra o possível vírus mortal do planejamento e do controle totais do sistema não liberal que se estava afirmando no outro lado do mundo. Assim, as renúncias à liberdade e à igualdade dentro das empresas pareceram um mal necessário para manter de pé o sistema capitalista e a democracia. Defendeu-se a democracia política sacrificando a econômica. Liberdade no social e planejamento na empresa. Hoje os sistemas coletivistas pertencem à história e, no entanto, aquela vacina continua a ser injetada nos nossos corpos e a atuar muito além do âmbito da grande empresa industrial para a qual tinha sido inicialmente pensada.
O principal, grande e nocivo efeito colateral da ideologia do incentivo é criar uma trama de relações humanas na qual nada mais existe que tenha valor intrínseco; nada que tenha valor antes do cálculo dos custos-benefícios. Há depois um segundo elemento crucial, chamado poder. A adaptação realizada pelo incentivo não é recíproca. A parte poderosa fixa os objetivos e desenha o esquema de incentivo; à parte débil é pedido que simplesmente se adapte através do canto mágico do encantador. Isto é, o incentivo é oferecido por quem tem poder a quem poder não tem, para controlar ações, motivações, liberdade. A natureza do incentivo é permitir a gestão unilateral do poder, não a reciprocidade entre iguais; e a sua função é o controle, não a liberdade. O sindicato, por exemplo, não pode compreender muitas razões da sua atual crise nem reencontrar a sua vocação se não fizer a leitura do mundo do trabalho no interior desta nova ideologia.
Por fim, a cultura do incentivo reduz a complexidade antropológica e espiritual da pessoa. A grande cultura clássica sabia que as motivações humanas são muitas e não se podem reduzir a um único metro, muito menos o monetário. E sabia também que usar o dinheiro para motivar as pessoas, com o tempo, tende inevitavelmente a reduzir as motivações intrínsecas e, portanto, a empobrecer muito as organizações, a sociedade e as pessoas, que têm valor infinito, até porque sabemos encontrar outras formas de valor nas coisas e em nós mesmos. Para sintonizar bem as pessoas dentro das organizações e torná-las con-cordes, seriam necessários muitos outros instrumentos, entre os quais, com certeza a flauta do incentivo, mas apenas se acordada com o violino da estima, o oboé da philia, a viola do reconhecimento. Porque se houver apenas um instrumento a tocar, os locais de trabalho perdem biodiversidade, criatividade, gratuidade, superabundância e liberdade, e acaba-se por obter das pessoas notas menos vibrantes e melodias pouco originais e tristes.
Sabemos bem como na vida quotidiana das famílias e da sociedade civil é necessária a multidimensionalidade dos incentivos e dos, ainda mais importantes, prêmios (que, ao contrário dos incentivos, reconhecem a virtude, não a criam artificialmente nem a controlam). Mas cometemos o erro de pensar que nas empresas os outros valores não contam, por serem muito altos para serem desperdiçados no vulgar mundo da economia. Se assim fosse, não seria possível explicar a história e o presente de tanta economia cooperativa, social e civil, nem a ação dos muitos empresários e trabalhadores na Itália e por essa Europa que, filhos e filhas de uma diferente cultura econômica, espiritual e civil, durante estes anos se têm aguentado, reagindo por instinto à lógica dos incentivos e que resistem ainda a consultores, bancos, instituições, que os leem com os óculos da ideologia do incentivo, e com ela presumem curá-los.
Ao longo da vida, todos nós fizemos escolhas, desde as pequenas e ordinárias às decisivas, indo para além e contra a lógica do incentivo, preferindo o menos de dinheiro e de carreira ao mais, expresso em outros valores. E fizemo-lo - e muitos continuamos a fazê-lo - não por heroicidade, mas por dignidade; e por fidelidade àquela parte que habita no íntimo de cada um de nós e que não está à venda. Nas páginas da vida de cada pessoa e de cada organização há muitas palavras escritas com tinta simpática, que a fria lógica do incentivo não vê, porque lhe falta o calor dos outros registros relacionais. Mas se estas frases permanecerem invisíveis, não seremos capazes de descrever o que verdadeiramente está a acontecer no mundo do trabalho, nem muito menos de melhorá-lo.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Virtudes em que, no mundo da economia, não é luxo investir
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 04/08/2013
Um dos paradoxos centrais do nosso sistema econômico-social é a pacífica convivência entre a recusa radical de patrões e controles na esfera política e a aceitação igualmente radical de outros patrões e controles nas empresas e organizações. Fizeram-se e fazem-se revoluções e lutas contra tiranos e ditadores, mas logo que se deixa a praça e se atravessam os portões da empresa, pendura-se no cabide o traje do cidadão democrático e veste-se docilmente a farda do súdito regulamentado e controlado.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 28/07/2013
Porque cada vez mais as pessoas correm em parques, a pedalam pelas estradas, fazem ginástica dançando alegremente em grupo, na praia? Por diversas boas razões, mas certo é que o nosso corpo não entendeu ainda que o mundo mudou – pelo menos em muitos lugares da terra – e continua a apresentar-nos como agradáveis os alimentos gordos e calóricos e, como menos atrativos, os alimentos magros e as saladas. E facilmente se compreende isso, se pensarmos que durante uma centena de milhares de anos (para nos limitarmos ao jovem homo sapiens) vivemos num ambiente pobre de calorias, essenciais para caçar, aquecer-se, fugir dos predadores, sobreviver.
[fulltext] =>Os tempos de mudança do organismo humano são muito mais longos que as transformações sociais e culturais. E assim, se hoje quisermos viver bem, precisamos corrigir os sinais naturais do corpo com atividades que consumam as calorias que ingerimos em excesso, alterando artificialmente hábitos alimentares, submetendo-nos a dietas de anos e anos que absorvem já muitos recursos individuais e sociais.
Também o nosso corpo econômico-social come e bebe coisas demais que lhe fazem mal, muitas gorduras e açúcares e pouquíssimas verduras, mas não começou ainda a correr nem a fazer dieta. Os nossos pais e avós foram os últimos herdeiros de um mundo caracterizado pela escassez absoluta, no qual era constante a ameaça de carestias e fome. Por isso, quando naquela cultura se representava o bem-estar, os seus símbolos eram a abundância, a gordura e, sobretudo a maior quantidade de coisas, em número e tamanho, para uso pessoal (casa, automóvel...) e para as comunidades (desde os sinos aos arranha-céus).
A arte, até mesmo a arte sacra, representava as pessoas ricas ou santas com excesso de peso. As canções, a religião, o trabalho, os mitos eram expressão de um "já" de escassez e de um "ainda não" de abundância, e a ética era necessariamente toda construída na base do dar-se por satisfeito e do valorizar o pouco que havia. Naquela cultura não se fazia festa sem excesso de comida e vestuário, sem desperdício e ostentação. Celebrava-se desse modo o onde se queria chegar, alimentavam-se sonhos de bem-estar dos pobres que, pelo menos nos dias da festa, se sentiam (quase) como os ricos. E esses sonhos empurraram o mundo para a frente, porque eram verdadeiros e poderosos. Se não soubermos escutar o eco dessa cultura, não compreenderemos, por exemplo, as neuroses que temos face aos alimentos, ou porque continuamos a acumular coisas e roupas nos armários (alguém estimou que numa habitação média podem existir mais de 30.000 objetos). No entanto, esta cultura não associava apenas o bem-estar à abundância; ligava-o também à diminuição de relações sociais, porque muito misturadas com relacionamentos desequilibrados e hierárquicos, principalmente para os pobres e para as mulheres.
Daqui nasce também a cultura do apartamento, que se tornava o sonho do jovem casal finalmente emancipado da família patriarcal povoada de muitos patrões; podia agora construir o seu ninho, apartado, na intimidade da sonhada libertação daqueles vínculos. O desenvolvimento dos mercados foi também visto – e não sem razão – como uma libertação de relações comunitárias constringentes, por vezes sentidas como prisões. «Que mal te fiz eu para que tu me abandonasses? Será que aquele ali trabalha melhor do que eu?», escrevia Luigi Einaudi apresentando o diálogo entre um sapateiro e um vizinho que tinha deixado a sua oficina. (Aulas de política social, 1949). Fomos educados no paradigma do "bom" associado ao "gordo", do bem-estar ligado ao muito, do melhor sinônimo de "mais", do crescimento medido com o possuir maior número de coisas individualmente ou como família. Foi isto que desejamos para os nossos filhos. Hoje o ambiente não suporta mais este humanismo da quantidade; e, por outro lado, aqueles bens relacionais que ontem eram abundantes a ponto de serem percebidos como males – e por vezes eram-no realmente – estão se tornando os bens mais escassos, mais procurados e preciosos.
Muita gente daria fortunas inteiras por um encontro de verdadeira gratuidade (e não raro as desbaratamos até pela gratuidade fingida, tanto a desejamos). Todavia, os códigos simbólicos e comunicativos da política, da economia, da mídia, da publicidade (até da que se dirige a crianças, toda centrada em alimentos e coisas) são ainda os do velho mundo, e nos empurram para o consumo de "coisas" e para auto-produzir solidão. E, como consequência lógica deste relacionamento desequilibrado, não fazemos o suficiente para eliminar o escândalo da nossa época: há gente demais que vive ainda muitíssimo mal e morre de fome. Deveríamos atualizar rapidamente o nosso vocabulário da vida boa, começando pela escola. Não digo que se deixe de estudar Verga, Rabelais ou Dickens, nem que se abandonem as fábulas clássicas ligadas ao mundo da escassez de mercadorias e de alimentos. No entanto, seria necessário acrescentar outras imagens e símbolos a estes grandes "lugares" educativos, que associassem de modo não banal e simplista o bem-estar às relações, ao crescimento em gratuidade e em liberdade. Poderíamos encontrá-los também nos clássicos, mas seria necessário trabalhar mais para inventar outros novos, e não viver de renda também no âmbito educativo e cultural.
Alguma coisa já se vê, mas não basta. São necessárias muito mais histórias sobre a riqueza das relações, que tenham a força daquelas que, em tempos de escassez e de fome, nos faziam sentir o sabor dos petiscos e ver o esplendor dos brilhantes. Precisamos de outras Terras Maravilhosas, capazes de nos fazerem sonhar, desejar. No nosso tempo fala-se muito de relacionamentos, mas ainda não foram escritos novos mitos e grandes narrativas capazes de comover corações e impelir à ação individual e coletiva. E, no entanto, é por demais evidente que a Europa, sobretudo a do Sul, irá reencontrar o seu caminho para o bem-estar e para o bem viver, também econômico, se escrevermos de novo o imaginário coletivo do bem-estar. E também o da alimentação, se é verdade que nada como o comer diz a qualidade das relações em família e em comunidade – o primeiro sinal da pobreza relacional do nosso tempo é a cultura do lanche solitário (da sande em solidão) (vamos ver se na Expo2015 seremos capazes de colocar a relação na centralidade do "nutrir o planeta").
L’Europa può farcela, perché ha una straordinaria storia di successi civili ed economici nati da comunità reali, da territori fertili, da gente che sapendosi incontrare nella diversità ha saputo inventare democrazia e mercati. E se vuole può reinventarli anche oggi. Il portafoglio più importante non è mai stato, né è, quello dei titoli, ma quello dei nostri rapporti, soprattutto durante le crisi. «Un artista non è mai povero», esclamava Babette al termine del suo meraviglioso pranzo. In realtà l’arte di Babette non era soltanto quella culinaria, era anche l’arte delle relazioni. I beni, anche quelli economici, sono importanti, ma diventano benessere solo nella convivialità, quando le merci sono veicolo di incontri, ponti e non muri. Parliamo allora meno dei beni che consumiamo e più di noi, alziamo gli occhi da vivande e oggetti e incrociamo quelli degli altri.
A Europa pode vencer a crise, porque tem uma extraordinária história de sucesso civil e econômico nascido de comunidades reais, de territórios férteis, de gente que soube encontrar-se na diversidade inventar democracia e mercados. E, se quiser, poderá reinventá-los também hoje. A carteira mais importante nunca foi, nem é, a carteira de títulos; mas sim a dos nossos relacionamentos, especialmente durante as crises. «Um artista nunca é pobre», exclamava Babette no final do seu maravilhoso almoço. Na realidade, a arte de Babette não era apenas a culinária, era também a arte das relações. Os bens, incluindo econômicos, são importantes, mas tornam-se bem-estar apenas na convivência, quando as mercadorias são veículo de encontros, pontes e não muros. Vamos falar, então, menos dos bens que consumimos e mais de nós, vamos levantar os olhos do prato e dos objetos e cruzar o olhar dos outros.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - A velha ideia de bem-estar e a nova realidade
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 28/07/2013
Porque cada vez mais as pessoas correm em parques, a pedalam pelas estradas, fazem ginástica dançando alegremente em grupo, na praia? Por diversas boas razões, mas certo é que o nosso corpo não entendeu ainda que o mundo mudou – pelo menos em muitos lugares da terra – e continua a apresentar-nos como agradáveis os alimentos gordos e calóricos e, como menos atrativos, os alimentos magros e as saladas. E facilmente se compreende isso, se pensarmos que durante uma centena de milhares de anos (para nos limitarmos ao jovem homo sapiens) vivemos num ambiente pobre de calorias, essenciais para caçar, aquecer-se, fugir dos predadores, sobreviver.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 21/07/2013
Seria bom aproveitar este tempo difícil para refletir, mais profundamente e mais em grupo, sobre a natureza daquela atividade humana fundadora e fundamental que chamamos trabalho. Com esse objetivo, imaginemos que uma colónia de pessoas da nossa terra emigra para habitar uma ilha deserta. Uma vez lá chegados e instalados, cedo compreenderiam que, para fazer crescer e desenvolver as suas famílias e a aldeia, é oportuno passar de uma economia 'doméstica' de auto-produção para uma economia 'política' de troca, em que cada um se empenhe a fim de que as suas capacidades sejam de utilidade para os outros, orientando assim para vantagem própria o trabalho dos outros habitantes.
[fulltext] =>Depois, se entre os habitantes houvessem pessoas cujas competências não correspondessem às necessidades dos outros, estas pessoas deveriam ser capazes de convencer alguém da utilidade daquilo que sabem fazer. E se não conseguissem, rapidamente precisariam de aprender a fazer outros ofícios, para não cair na pobreza e depender de esmolas - «Apenas o mendigo – recordava Adam Smith – escolhe depender principalmente da benevolência dos seus concidadãos» (A riqueza das nações, 1776).
Esta simples experiência mental pode então revelar-nos três verdades a um tempo fundamentais e negligenciadas: que os bens se tornam riqueza e bem-estar graças ao nosso trabalho; que trabalhar, numa economia de mercado, é essencialmente uma questão de reciprocidade; que um sistema económico encrava quando se interrompe esta cadeia de reciprocidade laboral. No decurso da história existiram outros sistemas para organizar a vida em comum de pequenas e grandes comunidades. A mais antiga é a hierarquia sacral; as mais relevantes em larga escala foram as várias formas de economia planificada coletivista do séc. XX. Entre as alternativas ao mercado (que eu chamo civil) há também o recente capitalismo financeiro global, que não se funda na reciprocidade das necessidades, mas na avidez e no lucro (o lucro é um desvio do princípio do bom mercado, precisamente porque nega a reciprocidade das necessidades).
Existe ainda uma outra possibilidade, de longe mais fascinante, frequentemente reevocada em ambientes culturais críticos da modernidade e do mercado. Esta visão 'romântica' não aceita que sejam o trabalho e as necessidades recíprocas a orientar as atividades a executar na 'ilha', porque – no dizer dos que a defendem – seria mais digno e ético que cada um realizasse a atividade de que gosta sem depender dos outros, e que o 'Estado' pagasse a todos um justo salário (sem explicar com que rendimentos e quem os produz).
O que aconteceria na 'ilha' se se afirmasse esta visão? Criar-se-ia, sem dúvida, um excesso de atividades em si gratificantes porque dão origem a uma recompensa intrínseca para quem as pratica por vocação e paixão. O elenco destas atividades é simples de fazer: a observação dos astros, a escrita de livros policiais, a coleção de borboletas, estudar economia, etc.. Ao mesmo tempo, iriam faltar na comunidade muitos ofícios não especialmente agradáveis, mas muito úteis a toda a gente: varredores, pessoal de manutenção dos esgotos, mineiros, coveiro, etc. Uma sociedade na qual as pessoas não se encontrariam entre si, porque demasiado ocupadas a cultivar, narcisisticamente, os interesses pessoais. As duas listas alongam-se muito ao deixarmos aquela hipotética ilha e entrarmos nas nossas cidades complexas, onde tantas pessoas realizam trabalhos que não acham muito agradáveis (não o suficiente para serem feitos oito horas por dia, durante décadas), mas que são úteis aos outros, e muitas vezes indispensáveis ao bom viver da nossa sociedade. Nesta longa fase de crise do trabalho, que irá durar ainda muitos anos, precisamos de ter bem presente que a natureza mais verdadeira do trabalho é a reciprocidade, o encontro das necessidades. O trabalho liga-nos uns aos outros, é o principal cimento da sociedade, mesmo quando esta reciprocidade convive com assimetrias de poder, dinheiro, responsabilidade – mesmo se estas assimetrias são sempre uma ameaça à duração e à dignidade de toda a reciprocidade. Trabalhar uma ótima cura de todas as formas de narcisismo, porque nos impele a pormo-nos no lugar dos outros, e a perguntar-nos: «Daquilo que sei fazer ou que poderia fazer, o que é que interessa também aos outros?».
Uma virtude que ajuda a viver bem numa economia de mercado é a empatia, o saber antecipar e intuir as necessidades e desejos dos outros, e procurar satisfazê-los. O mercado civil é um mecanismo social através do qual trocamos bens e serviços que não chegariam a existir se cada um apenas seguisse as suas aspirações e vocações e o prazer pessoal.
É também desta perspetiva que se pode colher o significado mais próprio da palavra interesse. O interesse é certamente aquilo que me interessa, mas é também aquilo que interessa aos outros, é a relação que existe entre nós (inter-esse) e que nos permite encontrar-nos (Nota do tradutor: interesse é também a palavra que em italiano se usa para juro). A segunda mensagem refere-se ao risco de não reciprocidade laboral que se insinua muitas vezes nas nossas empresas e organizações. A verdadeira reciprocidade na vida civil e no trabalho não é simples, exige sempre criatividade e empenho de todas as partes. Para evitar este esforço, acontece que se busquem e sigam atalhos. Pense-se, por exemplo, naquelas comunidades pré-modernas em que as atividades de cuidados pessoais eram confiadas às mulheres que as deveriam executar por 'vocação', uma vocação que consistia em servir a vida inteira os outros (homens principalmente), os quais pensavam que as suas necessidades pessoais de cuidados e de atendimento deveriam ser satisfeitas pela vocação de mulheres, filhas, irmãs ou freiras. Trata-se de uma enorme melhoria de humanidade e dignidade que muitas destas atividades de cuidados passem hoje para o mercado (de preferência civil e não capitalista), um mercado que nestes casos pode tornar-se um precioso aliado da reciprocidade – também isto é subsidiariedade.
Não procurar e não chegar à reciprocidade no trabalho é sempre uma escolha parcial e errada. Um amigo meu, cooperador social, foi certo dia à prisão da sua cidade para ali dar início a uma experiência laboral com jovens. «Havia ali o trabalho das barbies», disse ele. Aqueles rapazes faziam trabalhos a fingir, porque as atividades que realizavam não tinham reciprocidade; tinham sido pensadas com o objetivo de os manter ocupados; eram por isso não-trabalhos que não eram úteis a ninguém, muito menos a eles. «Não posso ficar em paz enquanto estes jovens não se sentirem úteis à nossa cidade», continuou. E assim pôs toda a sua paixão e o seu engenho em achar um trabalho verdadeiro para aqueles rapazes, atividades que fossem uma autêntica experiência de reciprocidade.
E conseguiu, como conseguem tantos empreendedores sociais e civis, mesmo nesta época de crise; inovam verdadeiramente porque e quando não se contentam com a inclusão produtiva mas desejam e procuram a reciprocidade, na qual todos dão e todos recebem. Estou convencido de que a nossa crise depende também de terem sido criados nas décadas passadas muitos 'trabalhos' – e não apenas no setor público – que se detiveram antes da reciprocidade, por insuficiente criatividade e empenho por parte de empresários, trabalhadores, e instituições. E no entanto, são poucas as experiências humanas mais dolorosas do que a de sentir-se excluído da rede de reciprocidade de que é tecida a vida em comum. A reforma é muitas vezes uma experiência muito dolorosa se quem deixa o trabalho não continuar a sentir-se, de outra maneira, útil aos seus concidadãos. Achar-se desocupado é trágico não só porque se perde o ordenado, mas porque se sai desta rede de reciprocidade, «a lei do Moderador do mundo, que nos manda ter o engenho de sermos úteis uns aos outros» (Antonio Genovesi, 1767). É reativando a reciprocidade laboral que se sai das crises económicas e sociais. E para tal é preciso saber olhar o mundo que nos rodeia também com os olhos dos outros.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - A regra de ouro da «reciprocidade»
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 21/07/2013
Seria bom aproveitar este tempo difícil para refletir, mais profundamente e mais em grupo, sobre a natureza daquela atividade humana fundadora e fundamental que chamamos trabalho. Com esse objetivo, imaginemos que uma colónia de pessoas da nossa terra emigra para habitar uma ilha deserta. Uma vez lá chegados e instalados, cedo compreenderiam que, para fazer crescer e desenvolver as suas famílias e a aldeia, é oportuno passar de uma economia 'doméstica' de auto-produção para uma economia 'política' de troca, em que cada um se empenhe a fim de que as suas capacidades sejam de utilidade para os outros, orientando assim para vantagem própria o trabalho dos outros habitantes.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 30/06/2013
Há um traço comum a muitas formas de mal-estar que afligem a nossa sociedade e poderiam ser evitadas: a necessidade urgente de reeducar as nossas paixões e sentimentos. Uma paixão que precisa especialmente de ser reeducada é a inveja, uma das mais negativas e devastadoras em todas as culturas, muito perigosa em tempos de crise. Diferentemente da nossa, as culturas do passado conheciam os desastrosos danos produzidos pela inveja não cuidada e mal gerida e tinham por isso desenvolvido uma ética capaz de orientá-la para o bem ou, pelo menos, de contê-la.
[fulltext] =>A regra de ouro – ‘faz aos outros o que gostarias que fosse feito a ti’ – pode também ser lida como eficaz tratamento preventivo da inveja. Não por acaso é posta na Bíblia no centro da primeira fraternidade-fratricídio de Caim. A nossa civilização, no entanto, tem muita dificuldade em compreender a inveja. Confunde-a, por exemplo, com uma ideia errada de competição (ser melhor do que os outros), que chega a ser apresentada como único caminho para orientar para o bem comum a natureza invejosa da pessoa.
A inveja esconde-se frequentemente por detrás das crescentes invocações da meritocracia, ou seja, do nosso mérito e do demérito (ou “má sorte”) dos outros. Não a reconhecemos em denúncias ou querelas e assim não definimos regras para a bloquear à nascença e gerir de modo diferente demasiados processos evidentemente ‘invejosos’, que absorvem imensas energias morais e económicas de cidadãos e tribunais. Não a vemos por detrás da corrida ao “consumo posicional”, que conduz a endividamentos para chegar ao nível de consumo de colegas e vizinhos, uma inveja social que a publicidade tende a amplificar e o mercado a aproveitar para vender as suas mercadorias e produzir infelicidade, mesmo se aumentam o PIB – eliminar a componente do PIB produzida pela inveja seria um passo essencial rumo à quantificação do bem-estar real de um país.
E, no entanto, a inveja é muito simples de identificar: é sofrer com o bem do outro e alegrar-se com o seu mal e depois agir para criar esse mal ou reduzir esse bem. Em alemão há uma palavra (schadenfreude) que exprime exatamente esse sentimento negativo que pode nascer quando alguém nos comunica uma má notícia que lhe diz respeito.
Para que, porém, se caia no vício e frequentemente do vício se passe ao dano e até ao crime, é necessário que a paixão gere ações. Não é o simples “desejo” das “coisas alheias” a violar o nono mandamento. É o que nos sugere também o significado do verbo hebraico hamad: no Decálogo traduzimo-lo com “desejar”, mas a sua semântica indica a atitude de quem delibera agir para obter o que deseja (o mal). Na realidade, sabemo-lo muito bem, se um sentimento ou um mau pensamento não é combatido à nascença, mais tarde ou mais cedo traduz-se também em obras, palavras, omissões.
Na inveja há depois um fundamental mecanismo de reciprocidade negativa. Porque sei, tendo-o experimentado em mim mesmo em circunstâncias semelhantes, que tu estás a experimentar inveja pelo meu sucesso, encontro uma alegria suplementar em contar-te as minhas vitórias (e, analogamente, em silenciar as minhas desventuras). Geram-se assim tristes males relacionais em espiral, de que todos os dias somos protagonistas e espetadores, círculos viciosos que só poderão ser invertidos pela presença de pessoas magnânimas. As pessoas magnânimas, ou seja anti-invejosas, são um dom de valor imenso para uma comunidade porque, diferentemente dos invejosos, em vez de atenuar alegrias e amplificar sofrimentos, multiplicam alegrias e reduzem sofrimentos. Mas não é possível ser anti-invejoso e magnânimo sem uma profunda vida espiritual e, para tal, um constante exercício do ágape – quer o eros quer a philia podem produzir inveja; só o ágape é naturalmente anti-invejoso. A família é, ou deveria ser, o principal lugar onde se desenrola o jogo de espelhos virtuoso da anti-inveja. Uma das maiores formas de pobreza do nosso tempo é a de tanta gente que não tem pessoas anti-invejosas com quem partilhar as grandes desventuras e as grandes alegrias da existência.
Além disso, como já recordava Aristóteles, a inveja não se desenvolve em relação a todos, mas apenas para com os nossos pares. Entre estudantes não se é invejoso dos professores, mas dos colegas. Não se invejava o imperador, nem o patrão. Para com os ‘superiores’ surgem outros sentimentos: raiva, admiração, imitação e a esperança de ser um dia como eles. O ciclista ainda amador não inveja o grande campeão, mas sim aquele que fica à sua frente numa corrida. Não se invejam os pais, mas os irmãos. Um sinal inequívoco de inveja é a síndrome do “mesmo se …”, isto é aquela nota negativa com a qual o invejoso termina todas as apreciações de um colega ou amigo (“é uma excelente pessoa, mesmo se …”). As sociedades de castas (desde as civilizações antigas às grandes empresas capitalistas) são também uma tentativa de limitar a expansão da inveja. Aliás, o ideal de toda a sociedade hierárquica perfeita é a construção de organizações sociais nas quais os pares existam o menos possível, de modo que cada um tenha apenas superiores e inferiores, com passagens de status bem disciplinadas. Os seres humanos têm dificuldade não tanto em comandar ou obedecer, mas em relacionarem-se positivamente com os seus pares.
Mas quando nos confrontamos com os nossos pares que sentimos melhores do que nós, juntamente com a possível inveja surge também frequentemente a estima e o desejo de cooperação. Não seria difícil encontrar uma base biológica e evolutiva para ambos os sentimentos. Quando um meu par alcança uma melhoria e estamos num contexto estático, onde o ‘bolo’ é fixo e um só, aquela sua vantagem pode facilmente traduzir-se numa minha desvantagem, num “jogo de soma zero” (no qual os ganhos são iguais às perdas). E aqui desencadeiam-se o sentimento e muitas vezes as ações da inveja.
Mas na realidade as relações sociais que são objetivamente um “jogo de soma zero” são apenas uma pequena minoria. A vida em comum, quando funciona, é na verdade uma grande fábrica cooperativa, um conjunto de relações de vantagem mútua para crescer em conjunto. A invejacultivadafaz-nos então perder muitas ocasiões de vantagem recíproca, porque nos leva a ler subjetivamente o mundo como um contínuo confronto destrutivo e em rivalidade com os outros, e não como um conjunto de oportunidades de reciprocidade. É por isso que muito frequentemente o desenvolvimento da inveja é um mau atalho perante um relacionamento no qual não fomos capazes de ver e encontrar uma boa reciprocidade. A inveja é por vezes uma estima que não amadureceu por falta de magnanimidade.
Nos tempos de crise, infelizmente, acentua-se a tendência para ler os relacionamentos com os outros em termos de rivalidade e inveja, como 'jogos de soma zero'. As crises alimentam invejas, e são por elas alimentadas. É pois, em tempos de crise que a educação à anti-inveja, à magnanimidade, à estima dos nossos pares é particularmente preciosa, como sempre a começar pela família e pela escola para chegar às instituições (desde o sistema fiscal até aos esquemas de incentivo nas empresas), que podem alimentar o joio da inveja ou gerar o trigo da cooperação
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A inveja, mal dos tempos de crise
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 30/06/2013
Há um traço comum a muitas formas de mal-estar que afligem a nossa sociedade e poderiam ser evitadas: a necessidade urgente de reeducar as nossas paixões e sentimentos. Uma paixão que precisa especialmente de ser reeducada é a inveja, uma das mais negativas e devastadoras em todas as culturas, muito perigosa em tempos de crise. Diferentemente da nossa, as culturas do passado conheciam os desastrosos danos produzidos pela inveja não cuidada e mal gerida e tinham por isso desenvolvido uma ética capaz de orientá-la para o bem ou, pelo menos, de contê-la.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 23/06/2013
O anúncio do G8 de declarar guerra aos ‘paraísos fiscais’ e os protestos dos brasileiros contra a Copa do mundo, são fatos profundamente interligados. O “grande” futebol perdeu contato com o bom jogo. Entre o mercado das multinacionais do esporte e o jogo de futebol no campo tem cada vez menos coisas em comum, do mesmo modo que tem cada vez menos contato ético entre comprar pão no mercado e as dinâmicas dos grandes mercados internacionais de cereais. Não se trata mais – como até há poucas décadas – de diferença de grau; trata-se sim de diferença de natureza, de uma transformação profunda para a qual contribuiu, e não pouco, ao advento do capitalismo financeiro.
[fulltext] =>É também (e não só) esta transformação de natureza de um futebol objeto de grandes interesses econômicos que leva muitos brasileiros a protestarem nestes dias contra a organização da Copa. Esses brasileiros procuram então dizer algo muito importante ao governo: vamos investir os recursos na educação dos jovens, na saúde, na segurança; na luta contra a desigualdade que é a verdadeira chaga deles, e que a Copa (2014) e as Olimpíadas (2016) certamente não curam.
Não se cria panem (pão) com os circenses, sobretudo quando os circenses (jogos) são, ontem como hoje, instrumentos na mão dos imperadores. E que quando o criam, não é bom pão, porque não chega aos pobres, mas vai alimentar os banquetes dos patrocinadores e dos ricaços construtores de estádios. O futebol não deve ser usado como novo ópio dos pobres e dos jovens, como por vezes aconteceu, no Brasil e não só. São necessários – devemos nos perguntar – novos estádios de futebol no Brasil, quando em muitas das suas regiões faltam ainda bons hospitais, boas escolas e universidades? E a quem serviriam? E eram precisos, e a quem serviram, na África do Sul (hoje em profunda crise econômica, depois de uma breve primavera pré-2010)? O que é que nos trouxe Itália ’90, para além de empreitadas corruptas e distração dos acontecimentos históricos vividos naquele período? Para não falar de Atenas 2004. Mas, em geral, para que servem os estádios a este futebol capitalista quando, enquanto na sua construção se usam dinheiros públicos, os direitos de transmissão dos jogos são confiados às multinacionais da mídia, que tudo fazem para nos venderem o jogo na TV, sozinhos e sentados na poltrona, transformando assim o esporte de bem relacional em mera mercadoria?
Muitas das multinacionais que patrocinam os grandes eventos esportivos brasileiros e de todo o mundo, são utilizadores daqueles paraísos fiscais a quem o último G8 (re)prometeu luta sem quartel. As declarações de guerra aos ‘paraísos’ são um dos rituais dos meetings dos grandes, ou melhor, dos poderosos da terra. A do G20 de Londres de 2 de abril de 2009 foi uma das mais solenes, anunciada como batalha final e decisiva contra as operações offshore. Offshore, isto é, atividades que acontecem ao largo, no alto mar, onde ninguém vê e onde os grandes monstros marinhos “correm e pululam nas águas”, (Gênesis), o reino de Leviatan e de Moby Dick.
Mas oÉden do capitalismo financeiro dos mares inundou também os continentes, até aos Alpes. Na Europa existem muitos estados, principados, repúblicas e ilhas onde as empresas obtêm “incentivos” fiscais não muito diferentes dos oferecidos pelas famosas ilhas Cayman. Os seus habitantes são muitíssimas empresas multinacionais, sociedades financeiras, bancos, que com a mão impura põem a sede legal nos paraísos e, com a mão pura, produzem ‘balanços sociais’ maquilhados, e talvez generosas fundações filantrópicas com 1% daqueles lucros falsificados. No ano passado deixei de comprar um produto alimentar, de que até gostava muito, depois de um congresso em Montecarlo onde descobri que a empresa que o produz tinha lá a sede fiscal. Precisamos de ter a coragem de reconhecer que o nosso capitalismo financeiro tem necessidade vital dos paraísos fiscais. A oferta de taxas paradisíacas é a resposta à forte procura de bancos, fundos, empresas e cidadãos. Uma quota impressionante do comércio internacional, cerca de metade, recorre direta ou indiretamente aos paraísos fiscais. Quase todas as grandes empresas, para não falar dos bancos e fundos de investimento, têm inteiros departamentos dedicados à otimização fiscal (expressão sugestiva) e pagam milhões de euros a consultores tributários para encontrar o melhor produto fiscal nos mercados/mares globais.
A política mundial, ainda que acreditasse naquilo que declara, não tem força para gerir este capitalismo, para domar o Leviathan. Os paraísos fiscais não são então uma anomalia do nosso sistema. Enquanto a cultura do capitalismo financeiro permanecer fundada na maximização dos lucros a brevíssimo prazo, os paraísos fiscais farão parte orgânica do sistema. Se verdadeiramente quiséssemos eliminá-los, precisaríamos fazer coisas muito sérias e radicais, a começar por estilos de vida não consumistas e solidários que precisariam de ser inseridos nos programas de todas as escolas, passando pela regulamentação bancária que, pelo contrário, estão caminhando na direção oposta (ex. Basilea 3), para chegar a algum sinal de reversão no processo de globalização, devolvendo mais poderes aos territórios. Na falta de coisas sérias e, portanto, impopulares, os nossos líderes com as suas declarações continuam a comportar-se como aquele meu amigo que no fim de jantares com toda a espécie de gorduras e doces tomava sempre o café com adoçante porque queria “começar uma dieta”. Os processos sérios de mudança interrogam-se sobre as causas, e daí partem.
Hoje, mesmo se é incômodo dizê-lo, os paraísos fiscais são a outra face, a menos apresentável, dos smartphone, das beauty farm, do turismo exótico e de muitas mercadorias deste capitalismo que tanto nos agradam. Muitas civilizações do passado tiveram os seus paraísos fiscais, aqueles lugares fora de controle civil, onde eram permitidas operações de compensação humana e ética de mil injustiças de todas as idades. Escravos, servos, colônias, guerra. Mas não nos esqueçamos de que cada civilização também lutou para eliminar os grandes monstros que vagueiam nos mares. Quis e sonhou um mundo diferente, e soube esperar: “Naquele dia, o SENHOR ferirá com a sua espada grande, temperada e forte, o monstro Leviatan, serpente sinuosa, o monstro Leviatan, serpente fugidia, e matará esse dragão do mar” (Is. 27,1).
Hoje chamam-se “paraísos”, mas continuam sempre sendo lugares povoados por monstros marinhos não menos desumanos que os das civilizações passadas. Não esqueçamos que entre as vítimas dos habitantes do offshore estão pequenas e médias empresas que não têm ‘santos’ naqueles paraísos, porque não têm nem cultura (graças a Deus), nem dinheiro para aquelas operações, mas que frequentemente se encontram a competir com as empresas paradisíacas. Perdem mercados, fecham, e perdemos trabalho. Levemos então a sério os protestos civis dos brasileiros, e não paremos de nos indignar por este capitalismo que tem necessidade dos habitantes do offshore. E façamos alguma coisa, em todos os níveis, para mudá-lo.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Desafio ao offshore: duro e necessário
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 23/06/2013
O anúncio do G8 de declarar guerra aos ‘paraísos fiscais’ e os protestos dos brasileiros contra a Copa do mundo, são fatos profundamente interligados. O “grande” futebol perdeu contato com o bom jogo. Entre o mercado das multinacionais do esporte e o jogo de futebol no campo tem cada vez menos coisas em comum, do mesmo modo que tem cada vez menos contato ético entre comprar pão no mercado e as dinâmicas dos grandes mercados internacionais de cereais. Não se trata mais – como até há poucas décadas – de diferença de grau; trata-se sim de diferença de natureza, de uma transformação profunda para a qual contribuiu, e não pouco, ao advento do capitalismo financeiro.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 16/06/2013
Quando um país não gera emprego, mesmo quem tem trabalho sofre por isso. O bem estar dos trabalhadores está diminuindo, principalmente na Europa do Sul (Ipsos, TNS-sofres). Por exemplo, 68% dos franceses afirmam que entre 2008 e 2012 a sua qualidade de vida no trabalho se degradou. Para os trabalhadores com idades entre 35 e 49 anos, essa percentagem chega aos 75%. Existe, de fato, um mal estar típico dos trabalhadores de meia idade, os que não estão nem no início nem no final de carreira.
[fulltext] =>A nossa motivação no trabalho vai-se modificando. Quando alguém começa um novo trabalho, sobretudo os jovens, as motivações são normalmente fortes. Passados vinte anos na mesma organização, sempre no mesmo escritório, talvez, a motivação inicial tende a enfraquecer e o entusiasmo dos primeiros anos é substituído por cansaço e não raramente por cinismo, se não se for capaz de achar novas motivações, porventura mais profundas e elevadas que as iniciais, mas certamente diferentes. Segundo os mesmos estudos isto acontece, sobretudo, com trabalhadores da função pública e funcionários de nível médio.
Basta olhar à nossa volta ou dentro de nós para ver quanta insatisfação existe nos nossos locais de trabalho, principalmente em pessoas de meia idade. Não é por acaso que os estudos sobre felicidade revelam um andamento em "U" relativamente à idade: o mínimo de felicidade é atingido por volta dos 45 anos – depois a felicidade retoma a subida, se houver saúde e bons relacionamentos.
O certo é que construímos organizações e regras de governo que ignoram, ou não consideram suficientemente, as diferentes idades da vida, esquecendo que a Maria trabalhadora com vinte anos e a mesma Maria com sessenta têm pouco em comum. Nós crescemos, evoluímos, mas a nossa empresa não cresce nem muda conosco e como nós. E é assim que no "meio do caminho" nos achamos frequentemente em crises profundas, que se estendem bem para além da dimensão exclusivamente profissional – o trabalho é vida.
O mundo da empresa investe muito pouco em cuidar as relações humanas. Pior ainda, a cultura relacional interna nas empresas privadas e públicas, é muito frequentemente fundada na desconfiança e num pessimismo antropológico que fortalece em nós a convicção de que as pessoas só trabalham se forem controladas ou incentivadas. Deste modo, tem gente demais que não gosta de ir trabalhar – quando será criado um indicador nacional do bem estar e mal estar no trabalho? –, e gastamos cada vez mais tempo e dinheiro à procura de bem estar, muitas vezes ilusório, fora do trabalho (wellness, spa...), para fugir do mal estar no trabalho. Será isto um humanismo sábio e sustentável? Não seria socialmente mais inteligente aumentar o bem estar e, portanto, a qualidade das relações, durante o trabalho?
Para esta mudança de paradigma poderiam vir em nosso socorro, por exemplo, a história e a cultura das instituições carismáticas que são – que coincidência!... – as instituições mais longevas do Ocidente: a vida média de uma abadia beneditina europeia é cerca de cinco séculos. A duração delas depende também de regras de governança que lhes permitiram e permitem uma vida longa e boa. Alguns dos instrumentos dessas comunidades carismáticas deveriam ser imitados pelas empresas, com as necessárias adaptações, já que possuem um alcance antropológico universal.
Tomemos, por exemplo, a prática do colóquio periódico entre cada membro da comunidade e o respectivo responsável direto, instrumento crucial para o saudável estado relacional daquelas comunidades. Existem muitas empresas cujos funcionários se aposentam sem nunca terem tido um verdadeiro colóquio pessoal com o seu dirigente direto. Conheço, pelo contrário, algumas empresas e cooperativas onde essa prática existe, embora sejam ainda raras e ocasionais.
O colóquio trabalhador/responsável – que não deve ser confundido com o 'coaching', muito em moda – tem importância fundamental, principalmente hoje. Muitos são os benefícios, para as pessoas e para as organizações, que a prática sistemática do colóquio (duas vezes por ano?) poderia produzir.
Antes de tudo, o colóquio cria um espaço idôneo no qual se podem exprimir protestos, feridas, desacordos, mal estar. Se estes espaços faltarem, geram-se rios de boatos e tagarelice, débitos e créditos psicológicos que alimentam divisões e podem tornar-se verdadeiros cânceres na organização. A murmuração de bíblica memória não é sempre e apenas fruto de pessoas maldizentes e bisbilhoteiras; pode ser também produto de uma instituição que não prevê nenhum instrumento para orientar de modo construtivo protestos, críticas e desconforto de pessoas, e também para agradecer, ato fundamental em todas as comunidades, incluindo as comunidades de trabalho.
Existem responsáveis e gestores que pensavam ter agradecido a um trabalhador porque lhe tinham mandado um «obrigado» ou um «bravo» ao cruzarem-se com ele nas escadas, talvez enquanto falavam no celular. Palavras como «obrigado», «desculpa», «bravo» apenas são preciosas se forem usadas com parcimônia.
Por fim, a prática do colóquio aumenta aquela philia necessária a toda organização, porque, se for bem feito, o colóquio não é um instrumento da hierarquia, mas da fraternidade – ambos falamos e escutamos, damos e recebemos. E, não raramente, também um trabalhador pode ajudar um responsável a ver-se com os olhos dos seus funcionários, um dom imenso quando se recebe, e se sabe e se quer recebê-lo. O erro mais grave que pode fazer um responsável durante um colóquio é repelir as críticas, ou então dar respostas expeditas («mas não entendeste …», «faltam-te elementos …», «eu te explico…»).
A eficácia de um colóquio não está tanto nas respostas que se obtêm, mas na possibilidade de exprimir um mal estar, uma crítica, e encontrar no outro alguém que as sabe acolher e que sabe ouvir; quanto precisamos investir na arte da escuta verdadeira!
Uma das tarefas mais importantes de um responsável é acolher as críticas: encaixá-las, elaborá-las, e nunca devolvê-las ao remetente. O trabalhador tem direito ao desabafo. E ouvir o desabafo é um dever dos gestores. Para isso são necessários lugares e momentos, investimentos em tempo e adequada preparação, também ética, em ambas as partes. Não é certamente fácil fazer um bom colóquio, mas vale a pena tentar, exercitar-se, aprender com os erros – os frutos são copiosos
Por fim, há dois colóquios particularmente importantes para um trabalhador: o primeiro e o último. O primeiro deveria ser aquele no qual ao recém-admitido é oferecida a tradição da empresa, a história dos seus fundadores, incluindo as paixões humanas e, por vezes, os ideais que a fizeram nascer. E onde se escutam as aspirações e as paixões do novo trabalhador e se faz, talvez, a sua apresentação a toda a comunidade da empresa num momento de festa.
Não menos decisivo é o último colóquio quando se deixa um trabalho no qual se passaram os melhores anos da vida. Um «obrigado» ou um «desculpa» ditos naquele último "encontro" podem dar sentido e qualidade espiritual a um dos momentos de passagem mais delicados da existência. Imitemos os carismas, mestres de humanidade, se quisermos aumentar a qualidade das relações nas nossas organizações. Temos necessidade urgente disso.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - A importância das relações humanas na empresa
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 16/06/2013
Quando um país não gera emprego, mesmo quem tem trabalho sofre por isso. O bem estar dos trabalhadores está diminuindo, principalmente na Europa do Sul (Ipsos, TNS-sofres). Por exemplo, 68% dos franceses afirmam que entre 2008 e 2012 a sua qualidade de vida no trabalho se degradou. Para os trabalhadores com idades entre 35 e 49 anos, essa percentagem chega aos 75%. Existe, de fato, um mal estar típico dos trabalhadores de meia idade, os que não estão nem no início nem no final de carreira.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 09/06/2013
Está aumentando a hierarquia nas empresas. Quando o navio corre o risco de afundar – diz-se – é necessário por de lado as práticas participativas e devolver o comando ao capitão, com os oficiais prontos a executar as suas ordens. A hierarquia nas empresas é um grande tema da democracia. John S. Mill, há mais de um século e meio, denunciava a persistência de duas realidades feudais no coração da democracia moderna: a família, onde o relacionamento entre marido e mulher era do tipo patrão-servo, e a empresa capitalista, baseada no princípio hierárquico, herança do mundo antigo.
[fulltext] =>Assim, Mill propunha o voto e o trabalho para as mulheres para superar a família feudal e a difusão das cooperativas para democratizar as empresas. Após mais de um século e meio, na família, sobretudo nas culturas ocidentais, a igualdade homem-mulher é sempre mais substancial (menos nas empresas e nas instituições). As empresas capitalistas, porém, estão ainda muito ancoradas ao princípio hierárquico. E deparamo-nos assim com uma das principais instituições da democracia moderna, a empresa, baseada exatamente e sempre mais, naquele antigo princípio (a hierarquia entre desiguais) que a modernidade queria combater. É este um dos muitos paradoxos do mundo contemporâneo que nós aceitamos sem tantos problemas e discussões públicas e que o movimento cooperativo tinha procurado superar trazendo democracia às empresas (no consumo e na poupança).
Mas este retorno da hierarquia, ao invés, deve nos preocupar porque as empresas e todas as organizações vivem e crescem bem quando sabem juntar ao princípio hierárquico, outros princípios coessenciais. Um deles é o que Aristóteles chamava philia, uma palavra que hoje podemos traduzir, mais ou menos, como amizade ou reciprocidade não contratual. Uma empresa não funciona quando os relacionamentos se reduzem unicamente ao registo hierárquico, porque lhes falta a outra coluna de toda organização, ou seja, sentir-se parte de um destino comum e de um bem comum a atingir juntos. Se numa empresa não vem fora também esta dimensão horizontal, que envolve todos os seus membros, essa instituição poderá certamente produzir lucros e pagar salários, mas nunca será um lugar onde as pessoas vivem bem e florescem em humanidade. Também os relacionamentos empresariais são relacionamentos sociais, nos quais ativamos não só o registro do puro cálculo dos interesses, mas todas as nossas emoções, paixões, esperanças, amor. Assim, quando falta a philia entre todos, nas empresas faltam o entusiasmo e a gratuidade; e sem entusiasmo e gratuidade não se inova nem se sai das crises.
É preciso lembrar também que a hierarquia, que é um dos princípios mais primitivos, nasce para garantir e gerir a imunidade e, por isso, a separação entre puro e impuro. A necessidade de imunidade dos ‘impuros’ é fundamental para compreender todas as formas de hierarquia, desde as arcaicas às das empresas capitalistas, onde não há nenhum verdadeiro contato entre os dirigentes e os operários. Mas se as empresas não compensam a immunitas da hierarquia com a communitas da reciprocidade, tornam-se, em longo prazo, lugares onde não se consegue viver e não raramente desumanos.
As nossas empresas produziram e produzem ainda vida boa juntamente com bons produtos porque o empresário era, e é, também um trabalhador ao lado dos outros, frequentemente artesão e por isso lado a lado com os seus dependentes, seu companheiro de pão e de caminho. É também verdade que em certos momentos e em certas funções o empresário ou o gestor, é diferente dos seus operários – no tomar uma decisão estratégica, no fazer uma correção, nas responsabilidades, nos deveres, nos ganhos e nas perdas. Mas, muitas outras vezes, é um ou uma deles, com o mesmo destino e missão ética: fazer viver e crescer a empresa, a comunidade, as famílias, os sonhos.
É esta a verdadeira solidariedade da empresa que, quando existe, a transforma num trecho de vida autêntica e boa: empresários, dirigentes, empregados, trabalhadores, todos diferentes e todos iguais, ordenados pela hierarquia e pelos contratos, mas antes ligados reciprocamente por philia e por pactos, frequentemente implícitos, mas não menos importantes do que as ordens e os contratos. Quando a comunidade empresarial não sente, em alguns momentos fundamentais, o gestor ou o empresário como parte de si, porque nunca faz a experiência da igualdade com todos, a empresa não consegue fazer vir fora o melhor de cada um. Nem consegue gerar felicidade verdadeira, que nasce do relacionamento entre iguais, de encontros “olhos nos olhos” como foi, e é, aquele cheio de admiração e de alegria entre o homem (Adão) e a mulher (Eva). Eis porque a falta de alegria e de festa é sempre um primeiro sinal de que numa empresa e em qualquer organização, está desaparecendo a philia para deixar espaço unicamente aos relacionamentos formais e hierárquicos.
As festas empresariais verdadeiramente úteis e, por isso, demasiado raras, são aquelas onde os ‘chefes’ aceitam brincar, comer e beber com e como todos. Se falta esta igualdade na festa, também os brindes natalícios acabam por reforçar as distâncias, as hierarquias, as imunidades. Quando o navio se afunda, só a hierarquia parece ser mais eficaz. Mas quem viveu verdadeiras crises em navios verdadeiros, nas comunidades e nas empresas, sabe ainda que se durante os tempos normais não se investe em philia e em reciprocidade, talvez possam ser mais eficientes na gestão das pequenas crises, mas afunda-se verdadeiramente nas grandes, quando tens necessidade da alma e do coração das pessoas e não os tens. Seria necessária a força dos pactos, mas te deparas unicamente com a debilidade dos contratos e dos organogramas de papel. A philia do puro comando que parece mais fraca – porque mais próxima e 'contaminada' – na realidade é mais forte e resiliente nos momentos em que é importante aquela típica força moral coletiva, que nasce da consciência e da experiência quotidiana da mútua fragilidade e vulnerabilidade.
Uma força invisível bem reconhecida pelos agricultores e mulheres na sociedade de ontem (e também na de hoje). Quando à hierarquia se alia a philia, a hierarquia deixa de ser ela mesma, transforma-se, humaniza-se, fraterniza-se, parece perder força quando na realidade adquire – desde que a philia não seja só assunto de retórica e palmadas nas costas, mas se torne práxis empresarial, governança, regras de jogo e também políticas salariais equitativas e diferentes, como continua a ensinar-nos ainda hoje Adriano Olivetti. Um dirigente que sabe fazer-se próximo e solidário de seus companheiros de viagem não é menos forte de quem mantém as distâncias para não se contaminar. Mas estas capacidades e estes talentos não se aprendem nas business school do capitalismo onde, pelo contrário, são censurados e humilhados, porque considerados 'perdedores'. O vidoeiro não é menos forte do que o pinheiro – perguntem-no ao vento de tempestade. Nesta estação de passagem e de borrasca da economia e da vida civil, serve-nos um novo investimento em relações humanas e numa cultura organizativa. Serve-nos a força do vidoeiro.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Empresas, hierarquia e «philia»
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 09/06/2013
Está aumentando a hierarquia nas empresas. Quando o navio corre o risco de afundar – diz-se – é necessário por de lado as práticas participativas e devolver o comando ao capitão, com os oficiais prontos a executar as suas ordens. A hierarquia nas empresas é um grande tema da democracia. John S. Mill, há mais de um século e meio, denunciava a persistência de duas realidades feudais no coração da democracia moderna: a família, onde o relacionamento entre marido e mulher era do tipo patrão-servo, e a empresa capitalista, baseada no princípio hierárquico, herança do mundo antigo.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 05/06/2013
Seria bom aproveitar esta crise econômica para criar uma espécie de juramento, ou pacto ético, para as profissões ligadas à economia. Desde tempos remotos existe já o chamado «Juramento de Hipócrates» para médicos e dentistas no início da profissão. Parece-me que chegou o tempo de introduzir análogo instrumento para profissionais da área econômica.
[fulltext] =>Não apenas administradores de grandes empresas (para os quais já se fala há tempos nesta possibilidade), mas também para conselheiros comerciais, consultores, economistas, gestores ou bancários. Em editorial para a revista (bimestral) “Cittanuova”(n.10), propus que esse juramento tenha o nome de Antonio Genovesi; por duas razões, pelo menos: antes de tudo, porque Genovesi foi um economista que fundou a sua visão da economia e dos mercados sobre uma dimensão ética, sobre a confiança e sobre a felicidade pública. Em segundo lugar porque, em 1754, ele foi o primeiro catedrático de economia na história, em Nápoles. Duas ótimas razões para fazer de Genovesi o Hipócrates das ciências econômicas modernas.
O juramento é uma forma de pacto; por isso utiliza registros e linguagens antropológicos e éticos mais poderosos que os dos contratos. No moderno juramento de Hipócrates, o médico compromete-se a uma «aliança terapêutica», a defender a vida, a nunca praticar atos que «promovam a morte de uma pessoa», a fundar as relações de cura sobre «confiança e informação recíproca», e muitas outras coisas.
Para a redação do juramento poderia e deveria ser criada uma comissão formada por professores de economia, e talvez representantes das profissões econômicas, com o objetivo de compor um breve texto, a partir de algumas intuições do próprio Genovesi (como a contida na afirmação de 1763: «É lei do universo que não se pode construir a nossa felicidade sem edificar a dos outros», integradas com elementos de ética e de ontologia, cuja ausência está na raiz da crise que vivemos.
Exemplos desses elementos a incluir no texto seriam: «1. Não usarei para minha vantagem pessoal e contra os outros as informações a que poderei ter acesso pelo exercício da minha profissão. 2. Verei o mercado como um conjunto de oportunidades para o crescimento coletivo, e não como arena para uma luta ou competição em que uns vencem à custa dos outros. 3. Jamais considerarei o trabalhador apenas como fator de custo, capital, um recurso tal como outros custos, capitais e recursos da economia; antes de qualquer outra coisa, os trabalhadores são pessoas que devem ser tratadas com dignidade, respeitadas, valorizadas, honradas. 4. Darei valor ao mérito, porém, nunca dele tendo uma visão unívoca e reducionista». Etc.
O juramento poderia ser proferido no encerramento da cerimônia de graduação, em momento e lugar solenes. Recordo ainda hoje as palavras e os gestos da minha sessão de licenciatura. São momentos que servem de alicerce para o futuro profissional de uma pessoa. Situar nessa sede o juramento e consigná-lo seguidamente ao e à jovem recém-licenciados, teria um peso moral e simbólico relevante. É claro que os juramentos de hoje não bastam para fazer um bom médico, nem os de amanhã chegarão para fazer um bom consultor comercial; bem o sabemos e vemos na experiência do dia a dia. Mas é também verdade que, devidamente cuidados e pensados, símbolos e "liturgias" podem ajudar à criação de uma mentalidade, uma cultura, dos profissionais e operadores econômicos; dos novos, principalmente. (Com tal propósito, talvez seja oportuno relançar e revalorizar o próprio juramento dos médicos).
As dimensões e opções econômicas têm na vida das pessoas um peso cada vez maior: é sabido que se pode morrer por causa de uma diagnose errada ou superficial, mas pode-se morrer também – estamos assistindo a isso, tragicamente – por causa de uma demissão mal feita, um financiamento que não chega quando deveria chegar, um parecer errado de um consultor. A ética econômica já se tornou bem de primeira necessidade, sem a qual se correm riscos de morte. Tomar consciência desse fato, a começar pelas universidades, de onde saem os futuros profissionais econômicos, pode ser o primeiro passo para a mudança.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 05/06/2013
Seria bom aproveitar esta crise econômica para criar uma espécie de juramento, ou pacto ético, para as profissões ligadas à economia. Desde tempos remotos existe já o chamado «Juramento de Hipócrates» para médicos e dentistas no início da profissão. Parece-me que chegou o tempo de introduzir análogo instrumento para profissionais da área econômica.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 02/06/2013
Para voltar a criar trabalho e desenvolvimento, temos que encontrar um novo relacionamento com o corpo. Mas com o corpo real, não com os imaginários e imaginados, nossos e dos outros, que exaltamos, adulamos, idolatramos, consumimos enquanto jovens e prósperos, mas que depois recusamos, em nós e nos outros, quando adoecem, murcham, envelhecem. O tema do corpo, particularmente do seu eclipse, é fundamental para compreender também algumas dinâmicas decisivas no mundo da grande empresa e da grande finança.
[fulltext] =>As instituições, econômicas e de todo o tipo, podem tornar-se desumanas quando perdem de vista o ser humano concreto, ou seja, corpóreo.
As culturas agrícolas e industriais foram culturas duras, mas humanas, também porque estavam baseadas em encontros e desencontros, entre seres humanos de carne e osso.
Quando os trabalhadores, os clientes e os fornecedores e, quem sabe, os colegas, se tornam realidades abstratas e distantes, e assim quem decide sobre eles não os encontra e não os vê (se não, se calhar, em teleconferência), acontece que as pessoas inexoravelmente se tornam somente números, algarismos, custos.
Perdem o corpo e, por isso já não são verdadeiramente pessoas.
Quando não vejo o rosto do outro, a cor da face, o brilho dos olhos ou não sinto o seu perfume; quando não lhe aperto a mão e percebo se está suada ou trêmula, torna-se impossível fazer escolhas justas e boas e que dizem respeito àquelas pessoas. Cortam-se assim ‘cabeças’ porque não são cabeças de pessoas verdadeiras, mas de marionetes, de ícones no PC, de recursos humanos. Mas quando não se vê no outro o seu corpo, não se vê nada de verdadeiramente humano, porque dizer ser humano é dizer corpo.
O humilde corpo fala melhor e muito mais do que tratados de teologia ou de filosofia, a rica ambivalência da condição humana: algo de frágil como a erva do campo, mas feito “pouco menos do que os anjos” (Salmo 8). O corpo é o da aurora do Cântico dos Cânticos, mas também aquele em declínio de Qoelet: só juntos compreendemos o que seja verdadeiramente o corpo e a relação humana. No declinar, também do corpo, vislumbram-se horizontes invisíveis na aurora. É a consciência carnal desta nossa ambivalência que nos impede de nos sentirmos anjos sem corpo e por isso imortais, ou unicamente erva a calcar. Levar a sério o corpo significa dar dignidade a todos os seus sentidos, porque somente os encontros que os ativam aos cinco, são encontros verdadeira e plenamente humanos. Inclusive o sentido do paladar: é bem conhecido que as comunidades humanas – da família às comunidades religiosas e às empresas – entram em crise quando deixam de comer juntos. Fazer comer à mesma mesa Don Abbondio e Agnese, patrão e operários, é operação entre as mais difíceis e raras.
É o corpo que dita o nosso limite e o dos outros, portanto, a verdadeira alteridade e reciprocidade. Quem não fez a (triste) experiência de escrever e enviar, vítima de uma crise de irritabilidade, e-mail ou sms com palavras e ‘tons’ que não teríamos dito, ou teríamos dito de modo diferente e melhor, se tivéssemos tido diante de nós o outro em carne e osso? Expressões como ‘quero-te bem’ ou ‘deixa-me em paz’ dizem realidades muito diferentes se escritas batendo um teclado, ou pronunciadas olhando o outro nos olhos, ou, no primeiro caso, pegando na sua mão. Não seremos capazes de um novo welfare, muito menos economicamente sustentável e, por isso, de um novo pacto social para a saúde, se não encontrarmos uma amizade com o corpo em todas as suas etapas, com os seus limites. Um doente verdadeiramente incurável é aquele que não aceita o envelhecimento, a decadência e a morte, ou seja, a lei do corpo e da sua linguagem própria. Não nos salvamos verdadeiramente das doenças pela amputação de corpos ainda sãos, mas acolhendo, fazendo entrar em nossa casa, habitando a realidade do limite e, por isso, do sofrimento, da vulnerabilidade, da ferida (vulnus) e da morte, que só assim se pode tornar «nossa irmã morte corporal».
O primeiro e mais profundo conhecimento do mundo passa pelo corpo, e não só para as crianças.
Conhecemos as coisas tocando-as, impondo sobre elas as mãos. O trabalho está em crise porque está em crise o verdadeiro corpo, as suas mãos e o seu típico conhecimento fecundo. Nunca conheci um intelectual gerador de vida, que antes de escrever palavras não as concebesse (conceitos) no labor.
A nossa civilização nunca será uma civilização capaz de fidelidade, enquanto não se reconciliar com o corpo em todas as suas etapas. Cada pacto, a partir do matrimônio, é um sim dito também a um corpo, às suas bênçãos e às suas feridas: é sempre uma fidelidade encarnada.
Como toda verdadeira reconciliação tem necessidade de longos abraços e de choros comuns: não bastam telefonemas, e-mail, skype, cartas de pedido de desculpa dos advogados. «E choraram juntos», diz-nos o livro do Gênesis no seguimento da reconciliação entre Jacob e o seu irmão Esaúl, após longas lutas, feridas e enganos.
Toda cultura que foi capaz de ressurgir, soube antes reconciliar-se com o limite e com a morte, porque cada verdadeira ressurreição traz em si os estigmas das feridas.
Temos que nos reconciliar com o corpo, se quisermos reaprender a arte dos relacionamentos encarnados, os únicos verdadeiros, uma arte que hoje tem poucos alunos, também porque são raríssimos os mestres. E assistimos assim, a um crescente analfabetismo relacional que, muitas vezes, é diretamente proporcional ao papel ocupado na hierarquia empresarial e organizativa. São as mulheres e de modo especial e único as mães, as sábias do corpo, do seu limite e na sua potência vital extraordinária. Como o são os enfermeiros e as enfermeiras, que os doentes conhecem porque – e quando – os tocam. «A primeira cura é o médico», disse-me um médico quando veio a casa para me curar e os sintomas desapareceram logo que começou a visitar-me. Nos conselhos de administração dos hospitais gostaria de ver as enfermeiras, as irmãs e os carismas que têm olhos capazes de ver a bênção para além da ferida do corpo, lugares hoje ocupados por pessoas lautamente remuneradas que em muitos casos os doentes verdadeiros não veem nem muito menos tocam. Voltemos então à escuta do corpo, de todo o corpo e de todos os corpos: ainda têm muitas coisas para nos contar.
Muitas esquecidas, algumas belíssimas. Todas essenciais para a qualidade da nossa vida.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Escutar o corpo, o que ele recorda e ensina
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 02/06/2013
Para voltar a criar trabalho e desenvolvimento, temos que encontrar um novo relacionamento com o corpo. Mas com o corpo real, não com os imaginários e imaginados, nossos e dos outros, que exaltamos, adulamos, idolatramos, consumimos enquanto jovens e prósperos, mas que depois recusamos, em nós e nos outros, quando adoecem, murcham, envelhecem. O tema do corpo, particularmente do seu eclipse, é fundamental para compreender também algumas dinâmicas decisivas no mundo da grande empresa e da grande finança.
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publicado em Avvenire dia 26/05/2013
Há uma renovada vontade de comunidade. Uma vontade que não raro assume contornos de nostalgia, desejo agudo, saudade de pertencer a algo maior e mais resistente do que a nossa singularidade. Quando aos cinquenta anos alguém se encontra sem trabalho ou quando chega aos trinta e o trabalho ainda não apareceu, redescobre na própria carne o valor de ter por perto uma família, uma rede de parentesco, amiga e comunitária, que amortece as próprias quedas e impede a ruína total ou a precipitação no abismo.
[fulltext] =>A gestão sustentável e a elaboração construtiva de cada queda ou desventura são sempre operações familiares e comunitárias, incluindo quedas e desventuras económicas, das quais apenas nos levantaremos se não estivermos sozinhos. Quando chega a tempestade, a cheia ou o tornado, as raízes, a sua profundidade e força, contam muito. Nos momentos de crise, de todo o tipo, quer-se regressar, e se possível regressa-se, às próprias raízes, em especial às primeiras, que são sempre a família, os pais. Parece que o ar, assim como o perfume e o odor da terra que nos gerou, nos faz bem. Salvamo-nos se procurarmos, encontrarmos e depois nos agarrarmos a alguma coisa de forte que vive ainda dentro de nós. Conheci pessoas que foram curadas ou, pelo menos, tratadas de doenças da alma, simplesmente voltando a viver na terra e na casa onde tinham crescido.
Não é por acaso que a árvore é um dos grandes e riquíssimos símbolos da nossa cultura ocidental. Duas árvores estão colocadas no centro do jardim do Éden: a árvore da ‘vida’ e a árvore do ‘conhecimento do bem e do mal’. Na Idade Média, a escola franciscana leu essas árvores primordiais em relação com a árvore da cruz. É a belíssima tradição teológica (São Boaventura) e depois artística (Ubertino da Casale) da arbor crucis, onde Cristo era representado crucificado sobre uma árvore florida e viçosa. A nova ‘árvore da vida’, que de madeiro infelicíssimo se torna a nova e “feliz” árvore. Árvores, raízes, frutos, comunidade. Mas esta mesma imagem da árvore e das raízes revela-nos imediatamente uma radical ambivalência da comunidade. As raízes não bastam para fazer uma vida boa, individual e social. As raízes são essenciais quando há tempestades, mas são fatais durante os incêndios ou secas, quando precisamos de nos mudar e não podemos. Para a vida boa há necessidade da segunda alma do Humanismo do Ocidente: a do homo viator. É esta a alma que encontramos na famosa tese de Hugo de São Victor, um dos pais da cultura europeia, que no início do século XII escrevia: “Quem sente doce a sua pátria ainda é imaturo (delicatus); mais forte é quem sente cada terra como pátria sua”. E depois acrescenta: “mas perfeito é somente quem se sente exilado em todo o mundo”. Uma tradição encarnada também no Ulisses dantesco, que regressado a casa deve partir de novo para o Oceano, a poente. “Nem doçura de filho, ou que se apieda do velho pai, nem o devido amor que Penélope então fizera leda” (Inferno, XXVI). Uma necessidade de ir além que complementa e completa a necessidade de raízes (Itaca) do Ulisses homérico. Itaca e mais além, a árvore e o mar, a stabilitas loci dos monges e o vaguear das ordens mendicantes.
Contínuos enraizamentos e novos desenraizamentos, expiração e inspiração, desejo de casa e necessidade de sair para não ficar prisioneiros das suas consolações. A partir da família, que é boa comunidade quando dá raízes, mas ajuda os filhos a sair de casa e formar outras casas e outras comunidades. São estas as nossas ‘raízes’ europeias, profundas, ricas, ramificadas, entrelaçadas na nossa vida, cultura, literatura, que nos contam histórias infelizes de indivíduos sem raiz, mas também de raízes sem comunidade, ou com comunidades deformadas e mortíferas. Como Cosme, o barão trepador, que foge das suas raízes optando por viver em cima das árvores, que já não são imagem de enraizamento, mas de fuga. Quando a Europa opôs estas suas duas almas coessenciais e as considerou uma inimiga da outra, produziu só desumanismos. Gerou comunidades em que as ligações se tornaram amarras, onde a necessidade de raízes se tornou xenofobia, racismo, nacionalismo, guerras fratricidas. Ou deu vida a indivíduos em quem a necessidade de sair de casa e de pôr-se a caminho se tornou solidão niilista de quem não tem nem meta nem regresso. Devemos hoje recordar-nos e recordar que as crises geram sempre desejo de regresso às raízes, mas pela história sabemos que estes regressos nem sempre foram felizes. O regresso a casa depois da segunda guerra mundial gerou a República e autênticos milagres políticos, sociais e económicos. Mas não devemos esquecer que o regresso às raízes depois da primeira guerra e a grande crise produziram fascismos e depois outra guerra fratricida. Não sabemos ainda como será o regresso a casa depois desta crise. Mas será sem dúvida um mau regresso se quisermos redescobrir raízes nacionais que não sejam também europeias e mediterrânicas. E se nos esquecermos de que a Europa é parte de um mundo mais vasto, do qual também e antes de mais somos cidadãos. Será um bom regresso a casa, pelo contrário, se o desejo de comunidade for desejo de comunidades concretas nos lugares ordinários do viver, e não ‘comunidades imaginárias’, abstratas, ou apenas virtuais. Não é crível uma comunidade onde chamamos “amigos” os quase desconhecidos “encontrados” na rede, quando não queremos encontrar nem sequer tocar ao de leve os vizinhos de casa, os colegas, ou quem mora no nosso mesmo bairro.
A verdade ética de um encontro online mede-se também pelo modo como olho e cumprimento a Ana ou o Abdul que moram no apartamento ao lado. As comunidades mais importantes são as que encontramos sem as ter escolhido, das quais podemos até fugir ou deixar partir, mas que nos formam e nos amam precisamente porque ultrapassam as nossas preferências e gostos. As comunidades que não nos encerram, mas nos abrem à vida, não são clubes, onde se entra pagando quota, para conviver com quem tem os mesmos gostos. Não escolhemos os nossos pais, nem os irmãos, nem os companheiros de escola, de paróquia ou partido. Às comunidades não se pede amizade, nem se dá; pede-se e dá-se muito mais: as raízes, e o desejo de levantar voo.
Traduzido por José Alberto Bacelar Ferreira
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Comentários - Desejo de comunidade: esperar e preparar o «regresso a casa», depois da crise
publicado em Avvenire dia 26/05/2013
Há uma renovada vontade de comunidade. Uma vontade que não raro assume contornos de nostalgia, desejo agudo, saudade de pertencer a algo maior e mais resistente do que a nossa singularidade. Quando aos cinquenta anos alguém se encontra sem trabalho ou quando chega aos trinta e o trabalho ainda não apareceu, redescobre na própria carne o valor de ter por perto uma família, uma rede de parentesco, amiga e comunitária, que amortece as próprias quedas e impede a ruína total ou a precipitação no abismo.
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stdClass Object ( [id] => 17615 [title] => Perguntemos aos jovens [alias] => perguntemos-aos-jovens [introtext] =>Comentários - O trabalho e o Espírito
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 19/05/2013
Não era só culpa da finança. Os spread e as bolsas melhoraram, mas a nossa crise em vez de acabar está a mostrar a sua verdadeira dura natureza: o desemprego e, sobretudo, a ausência de trabalho para os jovens. Damo-nos conta de que a finança especulativa só acelerou e agravou a doença de um sistema económico italiano e da Europa do Sul que desde há algumas décadas já estava em apuros.
[fulltext] =>Certamente que uma finança menos ávida e mais capaz de compreender e sustentar os projetos inovadores, bem como uma classe de economistas e de operadores económicos menos míope e olhando mais longe, teriam podido tornar esta idade de passagem menos dramática e dolorosa. Mas o declínio de inteiros sistemas económico-produtivos espreitava desde há algum tempo debaixo das cinzas da nossa sociedade. E encontramo-nos assim hoje com muitas dúvidas sobre o nosso presente e futuro e com uma certeza: devemos reinventar-nos novo trabalho, que em boa parte será diferente – e muito – daquele que nós e os nossos pais conheceram.
Empreendimento muito audaz, porque deveremos ter o espírito e a força de, contemporaneamente, agir a diversos níveis, todos coessenciais, começando, como se deveria fazer sempre em qualquer boa sociedade, pelas crianças. Deverão ser atualizados e, muito casos, escritos de novo, os seus códigos simbólicos do trabalho. A geração hoje adulta realizou um mundo dos ofícios e das profissões feito de imagens e de símbolos que progressivamente se estão a distanciar das crianças e dos jovens.
São necessárias novas 'línguas' e uma nova capacidade de se compreender entre gerações que já falam idiomas diferentes. Nós, quando éramos pequenos brincávamos com escavadoras, tratores, bonecas e minilaboratórios que na nossa fantasia criavam o trabalho de amanhã, um trabalho futuro que víamos no presente dos adultos à nossa volta, nas leituras da escola, nas histórias dos mais velhos. Brincando crescíamos e preparávamo-nos para o trabalho. Hoje os jogos das crianças são monstros de quatro cabeças, sempre mais nos vídeos e nos telemóveis e sempre mais distantes dos lugares e dos símbolos do trabalho. E, sobretudo, as crianças passam cada vez mais tempo a jogar sozinhas, fechadas e em frente ao televisor. Foi a organização comum de jogos, de partidas de futebol, de caças ao tesouro, o ginásio onde ontem se aprendia a cooperar, a resolver os conflitos, a elaborar as derrotas e os nossos limites e depois, um dia, a trabalhar graças também àquelas esperanças fundadoras do nosso caráter.
Urge um esforço coletivo enorme para recriar as imagens e os sonhos profissionais das nossas crianças e jovens: como farão para, como adultos, inventarem um trabalho e sobretudo um ofício se não o viram nem, muito menos, o sonharam como crianças? E para cooperarem nas empresas de amanhã? Para esta tarefa difícil serviram também os artistas que, com a poesia, a pintura, a literatura, a banda desenhada, as histórias, os jogos, a arquitetura, se põem ao lado das crianças e dos jovens, na escola e fora dela para recriar novas imagens e novas histórias do trabalho e da vida em comum.
Entretanto, porém, é necessário imediatamente gerar trabalho com e para tantos jovens que hoje não estão a trabalhar e amanhã não trabalharão.
Para isto seria necessária uma forma de virtude civil de que se adverte uma grande carestia: a consciência ética de que os primeiros a saber o que serve aos jovens são eles mesmos.
«Ask the boy», pergunta ao rapaz. Esta esplêndida frase de Baden Powell, o fundador dos Escuteiros é uma das intuições mais profundas sobre o justo relacionamento entre adultos e jovens. Uma ideia certamente carismática, porque demasiado verdadeira e universal.
Uma expressão, para além do mais, que é uma das mais eficazes declinações do ‘princípio de subsidiariedade’ na educação: não faça o adulto aquilo que pode fazer o jovem. A jovem, o jovem, os jovens, são eles, antes de todos e de tudo, os que devem pensar e dizer como resolver os próprios problemas, incluído aquele problema crucial que é a ausência de trabalho. O mundo adulto pode e deve fazer muito, mas só depois de ter acreditado e reconhecido esta precedência. A falta de trabalho depende também das novas potencialidade e competências dos jovens que também por falta de auscultações justas e das justas perguntas, não conseguem produzir rendimento, trabalho, ofícios. Mas para fazer as perguntas justas aos nossos jovens, é preciso ser inteligentes, saber ‘ler dentro’ da sua alma e coração, para além da superfície que frequentemente esconde uma vocação profissional desconhecida pelo próprio jovem. “Sabes assobiar?”, perguntou a Bartolomeu Garelli o jovem Dom Bosco, um outro grande mestre de jovens e de trabalho, ao fim de um diálogo profundo com aquele rapaz: «'Quantos anos tens?', 'Tenho 16'. 'Sabes ler e escrever?', 'Não sei nada'. 'Sabes cantar?', 'Não'. 'Sabes assobiar?'». Sim, Bartolomeu sabia 'assobiar' e podia por isso fazer muitas outras coisas boas. Cada jovem, ensina a todos o método salesiano, tem um caminho de acesso à própria excelência. E basta unicamente colocá-lo em condições de o poder encontrar, com as justas escutas, com os justas perguntas e com olhos capazes de ver o invisível debaixo das aparências e fazê-lo emergir, e-ducando (fazendo vir fora a excelência que está dentro, escondida).
Baden Powell e Don Bosco (e as muitas educadoras e os muitos educadores carismáticos da nossa tradição e nosso presente) dir-nos-iam hoje que não pode existir felicidade pública nem alegria civil enquanto quatro em cada dez jovens disponíveis para o trabalho não o encontram e enquanto entre os seis que trabalham há pelo menos três que estão a trabalhar de modo precário e cada vez mais frequentemente no lugar errado que não os faz desabrochar plenamente. Os filhos, os jovens – recorda-no-lo a tradição bíblica – são também o paraíso na terra das famílias. Mas os nossos jovens estão a recomeçar a emigrar, porque pobres novamente de trabalho e esperança. Os avós, os emigrantes de ontem, estão a rever os seus netos voltar a pegar na mala. Ontem, como hoje, à procura de pão e de futuro; ontem, como hoje, com as lágrimas de quem parte e de quem fica; ontem, como hoje, fugindo de uma terra não geradora de trabalho, porque gélida, árida, sórdida. Para a banhar, lavar e aquecer não bastam as políticas económicas, servir-nos-ia um Espírito para lhes dar força, vivificá-las, torná-las eficazes e fecundas. Para dar um novo entusiasmo, vontade de viver e de futuro aos muitos jovens, e não só, que o estão a perder. «Vem pai dos pobres», vem pai dos jovens.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - O trabalho e o Espírito
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 19/05/2013
Não era só culpa da finança. Os spread e as bolsas melhoraram, mas a nossa crise em vez de acabar está a mostrar a sua verdadeira dura natureza: o desemprego e, sobretudo, a ausência de trabalho para os jovens. Damo-nos conta de que a finança especulativa só acelerou e agravou a doença de um sistema económico italiano e da Europa do Sul que desde há algumas décadas já estava em apuros.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 12/05/2013
Há um vício que se está a insinuar também no nosso tempo de crises e que se arrisca tornar-se uma verdadeira doença social. É a tibieza, uma forma de doença de caráter, do espírito e da verdade. Apesar da sua evidente omnipresença, hoje fala-se demasiado pouco de tibieza, considera-se uma palavra arcaica e fora de uso e os poucos que ainda compreendem o seu significado têm dificuldade em considerá-la um vício. Por quais razões, de facto, deveremos considerar como vício o desencorajamento, a tristeza ou o tédio?
[fulltext] =>Mas os fundadores do ethos do Ocidente, dos gregos aos filósofos medievais, pensavam concordantemente que a tibieza era um grande vício, ou seja um vício capital, porque está na origem (fundadora) de outras formas derivadas de desordens ou de doenças do viver, como o sejam a preguiça, a inconstância, a incúria (que é a primeira etimologia de indolência), a falta de sentido da vida, a resignação e as depressões, por vezes também clínicas. Para o compreender é necessário voltar àquelas civilizações e recordar que para aquele humanismo a tibieza ameaçava não só o bem da pessoa individualmente mas, como cada vício, também o bem comum e a felicidade pública, que são o fruto da ação de pessoas dedicadas e empenhadas.
A vida boa é vida ativa, é tarefa, dinamismo, empenho civil, político, económico, laboral. Por esta razão quando se insinua no corpo social o vírus da tibieza, é necessário combatê-lo, afastá-lo, expeli-lo para não morrer. O vício, como a virtude, é antes de mais uma categoria civil: as virtudes são boas estradas para o florescimento humano ou felicidade, os vícios desviam-nos e levam ao definhamento da vida. Com os vícios e sem as virtudes, a vida não funciona. Não são ações singulares erradas mas estados morais e existenciais nos quais se cai pouco a pouco, e não sempre como escolha intencional, realizada pela pessoa na consciência da estrada que estava a tomar (também por isto o vício não coincide com o pecado). O vício, depois, é também um prazer errado e pequeno, que impede atingir aquele bom e grande, ligado ao uso correto (virtuoso) do corpo e do espírito, das pessoas singulares e das comunidades. É o contentar-se com as bolotas dos porcos e perder o alimento da mesa de casa.
Esta busca de um prazer pequeno e errado encontra-se também na tibieza, mesmo que nos possa aparecer menos evidente em comparação com a gula, a avareza ou a luxúria. A tibieza chega após traumas, crises, desilusões, lutos, fracassos e feridas. Em vez de se reunirem todas as forças para retomar e levantar-se, deleita-se no próprio mal, lamenta-se, lambem-se as feridas. Neste deleite indolente consegue-se experimentar também uma certa consolação e até uma certa forma de prazer, um doce naufragar que faz sobreviver – mas não viver – após a crise. Hoje a nossa civilização dos consumos oferece-nos muitas mercadorias que nos tornam mais agradável o cultivo da tibieza (pensemos ainda na tv), amplificando as suas armadilhas. Este prazer indolente é, no entanto, um prazer errado, míope e muito pequeno, porque não é a passividade narcisística da preguiça a justa elaboração dos nossos fracassos mas – recorda-nos a sabedoria antiga – a vida ativa, o sair fora de casa, o pôr-se em caminho com solicitude...
Por isso uma doença atual, também esta endémica e social e que se assemelha muito à antiga indolência, é o narcisismo. A tibieza é então um grande vício porque quando toma pé leva-nos a estar mal e a viver mal e se não enfrentada leva a verdadeiras mortes espirituais de pessoas – há tantas hoje, se as soubermos ver, no mundo da empresa e do trabalho – que após uma grande crise renunciam a viver e a fazer viver quem lhes está ao lado, exatamente porque incapazes de recomeçar a viver e a fazer viver.
O que vem a ser a tibieza ou a melancolia, diz-nos com a força típica da grande arte a misteriosa gravura de Dürer, onde a melancolia (sinónimo, naquele tempo, de tibieza e tristeza) é representada por um pequeno ser monstruoso que impede o autor de usar os seus instrumentos de trabalho, que jazem, abandonados, por terra. E como fundo um céu estrelado. Trabalho e estrelas, dois elementos que durante os tempos dominados pela tibieza, caem juntos. Como nos anos em que foi criada esta obra-prima e que são os do Príncipe Maquiavel, do declínio do humanismo civil, de guerras civis em Itália e de lutas de religião na Europa. E por isso da tibieza que acompanhava aqueles tempos de crise e acompanha os nossos.
Como para todos os vícios, a cura mais eficaz é individuar os primeiros sintomas e bloquear imediatamente o processo veloz e acumulativo. Não fechar os processos, deixar os trabalhos a meio, não reler a última prova de um artigo, experimentar tédio pelo trabalho bem feito, repetir frequentemente a si mesmo: ‘Mas quem é que me obriga a fazê-lo?’, ‘Não vale a pena’. São estes os primeiros sintomas de uma tibieza incipiente.
A antiga sabedoria da ética das virtudes e dos vícios sugere-nos que quando nos damos conta dos primeiros sinais, devemos reagir imediatamente e “sem demora” – o vício consiste na ausência desta reação decidida, não no sentir os sintomas. ‘Vou partir e vou ter com meu pai’: é esta a resposta virtuosa à tibieza para a qual bastaria a bolota.
Na gravura de Dürer, juntamente com os instrumentos de trabalho abandonados, há também o céu estrelado, mas aquele homem melancólico olha para um outro lado. A crise é devastadora quando se apagam na alma os desejos. O desejo tem necessidade da crise porque nasce mesmo da ausência e da queda das estrelas (de-sidera ou seja ausência de estrelas) e da vontade de as reencontrar. Quem cai na tibieza contenta-se com um céu escurecido, não quer rever as estrelas. E demasiado frequentemente este triste contentar-se depende das solidões, da falta da companhia de alguém que sabe estar ao lado e sabe levar a rever as estrelas.
Desta crise, demasiado séria para atribui-la unicamente às escolhas económicas e financeiras, sairemos transformando resignações, abatimentos e tibiezas de muitos cidadãos e de inteiras nações em novos projetos políticos e num novo entusiasmo civil, voltando a agregar solidões em destinos sociais comuns, paixões tristes e estéreis em paixões felizes e geradoras, vícios em virtudes civis. Conseguiremos?
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Comentários - O grande vício dos tempos de crise
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 12/05/2013
Há um vício que se está a insinuar também no nosso tempo de crises e que se arrisca tornar-se uma verdadeira doença social. É a tibieza, uma forma de doença de caráter, do espírito e da verdade. Apesar da sua evidente omnipresença, hoje fala-se demasiado pouco de tibieza, considera-se uma palavra arcaica e fora de uso e os poucos que ainda compreendem o seu significado têm dificuldade em considerá-la um vício. Por quais razões, de facto, deveremos considerar como vício o desencorajamento, a tristeza ou o tédio?
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 05/05/2013
Impressiona ver a quantidade de salas de cinema que se fecham nestes tempos de crise. O encerramento de uma sala não é só o fim de uma empresa. O cinema é também o ícone de um uso relacional do tempo que hoje encontra cada vez menos lugar numa sociedade onde o consumo está a assumir cada vez mais os contornos do indivíduo só e solitário. É a lei do mercado, dir-se-á. De um certo mercado anónimo, seria necessário acrescentar, que preenche com as suas mercadorias aquelas solidões que ele mesmo cria.
[fulltext] =>Não é necessário incomodar economistas e sociólogos para compreender que há uma diferença radical entre a experiência que faz quem vê um filme no cinema e quem vê o mesmo filme em casa, sobretudo se o primeiro é visto com amigos e o segundo sozinhos, porventura diante do computador. Quando se sai para ir ao cinema juntamente com amigos, preparamo-nos, investimos tempo na escolha que é fruto de diálogo com os outros, um diálogo que leva frequentemente a ver filmes que nunca teríamos visto se tivéssemos seguido unicamente os nossos gostos pessoais (descobri filmes esplêndidos para alegrar um amigo). Fala-se antes e, sobretudo, após o filme, um filme que de simples produto se transforma assim num encontro, onde à “mercadoria” se juntam outros bens, entre os quais são fundamentais aqueles bens relacionais que produzimos e consumimos juntos. Acontece também voltar ao cinema para rever o mesmo filme com outros amigos, porque agrada-nos ver se o nosso amigo se comove exatamente naquelas passagens nas quais me emocionei (e me re-emociono) também eu. A mútua “correspondência de sentimentos” (estar conscientes de que se está a experimentar juntos a mesma emoção), dizia Adam Smith há dois seculos e meio, é uma das principais fontes de felicidade. Este cruzamento de bens-emoções-relacionamentosnormalmente não acontece ou acontece de modo de modo mais empobrecido, no consumo individual de vídeo em casa para não falar do visionamento de obras-primas na TV. Todos sabemos que “Amarcord no cinema” e “Amarcord no computador” são duas realidades, dois bens muito diferentes – pena é que nos sejam apresentados (e vendidos) como idênticos.
E abre-se aqui uma reflexão muito mais geral. Até há tempos recentes, para poder “consumir” alguns bens (arte, cultura, festa, música, religiões, desporto, política, jogo, escola, cuidados e muito mais) devia necessariamente estar junto com os outros. A esses bens estavam indissociavelmente ligados também os bens relacionais. A música ouvia-se em concertos ou em salões de baile, o desporto nos campos ou pavilhões e ao cinema ia-se juntos. A invenção do mercado consente hoje e sempre mais, separar em muitos bens a componente relacional daquela propriamente individual. Posso ouvir sozinho música com a Ipod e, depois, quando e se quiser, sair com os amigos. Posso correr sozinho (com o Ipod), cruzando-me nos parques com muitos outros corredores solitários sem encontrar nenhum e, depois, se e quando quiser, cultivar as minhas amizades. O mesmo acontece com os filmes, com a política (passou-se dos comícios na praça a monólogos no sofá com políticos televisivos) e já também com a Universidade (em breve “compraremos” exames e títulos on-line sem necessidade de encontrar ninguém) numa progressiva separação das mercadorias dos relacionamentos humanos. Substituímos o relacionamento “eu-tu” (através da mercadoria) com o relacionamento “eu-mercadoria” e “tu-mercadoria”, remetendo o “nós” para um segundo, futuro, momento.
Este é o humanismo do mercado capitalístico (não de todo o mercado), do indivíduo, da liberdade de escolha. Também estes são valores do Ocidente e das suas raízes cristãs, que desempenharam uma função decisiva na libertação dos indivíduos de muitos, demasiados, relacionamentos não escolhidos, de “bailes” com as pessoas erradas e não amadas. Mas os estudos sobre o bem-estar das pessoas dizem-nos no entanto coisas que é bom ter presente para avaliar bem os benefícios do mercado juntamente com os seus custos e procurar porventura reformá-lo. A oferta de muitos bens depurados e esterilizados por relacionamentos pessoais tem visto, nas últimas décadas, uma aceleração impressionante. A concorrência de mercado, unida ao progresso técnico, baixa os custos dos bens e os custos monetários mas, sobretudo, os custos em termos de tempo.
Custa assim sempre menos tempo ver um filme em casa: nem tenho de sair, nem sequer levantar-me da cama. Mas – e eis aqui o ponto – sair de casa para ir ao cinema ou praticar desporto/esporte com os amigos, custa mais ou menos como há cem anos, para não falar do “custo” do investimento (de tempo, recursos, amor…) numa amizade ou numa família que custa, mais ou menos, como há mil anos. Para além disso é arriscado o tempo e os recursos investidos numa amizade, pode ferir-nos quando falta a reciprocidade. Por uma lei económica muito simples sabemos que quando o preço de um bem (mercadoria) desce muito e o custo do outro (bens relacionais) permanece constante, é como se o segundo custasse muito mais. Por outras palavras, um mercado que para aumentar as minhas liberdades me separa as mercadorias dos relacionamentos, na realidade está a tornar também muito custosos os bens relacionais. “Há dias – contou-me um meu colega – tinha pedido ao pai para irmos juntos ao concerto do coro de minha mulher. Toco à campainha e ele diz-me que tinha mudado de ideias. Compreendia-o: chovia, vestir-se, sair... era muito mais “custoso” que estar no sofá em frente de um filme”. E depois acrescentou: «Na manhã seguinte ter-se-á arrependido». O que fazer então? Podemos fazer pouco, mas alguma coisa sim. Antes de mais com a taxação dos bens que tem também a finalidade de favorecer os bens socialmente meritórios (e hoje os bens relacionais são-no, num mundo de crise de ligações e, por isso, de felicidade). Mas também com a educação.
Um primeiro passo poderá ser o de inserir nas escolas a educação ao consumo e ao relacionamento com os bens, ensinando a distinguir entre o consumo de mercadorias que são mercadorias e basta, dos bens relacionais que são também um investimento em vida boa. E depois ponhamos a tecnologia ao serviço dos relacionamentos. Penso naqueles círculos culturais, naquelas paróquias, onde hoje com uma despesa muto contida podem adquirir um projetor vídeo de qualidade e recriar novos 'cinematógrafos'. E podem assim recriar a magia do cinema, a alegria dos relacionamentos, das comunidades que hoje se estão a empobrecer demasiado, empobrecendo-nos a todos.
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