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Comentários - Esta Itália, este 1º de Maio

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 01/05/2013

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Este primeiro de Maio é uma festa mista. Mas sempre é uma festa, e é bom que seja assim. Uma festa com os cartazes do trabalho, e com os do não-trabalho. Uma festa acompanhada de lágrimas, por vezes verdadeiras depressões, dos desempregados, de quem perdeu o trabalho ou de quem, jovem, não o encontra. Hoje devemos escutá-los mais e melhor que ontem, pormo-nos a seu lado. Devemos festejar o trabalho, acima de tudo quando sofre e está em crise, porque as festividades são preciosas nos tempos da provação, quando se atravessam os desertos, quando nasce a nostalgia das "cebolas" da escravidão no Egito.

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Mas não esquecemos as lágrimas de quem não pode trabalhar no dia anterior e no dia seguinte ao da festa, se queremos que a de hoje seja verdadeiramente festa da República, festa de toda a Itália. A fusão, hoje, entre a festa do primeiro de maio e aquela de dois de junho, será talvez a única redução aceitável de dias feriados, porque quando não há trabalho, ou é mau, demasiado precário e inseguro, é a parede mestra da República que cai, que é a primeira parede de cada casa. A taxa indecente de desemprego é a primeira taxa na nossa Casa comum; uma taxa desumana, esta sim, que devemos imediatamente revogar. A do trabalho está a tornar-se na maior escassez da nossa sociedade, uma escassez que convive, como todas as carências da História, com a opulência de tantos, para quem a crise da gente pobre, ou simplesmente da gente comum, não começa ou acaba nunca, porque não são atingidos e, por vezes, são também beneficiados.

Existe agora uma pergunta difícil, pouco popular e edificante nesta bela festa do trabalho: festa de qual trabalho? E de que trabalhadores? O trabalho é o grande denominador comum da democracia. É um elemento que nos une e que nos faz (num certo sentido) iguais aos de lá, ou aos de cá, das diversidades de salário, de papéis, de funções, classes sociais. E é também para apontar esta dimensão de igualdade entre os cidadãos que o trabalho cria - e que a ausência de trabalho, e os rendimentos, pelo contrário destroem - que nós quisemos escrever, e queremos continuar a escrever, como primeira palavra da República.

Por esta razão, hoje festejam, e podem festejar, os operários e os gestores de topo milionários; as mulheres que sustentam, trabalhando, maridos desempregados talvez mesmo arruinados pelas "slot machines" e os dependentes daquelas mesmas salas de jogo; os gestores de "hedge funds" e os operários que estão a perder o trabalho porque a propriedade em crise vendeu a empresa a esses mesmos fundos especulativos. Todos trabalhadores, todos em festa hoje. Mas se nos fecharmos a esta dimensão do trabalho e da sua festa, enquanto real e verdadeira, que não teria tomado a alma mais profunda deste dia ou, talvez, a do trabalho.

Se, de facto, é verdade que há qualquer coisa em comum entre o trabalho de Carlo, gestor superiormente bem pago e aquele de Ana, trabalhadora sazonal, são muito mais as coisas que estas duas atividades humanas não tem em comum, e que estão muitas vezes em conflito uns com os outros. Como há algo em comum, mas sobretudo tanta diversidade, entre Joana, que nestes tempos de crise está a drenar as poupanças de uma vida para não fechar a loja e despedir os seus dois funcionários, e os proprietários do hipermercado na periferia. Uma primeira coisa muito diferente entre Ana, Joana e Carlo chama-se poder, uma outra privilégios, uma outra chama-se direitos, outra ainda mais oportunidades, liberdades, salários e folhas de pagamentos, e talvez outra a alegria de viver (quem sabe qual será a maior diferença?!)

O trabalho expressa a substância da democracia, porque incarna as diferenças reais entre as pessoas, aquelas que contam verdadeiramente para a qualidade de vida e para a dignidade. E ele diz muito mais do que as finanças ou de que o consumo. Quando Luca, trabalhador, entra num concessionário e consome comprando (muitas vezes a crédito) um automóvel desportivo, o vendedor trata-o de um modo muito semelhante, em certos casos idêntico, ao muito rico ou ao seu "patrão" na empresa. Conduz pela cidade e sente-se, no seu belo automóvel, igual aos seus superiores hierárquicos, ao seu presidente de câmara, aos seus governantes. É esta uma dimensão da democracia associada ao consumo, essencial para entender o mundo moderno e a força simbólica e evocativa dos bens, mas muito frágil e superficial. Quando, de facto, aquele trabalhador desce do automóvel e entra no seu posto de trabalho, apercebe-se logo que não é verdade que seja igual ao seu chefe, e, efetivamente, se não tem um posto de trabalho seguro, ou se o perde, muda radicalmente o atendimento do concessionário e da financeira e Luca volta a assemelhar-se ao antigo servo.

Neste dia devemos então recordar que uma das principais esperanças e promessas da civilização moderna é aquela de associar, acima de tudo, o (justo) trabalho à redução das distâncias entre direitos, oportunidades, liberdades efetivas, dignidade entre as pessoas. E até há algumas décadas atrás essa civilização tinha também, pelo menos em parte, conseguido atingir essas esperanças e promessas, uma vez que as distâncias entre o operário da fábrica e o seu patrão eram menores do que aquelas entre o servo da gleba e o senhor feudal.

Os contratos de trabalho ligam entre si as classes, os interesses, as pessoas, dando vida a uma rede de solidariedade que envolve, ou deveria envolver, toda a sociedade e, um dia, o mundo. É também esta a verdadeira vocação social do trabalho, a sua altíssima dignidade: ser o cimento da sociedade, ligação de reciprocidade que une entre si os diferentes, que aproxima uns aos outros em relações de mútuo benefício e amizade civilizadora. Mas neste tempo de capitalismo financeiro, estas distâncias sociais e económicas voltaram a crescer, e os novos patrões estão, perigosamente, assemelhando-se muito, demasiado, aos antigos senhores feudais. Por estas razões a festa do trabalho é acima de tudo a festa da Ana, da Joana, do Luca.

Uma festa de todos, mas que é da parte de quem está ainda muito distante de Carlo, e que lhe coloca, pelo menos hoje, algumas questões difíceis, convidando-o, porventura, à conversão individual e de sistema. Um dia, este, que nos diz que não devemos ficar em paz até que as distâncias medidas com a fita métrica das liberdades efetivas, dos direitos, das oportunidades e da dignidade não forem reduzidas e, em muitos casos, anuladas. A Itália é uma República democrática fundada sobre o trabalho.


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Comentários - Esta Itália, este 1º de Maio

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 01/05/2013

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Este primeiro de Maio é uma festa mista. Mas sempre é uma festa, e é bom que seja assim. Uma festa com os cartazes do trabalho, e com os do não-trabalho. Uma festa acompanhada de lágrimas, por vezes verdadeiras depressões, dos desempregados, de quem perdeu o trabalho ou de quem, jovem, não o encontra. Hoje devemos escutá-los mais e melhor que ontem, pormo-nos a seu lado. Devemos festejar o trabalho, acima de tudo quando sofre e está em crise, porque as festividades são preciosas nos tempos da provação, quando se atravessam os desertos, quando nasce a nostalgia das "cebolas" da escravidão no Egito.

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Festa do dever e da esperança

Festa do dever e da esperança

Comentários - Esta Itália, este 1º de Maio por Luigino Bruni publicado em Avvenire  dia 01/05/2013 Este primeiro de Maio é uma festa mista. Mas sempre é uma festa, e é bom que seja assim. Uma festa com os cartazes do trabalho, e com os do não-trabalho. Uma festa acompanhada de lágrimas, por ve...
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Comentários - Esta crise é uma «grande depressão»: uma doença social

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 21/04/2013

logo_avvenireAs crónicas continuam a falar-nos de suicídios de empresários e de trabalhadores. Mas há também tantos, demasiados, verdadeiros suicídios de empresas, dos quais, pelo contrário, se fala muito pouco. Esta crise é mesmo uma 'grande depressão'. Nela encontramos todos os sintomas das depressões sérias: tristeza constante, falta de entusiasmo, desejo que se apaga, vontade de deixar correr e, sobretudo, ausência de alegria de viver, daquela vontade de se levantar de manhã com o gosto de enfrentar o dia, de encontrar as pessoas, de ter algo belo para fazer e contar a si próprio, à própria família, aos outros.

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O sentido da vida não é – e não deve ser – somente o sentido do trabalho, mas é também o sentido do trabalho e da empresa. Na China impressionou-me descobrir que a palavra com que no ocidente significamos 'business' é composta pela união de dois ideogramas, vida e significado: o sentido da vida. «Fiz nascer esta empresa porque tinha alguma coisa de belo para dizer», disse-me um dia um empresário.

Mesmo sendo empresário e trabalhando adquire-se sentido, significado e direção. E quando trabalho e empresa entram em crise, pode acontecer que não se saiba já para onde ir, se desoriente e assim se perca o porquê do caminho e das suas fadigas.

Há uma grande fadiga típica destes tempos. É a que vivem os empresários que procuram resistir às fortes tentações de vender a própria empresa, ou de fechar, desistir. Há empresas que é bom que sejam vendidas e por diversas razões. Porque a propriedade esgotou a sua força inovadora, porque o empresário entra na reforma/se aposenta e os filhos não têm intenção de continuar a obra ou porque é uma empresa que não tinha nascido de um projeto vital, mas do ter individuado uma oportunidade e, assim como foi percebida na “entrada”, pode-se perceber – se calhar em condições menos favoráveis – também na “saída”. E poderíamos continuar, com muitas outras razões de ‘boas’ vendas de empresas, que frequentemente produzem os mesmos efeitos da venda por parte dos herdeiros de uma rica e antiga biblioteca: desagrada, mas os livros são libertados, voltando a reviver noutros leitores, em novas bibliotecas.

Há também empresas que até é bom que fechem, porque simplesmente concluíram o seu ciclo de vida e a sua função, ou porque seria demasiado custoso e provavelmente ineficiente investir para esperar uma segunda vida ou porque nascidas mal, por finalidades unicamente especulativas. Para estas empresas valem as palavras escritas por Manzoni sobre a mulher Prassede: «Quando se diz ter morrido, está tudo dito». A responsabilidade de proprietários e instituições, no entanto, é fazer de modo que os danos sobre os trabalhadores sejam evitados ou limitados ao mínimo o que, infelizmente, quase nunca ou demasiado raramente acontece nos períodos recessivos.

Mas há empresas que não deveriam ser vendidas nem fechadas, porque têm ainda algo para dizer, histórias para contar, potencialidades não expressas, bons produtos. Hoje a muitas destas empresas está a acontecer este triste fim. Por detrás destas vendas ou encerramentos errados há frequentemente uma crise pessoal de um empresário, de uma empresária, de uma família, de um grupo de pessoas que a uma certa altura já não acreditam que a sua ‘criatura’ possa ter um futuro. Estas crises são parte da vida, mas na fase de depressão coletiva como a nossa, estas crises tornam-se muitas, mais duras, amplificadas pelo sentido de abandono por parte dos mercados, bancos, instituições.

Em muitos casos o empresário entra numa verdadeira prova moral ou espiritual e tem a impressão de ter conduzido a si mesmo, a sua família, os seus trabalhadores, a comunidade circunstante para uma aventura ingénua e errada, talvez ligada (assim o pensa) à soberba, orgulho, à inconsciência sobre os próprios limites e verdadeiros meios. Às vezes estas experiências são acompanhadas por doenças, cansaço, calúnias, denúncias e entrevê-se na venda ou até na liquidação da empresa o único caminho de salvação cobiçado. E assim, sobretudo quando a crise reduz faturação e margens, não se vê o momento em que chegue alguém e nos leve aquilo que, se antes era ‘sentido’ da vida, agora se tornou unicamente num peso, se não mesmo num beco.

Nestes momentos não importa quem, com quais capitais e com qual projeto, chegue este novo empresário/especulador, desde que convença os bancos e se calhar os sindicatos. E assim décadas, por vezes séculos, de história familiar, comunitária, de capitais de saberes, correm o risco de desaparecer, porque já não há força e condições para superar a prova e porque demasiadas vezes se está sozinho e deixados sós pelas instituições. É a empresa que se suicida e por vezes também, com ela, o empresário. Os dados sobre a má cessação destas boas empresas são graves, impressionantes. Há então uma necessidade extrema de criar ‘lugares’ para acompanhar estes empresários e trabalhadores que se encontram a enfrentar estas provas espirituais e coletivas.

As civilizações conheceram doenças sociais semelhantes e souberam curá-las (com os ritos, a arte, os mitos). Uma cura, e os seus lugares, que devemos procurar, depressa, também nós, Nestes novos lugares não são tão necessários consultores fiscais ou economistas e nem sequer as (muito necessárias) instituições mas peritos em humanidade, homens e mulheres capazes de esperança, que conheçam as mentes humanas e as saibam cuidar com a escuta das suas histórias e com (poucas) palavras.

Servem sobretudo comunidades curantes. E, em vez disso, na nossa cultura separámos demasiado o 'business' do resto da vida, os contratos dos dons, o eros do agape; e assim já não compreendemos que um empresário e uma empresária são antes pessoas e que sob uma crise empresarial pode esconder-se uma verdadeira prova moral e espiritual, que deve ser cuidada a esse nível, que é muito mais profundo e vital do que os 'business plan' e os empréstimos bancários (que porém, hoje, ajudariam e muito). Para restituir vida ao nosso 'business' doente é necessário então voltar a dar ‘sentido da vida’ e da sua empresa a tantos empresários e trabalhadores que o estão a perder.

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Comentários - Esta crise é uma «grande depressão»: uma doença social

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 21/04/2013

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O sentido da empresa

O sentido da empresa

Comentários - Esta crise é uma «grande depressão»: uma doença social por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 21/04/2013 As crónicas continuam a falar-nos de suicídios de empresários e de trabalhadores. Mas há também tantos, demasiados, verdadeiros suicídios de empresas, dos quais, pelo contrário...
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 Comentários - Para além da crise, recuperando visão e capacidade geradora. Também dos capitais.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 14/04/2013

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As crises, sobretudo as profundas e graves, são um sinal de como uma comunidade civil ou económica esteja a esgotar a sua capacidade geradora e já não seja mais capaz de criar valor económico, civil, político, cultural, científico, porque perdeu os seus valores, já não sabe aquilo que vale. Há uma regra geral no coração da lei de evolução das civilizações e da sua economia: a força geradora do uso civil das riquezas apaga-se quando atinge o seu cume, porque os sucessos e os frutos, com o tempo, acabam por apagar aquela fome de vida e aquela esperança que os tinha gerado. 

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Isto não é só evidente pela análise histórica: basta ir de vez em quando à China (onde agora me encontro), às Filipinas, ao Brasil para ver que a raiz do seu (atual) desenvolvimento económico e civil toma linfa vital do entusiasmo civil e da vontade de resgate individual e social, que se exprimem também naquela alegria de viver que se respira nas ruas, sobretudo entre pobres e crianças.

Estes recursos morais e espirituais consomem-se, mas não se regeneram por si só e assim, após períodos mais ou menos longos, esgotam-se. É uma lei ao mesmo tempo implacável e providencial, porque é também um grande mecanismo que faz com que não sejam sempre os mesmos a subir ao carrocel do bem-estar e da prosperidade. Sobre o plano económico-civil, tudo isto faz com que nas fases civilmente positivas e expansivas, os capitais (stock) estejam ao serviço das rendas (fluxos): são os terrenos, as casas, os imóveis, as poupanças, os títulos / ações a estar em função dos rendimentos do trabalho (salários) e de empresa (lucros). Nestas fases felizes, os capitais existem e são importantes, mas estes capitais são postos a render, a circular e a frutificar pelo desenvolvimento e pelo bem comum.

A virtude dominante nestes períodos civilmente fecundos é a esperança que leva a olhar os capitais (reais e financeiros) como instrumentos a colocar em jogo, como talentos a traficar para que tragam fruto. Olha-se para os stock em vista dos fluxos. Veem-se os “cem” do valor do capital de hoje, mas quanto mais se veem os “cinco” que aqueles cem bem investidos poderão produzir, porque aquele rendimento / fluxo é um sinal da capacidade geradora da minha empresa, da minha vida. O primeiro sentido do bom cereal não é a sua acumulação nos celeiros. É também esta a diferença entre investimento e pura acumulação, e entre o empresário, o protagonista das fases expansivas e o especulador, protagonista de todos os declínios.

A riqueza geradora de rendimento torna felizes e fecundos, enquanto a riqueza acumulada por si mesma torna miseráveis e estéreis. Quando a cultura latina queria representar a felicitas os seus símbolos e as suas imagens eram as colheitas fecundas (Campania felix), os instrumentos de trabalho e as crianças que, hoje como ontem, são primeiro sinal da fecundidade feliz de famílias e povos. Tudo isto sabe-o bem também a grande cultura dos povos com a sua arte: quando quiseram representar o ícone da infelicidade individuaram-no mais no avarento do que no pobre, porque o avarento é um rico miserável que não conhece – ele com os seus haveres – o florescimento e a fecundidade, como os capitais deportados hoje para os paraísos fiscais.

Uma empresa, um sistema económico, uma civilização começam então a sua decadência quando o nexo entre capitais e frutos se inverte e a finalidade dos capitais se tornam os capitais.Na esperança introduz-se o medo, o sentido do cereal torna-se o celeiro e esquece-se de quem tem necessidade daquele cereal para viver e para trabalhar. Na linguagem da economia a grande crise começa quando os rendimentos (fluxos) são vistos em função dos capitais (stock), os lucros e os salários em função dos rendimentos. Assim os empresários transformam-se em especuladores, as elites que tinham determinado a fase virtuosa do ciclo económico-civil tornam-se castas, que dedicam as suas energias a conservar os privilégios adquiridos nos tempos passados. Nos períodos felizes prevalecem a confiança e a cooperação e olha-se para os outros como potenciais parceiros para novos e comuns empreendimentos. Nas fases de declínio olha-se com suspeição e o vizinho torna-se um rival, um inimigo que pode subtrair-nos uma fatia daqueles rendimentos. Os relacionamentos sociais tornam-se maus, os outros (não nós) são todos evasores e desonestos, o seu bem-estar torna-se uma ameaça para o nosso. E pelo contrário, nos períodos melhores, é exatamente “o mercado que nos ensina a ver com benevolência a riqueza e o bem-estar dos outros” (John Stuart Mill, 1848), porque contam os novos bolos e não a dimensão das fatias que criámos no passado. Na Itália hoje conseguimos até fazer pior: “conseguimos litigar para repartir futuros bolos que nunca criaremos”, confidenciava-me um empresário siciliano.

A nossa crise está então a dizer que estamos a delapidar os capitais de valores civis e religiosos que tinham operado os milagres económicos e sociais das décadas passadas. È necessário um novo milagre económico, civil, moral. Após a segunda guerra mundial os nossos pais e avós pegaram nos escombros produzidos por humanismos fratricidas e, com os seus valores, fizeram-nos tornar tijolos, pedras angulares das suas novas casas e da casa europeia. Se hoje quisermos ver um presente e um futuro possíveis e, quem sabe melhores, devemos encontrar os recursos para transformar os nossos escombros numa nova casa e numa nova eco-nomia. Os nossos escombros não feitos de cimento e cal mas também esta crise está, a seu modo, a destruir casas, fábricas, igrejas, está ceifando as suas vítimas, tem os seus heróis e a sua Resistência. Devemos encontrar os recursos par recolher os escombros e transformá-los em novos tijolos. E devemos cavar muito, porque as melhores pedras não estão á superfície: em parte estão ainda enterradas ou ignoradas porque – como a nossa vocação comunitária – foram consideradas pedras de tropeço e rejeitadas. Urge salvá-las, transformando-as em pedras angulares da nova casa, da nova economia, do novo trabalho.


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 Comentários - Para além da crise, recuperando visão e capacidade geradora. Também dos capitais.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 14/04/2013

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As crises, sobretudo as profundas e graves, são um sinal de como uma comunidade civil ou económica esteja a esgotar a sua capacidade geradora e já não seja mais capaz de criar valor económico, civil, político, cultural, científico, porque perdeu os seus valores, já não sabe aquilo que vale. Há uma regra geral no coração da lei de evolução das civilizações e da sua economia: a força geradora do uso civil das riquezas apaga-se quando atinge o seu cume, porque os sucessos e os frutos, com o tempo, acabam por apagar aquela fome de vida e aquela esperança que os tinha gerado. 

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O cem e o cinco

O cem e o cinco

 Comentários - Para além da crise, recuperando visão e capacidade geradora. Também dos capitais. por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 14/04/2013 As crises, sobretudo as profundas e graves, são um sinal de como uma comunidade civil ou económica esteja a esgotar a sua capacidade geradora e já ...
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 Comentários - Itália e Europa, fisco e empresa

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 07/04/2013

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Estamos caindo numa verdadeira armadilha de pobreza. A espiral agora está bem delineada: (1) o Estado endividou-se e deve encontrar recursos; (2) os recursos não vem do rendimento/PIB porque estamos em recessão; (3) não resta, senão, o agravamento fiscal principalmente sobre famílias e empresas; (4) a pressão fiscal exasperada reduz ainda mais a renda produzida; (5) são necessárias outras taxas para encontrar os recursos; (6) ainda menos renda e… por aí afora, numa espécie de dança macabra que se enrosca sobre si mesma e em direção ao fundo.

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E, como se não bastasse, as empresas não encontram crédito nos bancos bloqueados pelos seus próprios problemas (e miopias) e por regras externas. Ainda bem que, ontem, o governo Monti tomou uma medida - finalmente autorizada pela UE - que está destinada a pôr fim numa escandalosa opressão: as dívidas não pagas pela mesma máquina estatal que, com a outra mão, as molesta com uma pressão fiscal sobre as empresas que é quase o dobro da exercida sobre os rendimentos. Um teorema perfeito, que desempenharia um belo papel em qualquer tratado de economia que quisesse descrever a “crise perfeita” de um sistema econômico.

Tais “crises perfeitas” levaram ao declínio civilizações inteiras. Já sabemos que o caminho de saída real (não aqueles imaginados por ignorância ou propaganda) é um só: relançar o desenvolvimento econômico e por isso emprego, demanda e renda. Mas, na realidade, esta não é a solução, mas o coração do problema, porque para fazermos tudo isto, temos que afrouxar os vínculos impostos pela Europa sobre a equação dívida/PIB e permitir-nos investimentos públicos que nos consintam, daqui a alguns anos, retomar um sentido de verdadeiro desenvolvimento. Uma empresa que se encontra em crise grave pode e deve certamente reduzir os custos, mas se não investir e relançar um novo projeto de empresa não tem futuro. A crise ou é a aurora de um novo dia ou é o pôr-do-sol: urge estar atentos porque as cores do céu são semelhantes e podemos confundi-las.

Fico sempre mais convencido e, afortunadamente, em companhia de economistas como Amartya Sen - daquilo que nas páginas de "Avvenire" foi escrito mais e outras vezes: a Itália e os outros países em crise devem renegociar na Europa os conhecidos parâmetros  postos hoje pela Fiscal Compact e fazer nascer uma temporada de novos investimentos que relancem trabalho, empresa, competitividade e, antes de mais, escola e Universidade. As nossas empresas não estão “fritas”, podem partir de novo porque têm potencialidades ainda muito pouco valorizadas, entre as quais a sua cultura, arte, território, inteligências, turismo, sobretudo no Sul. Mas sem novos grandes investimentos de sistema e com uma visão (que hoje não existe), estes nossos imensos patrimônios não produzem rendimento nem emprego ou não produzem suficientemente.

Na armadilha em que caímos, os empresários, os trabalhadores, as famílias, sozinhos, não conseguem voltar a levantar-se: há uma urgente necessidade de uma ação pública decidida, forte, coerente, rápida. Mas há mais: os empresários e os trabalhadores estão exaustos e as energias restantes para resistir e não morrer verdadeiramente são poucas. E aqui, mais uma vez, é bom sermos claros: não existem álibis para ninguém, somente uma classe política e um Parlamento irresponsáveis podem assistir passivos a este cenário. Há depois um fator cultural a ter em conta. Se olharmos para a história damo-nos conta que as nossas classes dirigentes, na Itália e em muitos países latinos, não tiveram um olhar benévolo para com o trabalho, os comerciantes e as empresas. Olharam para os comerciantes como “Judas” (recorda - no-lo o título do belíssimo livro do historiador Giacomo Todeschini, 2011), ou seja, gente moralmente ambígua porque, exatamente como Judas, negociam com ‘finalidade de lucro’, por trinta dinheiros, por bens privados.

Ao invés, é bom o dinheiro despendido pelo Estado e pelos governantes, porque diferentemente dos mercadores, esse dinheiro tem como finalidade (diz-se) o Bem Comum, não o turpe lucrum. Assim, o débito público é diferente e moralmente melhor dos que os débitos e créditos privados, porque estes últimos nascem de interesses e egoísmos privados, enquanto o público nasce para o Bem Comum. Uma história antiga, de que não estamos sempre conscientes, mas que está bem enraizada na nossa consciência e práxis coletivas. Se, porém, quisermos sair da armadilha em que caímos, devemos olhar, política e culturalmente, para os empresários de maneira nova e diferente. Antes de mais, não vistos em oposição ao emprego, mas como seus aliados.

Depois, temos que deixar de confundir os verdadeiros empresários e a ação e vocação civil deles com os "especuladores" que destroem trabalhadores e ambiente e alimentam os “infernos fiscais” (mas não sabíamos já que os grandes bancos tinham filiais nestas ilhas infelizes, para operações offshore?). E nestas confusões os empresários continuam a ser considerados pela opinião pública como potenciais evasores e trapaceiros e, por isso, publicamente perseguidos. Estes são verdadeiramente pecados sociais, de que todos somos responsáveis se ficarmos passivos e calados.

É necessário um novo conceito sobre trabalho e empresários. E tópicos e sugestões que nos chegam ainda de Francisco e da tradição franciscana que, mesmo se pode parecer paradoxal, dada a renúncia por parte do pobre frade de Assis justamente na sua condição inicial de rico comerciante internacional - valorizou os comerciantes e a sua função social. Não os considerava “como Judas”, mas deu vida a uma Ordem terciária que incluía muitos deles. Aconteceu uma estranha afinidade eletiva entre os pobres por escolha e muitos comerciantes, sabedores acerca de dinheiro e de finanças.

Não se esqueça que em muitas cidades medievais, os comerciantes eram contados entre os pauperes, entre os pobres, porque não se beneficiavam de rendas, mas de rendimentos dependentes dos riscos do mercado, das suas incertezas e adversidades. Hoje como ontem, o empresário verdadeiro é alguém que arrisca os próprios talentos e recursos para criar bens e trabalho. E por isso é amigo dos pobres, sobretudo dos pobres de trabalho. Não vive de rendas e, por isso, se não cria e inova, cai por terra. E pode cair mesmo inovando e desempenhando bem a própria função: constamos isso muitas vezes nestes tempos de crise e de perseguições. A possibilidade da desventura é parte da condição humana, também dos justos, mas para estes pode não ser a última palavra. Vamos devolver a confiança e a estima aos empresários e, com eles, ao mundo da empresa que é o lugar onde o trabalho nasce, cresce, frutifica. E, como cidadãos, peçamos mais, muito mais à política e às nossas instituições nacionais e europeias: mesmo se hoje cansadas e desgastadas, só com elas

 

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 Comentários - Itália e Europa, fisco e empresa

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 07/04/2013

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Estamos caindo numa verdadeira armadilha de pobreza. A espiral agora está bem delineada: (1) o Estado endividou-se e deve encontrar recursos; (2) os recursos não vem do rendimento/PIB porque estamos em recessão; (3) não resta, senão, o agravamento fiscal principalmente sobre famílias e empresas; (4) a pressão fiscal exasperada reduz ainda mais a renda produzida; (5) são necessárias outras taxas para encontrar os recursos; (6) ainda menos renda e… por aí afora, numa espécie de dança macabra que se enrosca sobre si mesma e em direção ao fundo.

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Armadilha para desmontar

Armadilha para desmontar

 Comentários - Itália e Europa, fisco e empresa por Luigino Bruni publicado em Avvenire  dia 07/04/2013 Estamos caindo numa verdadeira armadilha de pobreza. A espiral agora está bem delineada: (1) o Estado endividou-se e deve encontrar recursos; (2) os recursos não vem do rendimento/PIB porque esta...
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Comentários - Sociedade e economia, mulheres e carismas

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 30/03/2013

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Está cada vez mais evidente que o mundo político, civil e econômico que construimos no século XX, morreu, sem que se veja ainda uma ressurreição. É sábado. Um ‘ainda não’ sem o ‘já’. A história humana conheceu e conhece muitos sábados santos, alguns dos quais epocais. E também por isso é importante que na raiz do evento cristão e por isso do humanismo europeu, esteja o sábado santo, um tempo também histórico entre a morte e a ressurreição e que é parte também ele de uma história de salvação. O sábado santo não é só um vazio, uma ausência, um intervalo, um sono, nem somente uma espera.

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É também um início de passagem, uma atividade, uma vigília, uma presença. Ali encontramos os apóstolos que, desiludidos e medrosos, retratam-se desencorajados e bloqueados pela grande crise. Mas temos também algumas presenças, particularmente de mulheres. E como Carlo Maria Martini nos recordou numa sua carta em 2000, no sábado há a presença de Maria, a mãe de Jesus. Enquanto os homens fogem, as mulheres ficam, estão, habitam o sábado, agem, esperam diligentes. A presença daquelas mulheres, naquela cultura, diz-nos pelo menos três coisas. Antes de tudo recorda-nos o valor da vida e do corpo, também dos corpos feridos, sem vida. Vão ao sepulcro para ungir um corpo e não se deixam bloquear pela grande pedra colocada na entrada. A segunda mensagem diz respeito aos pobres: as mulheres naquela cultura não contavam, estavam, por natureza, entre os últimos da sociedade, eram por isso frágeis e vulneráveis. Mas são elas que, resilientes perante a grande provação, não fogem, esperam ativamente.

As mulheres e Maria – é a terceira mensagem – são também presença dos carismas, porque têm com eles familiaridade espiritual e especial conaturalidade. “Ave Maria cheia de charis”, de charis-ma e de gratuidade. Não por acaso o grande teólogo Urs Von Balthasar utilizava, quase como sinônimas as expressões ‘princípio carismático’ e ‘princípio mariano’. E os carismas, como sabemos, são dons que fazem ver mais, ver diversamente, ver coisas que outros – neste caso os apóstolos – não vêm. E vendo diversamente, agem e operam diversamente. A nossa sociedade e a nossa economia poderão ver uma aurora de ressurreição se souberem viver bem este tempo de sábado.

Também hoje, perante as nossas crises, há muitos que fogem e de diversas maneiras (para os paraísos fiscais, para a net sem corpos verdadeiros, para o cinismo civilmente desempenhado). Mas hoje temos uma grande necessidade dos “habitantes do sábado”: mulheres, também demasiado fora dos lugares que contam, e temos necessidade sobretudo dos carismas. Nos sábados da história, enquanto as instituições sofriam, fugiam, morriam, a humanidade salvou-se porque os carismas e, frequentemente, as mulheres, foram capazes de permanecer aos pés das cruzes e juntos dos sepulcros do seu tempo. Entre a morte do império romano e o renascimento da civilização italiana e europeia, não houve só um vazio ou uma ausência: no vau entre um mundo e outro, houve a presença de tantas carismas monásticos que, na espera, salvaram e inventaram a nova Europa, suprindo a morte de velhas instituições e inventando outras novas.

Entre o fim do antigo regime e os Estados sociais modernos, floriram centenas, milhares de carismas e instituições carismáticas que inventaram, com a criatividade típica da charis/charitas, o cuidado das novas e velhas formas de miséria e de exclusão, que formaram e instruíram gerações inteiras de homens e mulheres. E ainda entre a revolução industrial e o Estado social, entre fascismo e democracia. E poderemos alargar o olhar até à Índia de Gandhi e de Madre Teresa, ou às instituições de microfinança da Irmã Nancy Pereira. Os carismas, como Maria nas Bodas de Caná, veem antes dos outros e dizem, por vezes gritam: “não têm mais vinho”. São os carismas os protagonistas dos sábados santos da história, que servem de ponte entre as sextas-feiras e os Domingos e acompanham o caminho. Ao nosso sábado faltam os carismas e os seus olhos, demasiado ausentes ou marginalizados da esfera pública, econômica, política.

É emblemático que as personalidades que deveriam ser capazes de nos levar para fora do pântano político-econômico irresponsável em que estamos mergulhados, sejam procuradas entre os técnicos, os professores, os intelectuais sem nos darmos conta que estas categorias já não têm – e desde há algum tempo – os recursos morais para retirar a grande pedra colocada diante do túmulo. Para a remover não serve a técnica, seriam necessários olhos de ressurreição. Precisamos de místicos, de carismas, de profetas, de pessoas capazes de ver o “vinho” que falta e fazer depois com que chegue verdadeiramente e depressa. Mas estes nomes de homens e melhor ainda de mulheres, não são nomeados nem pensados. Ao mesmo tempo o mundo dos carismas, ainda vivo e fecundo, deve fazer mais, deve fazer ouvir mais a sua voz, que é sempre voz dos pobres para os pobres, e depois fazer propostas também políticas, porque os carismas são dons para o Bem comum, e por isso questões laicas, civis e políticas.

Quando falta a voz e a presença dos carismas, as instituições não sabem nem ver nem operar para o Bem comum, sobretudo nos tempos do sábado. A nossa crise é também e principalmente crise espiritual, porque com o fim das ideologias apagaram-se os motores simbólicos da nossa fábrica civil e econômica. E quando se apaga o grande Paraíso, chegam os pequeníssimos e artificiais, que depressa se revelam grandes infernos. Restituamos ao nosso sábado os olhos dos carismas.


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Comentários - Sociedade e economia, mulheres e carismas

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 30/03/2013

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Está cada vez mais evidente que o mundo político, civil e econômico que construimos no século XX, morreu, sem que se veja ainda uma ressurreição. É sábado. Um ‘ainda não’ sem o ‘já’. A história humana conheceu e conhece muitos sábados santos, alguns dos quais epocais. E também por isso é importante que na raiz do evento cristão e por isso do humanismo europeu, esteja o sábado santo, um tempo também histórico entre a morte e a ressurreição e que é parte também ele de uma história de salvação. O sábado santo não é só um vazio, uma ausência, um intervalo, um sono, nem somente uma espera.

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Habitar o sábado

Habitar o sábado

Comentários - Sociedade e economia, mulheres e carismas por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 30/03/2013 Está cada vez mais evidente que o mundo político, civil e econômico que construimos no século XX, morreu, sem que se veja ainda uma ressurreição. É sábado. Um ‘ainda não’ sem o ‘já’. A his...
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Comentários - Ideias e obras, além da cultura do não-abraço

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 24/03/2013

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Francisco é um nome que diz muitas coisas também à economia e à finança. E se soubermos e quisermos escutar, lança mensagens essenciais para curar, verdadeiramente e em profundidade, as nossas crises. Francisco de Assis, porque amante da ‘senhora pobreza’, está também na origem de importantes mudanças econômicas, teóricas e práticas. O movimento franciscano deu vida à primeira importante escola de pensamento econômico e está também na origem da tradição de banco e de finança (os já famosos Monti di Pietà, pródromos da finança popular e solidária italiana).

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Não se recorda suficientemente, porém, que estas instituições bancárias populares floresceram dois séculos após uma profunda e sistemática reflexão cultural e filosófica sobre economia, moeda e mercado.

Olivi, Scoto, Occam e dezenas de outros mestres franciscanos, foram doutores também de economia, porque perceberam, por instinto carismático, que deviam estudar as res novae (coisas novas) do seu tempo, deviam refletir profundamente sobre as grandes mudanças da sua época, quando se estava a iniciar uma grande revolução comercial e citadina que depois floresceu no humanismo civil. Estudaram economia por amor da própria gente, sobretudo dos pobres.

A primeira mensagem que nos chega de Francisco e do seu movimento carismático é o significado moral e civil do estudo e da ciência. Esta crise está a dizer-nos cada dia com mais força que a economia e a finança com uma única dimensão (a dos lucros de curto prazo) produz desastres e desumanidade (Chipre é o enésimo sinal). Mas enquanto a crise continuar a ceifar as suas vítimas, em todas as universidades continuar-se-á a estudar e a ensinar a finança e a economia sustentada nos mesmos princípios que causaram estas crises. Os livros de texto são os mesmos, os dogmas e a arrogância imperialista são os mesmos da pré-crise, os nossos melhores estudantes continuam a formar-se em escolas de doutoramento com os mesmos programas de 2007.

Francisco, então, convida os verdadeiros amantes do Bem comum e por isso da “senhora pobreza” (a primeira medida do Bem comum são sempre as condições dos pobres), a investir muito mais no estudo das res novae do nosso tempo, que são os temas do trabalho, da gestão das empresas, da economia e da finança, que hoje sofrem também por ‘falta de pensamento’. E sobre o exemplo dos seus Monti di Pietà, o mundo muda-se dando vida não só a livros e conferências mas a novas instituições.

Os carismas produziram também universidades que estiveram nas fronteiras das inovações culturais do seu tempo, porque é típico do carisma ver antes e mais longe. Hoje a nossa cultura e a nossa ciência sofrem por falta de carismas, que devem voltar a desempenhar o seu papel, que é também função civil, científica e cultural. Há uma extrema necessidade, vital, de dar vida a novos institutos de investigação e a novas universidades onde se possam estudar diversamente conteúdos diferentes daqueles que continuam a ensinar os templos do saber, muitos deles financiados pelos lucros desta finança. Há necessidade de novos studia e novas scholae onde se produza ao mais alto nível pensamento econômico e social diferente e, depois, de escolas populares que difundam e alimentem com a vida esse novo pensamento em todos os níveis: onde estão? Se não o fizermos, continuaremos a lamentar-nos da crise e do desemprego, mas não estaremos ao nível de Francisco e dos franciscanos que trabalharam para orientar a sociedade do seu tempo, também com ideias e ciência novas.

Uma segunda mensagem de Francisco é – e não pode deixar de ser – a pobreza, muito ligada à primeira mensagem: não por acaso a ‘ciência’ é um fruto do Espírito e é o mesmo Espírito que é ‘pai dos pobres’.

Há palavras que são sempre e só negativas: mentira, escravidão, racismo… A pobreza não é uma destas, porque após Francisco (e por isso após o Cristianismo) quando se fala de pobreza deveremos sempre especificar a qual pobreza nos referimos. Estra grande palavra cobre um amplo espectro semântico, que vai do drama de quem sofre a pobreza até à bem-aventurança de quem a escolhe livremente, frequentemente para resgatar outros de pobrezas não escolhidas e sofridas. A nossa cultura não tem instrumentos adequados para enfrentar as antigas e novas pobrezas não escolhidas, porque perdeu o contato com as semânticas da bela pobreza escolhida, que se chamam estilos sóbrios e solidários de vida, sobretudo comunhão convivial e fraterna. Francisco recorda-nos que só quem ama a boa pobreza sabe antes ver e por isso combater a má.

Enquanto os programas de governo, públicos e privados de luta contra a pobreza forem pensados e implementados por funcionários que alternam encontros sobre a pobreza com férias de ricos avarentos, a pobreza continuará a ser objeto de estudos (frequentemente inúteis) relatórios e congressos, mas nem vista nem compreendida e, por isso, não curada. Para curar a pobreza servem os carismas, ou seja pobres que curam pobres. O capitalismo filantrópico está a aumentar as instituições que se ocupam de pobreza, sem que no entanto entre quem ajuda e quem é ajudado se crie algum encontro autêntico.

Francisco curou, pelo menos a alma, dos leprosos de Assis (em Rivo Torto) abraçando-os e beijando-os: o abraço é a primeira forma de cura. Francisco hoje recorda-nos e adverte-nos para não cair nos enganos da nossa cultura dominada pela imunidade, uma cultura do não-abraço que se está a insinuar também no interior das nossas instituições nascidas para “curar” as pobrezas, onde aumentam os profissionais da cura e da assistência (o que é bom) mas onde se corre o risco de diminuírem os abraços. O índice de fraternidade – outra esplêndida palavra franciscana – é dado pelo grau de inclusão comunitária dos pobres, que pode ser inverso à criação de entidades especializadas para os gerir, às quais se contrata o “cuidado dos pobres” com a finalidade de os manter bem distantes das nossas cidades imunes e imunizantes.


Voltemos então a escutar Francisco, as suas mensagens antigas, as suas mensagens com futuro


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Comentários - Ideias e obras, além da cultura do não-abraço

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 24/03/2013

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Francisco é um nome que diz muitas coisas também à economia e à finança. E se soubermos e quisermos escutar, lança mensagens essenciais para curar, verdadeiramente e em profundidade, as nossas crises. Francisco de Assis, porque amante da ‘senhora pobreza’, está também na origem de importantes mudanças econômicas, teóricas e práticas. O movimento franciscano deu vida à primeira importante escola de pensamento econômico e está também na origem da tradição de banco e de finança (os já famosos Monti di Pietà, pródromos da finança popular e solidária italiana).

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Aquela outra economia que tem por nome Francisco

Aquela outra economia que tem por nome Francisco

Comentários - Ideias e obras, além da cultura do não-abraço por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 24/03/2013 Francisco é um nome que diz muitas coisas também à economia e à finança. E se soubermos e quisermos escutar, lança mensagens essenciais para curar, verdadeiramente e em profundidade, a...
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Comentários – É preciso mais democracia

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  em 03/03/2013

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Na Suíça está se realizando hoje um referendum para colocar um freio nas remunerações dos gestores das sociedades cotadas na bolsa. Esta é uma boa ocasião para se retomar, também para nós, a questão das remunerações dos assim chamados “top manager” (altos administradores) e, ainda mais importante, porque raiz da primeira, a questão da democracia econômica. Mas a Itália? A Europa? Uma razão desta ausência, ou atraso, esperamos, é a incapacidade da Europa, e mais ainda da Itália, de propor nas décadas passadas uma cultura econômica e de empresa diferentes.

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Hoje as business school são todas iguais: em Harvard, Nairóbi, São Paulo, Berlin, Pequim, Milão se ensinam as mesmas coisas, se utilizam os mesmos livros de textos, as vezes chegam até a disponibilizar na rede os mesmos slides. Vi fazerem cursos de ‘responsabilidade social da empresa’ em salas onde gestores de cooperativas se sentavam ao lado de gerentes de fundos de investimentos especulativos, pois, se dizia, “business is business”. E isso não surpreende, mas só entristece, o fato que progressivamente, estejam se aproximando a cultura e os salários das grandes cooperativas e aqueles das empresas capitalistas, uma aproximação que, sem duvida, irá fazer os fundadores do movimento cooperativo “se mexerem nos caixões”, eles que tinham imaginado e feito empresas diferentes, também porque podiam traduzir os princípios de fraternidade e igualdade em salários, e não só nos preâmbulos dos estatutos.

No entanto, a Europa e a Itália tinham, e tem ainda um pouco, um outro modo de fazer empresa e de fazer sociedade, um outro ‘espírito do capitalismo’, que se chamam na Alemanha ‘economia social de mercado’, na França ‘economia social’, na Itália ‘economia civil’, na Espanha e em Portugal ‘economia solidária’. Uma cooperativa social não é uma instituição filantrópica (charity), mas uma questão de reciprocidade e de inclusão produtiva, é um “fazer com” antes de ser um “fazer para”. Uma fundação bancária não é uma foundation americana, e as pequenas e médias empresas de origem familiar, espinha dorsal da nossa economia, não tem nem a cultura nem os instrumentos da sociedade anônima, mesmo se muitas dessas nossas empresas se perderam para seguirem aqueles modelos estranhos. Na Itália tínhamos também a gloriosa tradição da Economia empresarial, hoje, infelizmente em vias de extinção, que era uma boa tentativa de traduzir o modelo comunitário e relacional italiano em cultura organizacional, onde o objetivo da empresa não era a maximização do lucro, mas o equilíbrio entre todos os componentes de uma instituição, em que o princípio fundamental era “satisfazer as necessidades humanas” (Gino Zappa, 1927).

A crise econômica também é fruto de uma cultura gerencial que se revelou inadequada, certamente por uma legislação insuficiente e errada, mas também por uma forma mentis que começa nas universidades de economia e continua nos mestrados; uma formação errada que está também na base da justificação daqueles salários de “super star”. As atuais carreiras econômicas em todo o mundo, são sempre mais depuradas por todas as dimensões humanísticas e históricas, iludindo-se que reduzindo o pensamento econômico a números, tabelas, gráficos e algarismos (e sempre mais simples), se possa formar pessoas capazes de pensar, de ter criatividade, de inovar de verdade, ou de coordenar as pessoas e o seu mistério antropológico e espiritual, que permanecem tais mesmo quando trabalham. Mesmo assim, os futuros trabalhos nascerão, com certeza na Itália, da cultura, arte, turismo, relações, e para exercer bem estas profissões é muito útil conhecer a história, a cultura ou a arte, e talvez mais do que técnicas de balanço, de avaliação e controle.

Existe, então, a necessidade de se retomar um debate público sobre estes temas cruciais, que não podem ser deixados aos “levados ao trabalho”: nós fizemos isso nos anos passados e os resultados estão diante dos olhos de todos. A cultura democrática moderna centralizou a política e o governo do Estado: ótimo. Mas o mundo mudou muito e hoje sabemos, ou deveríamos saber que o bom governo passa também, e sempre mais, pelo bom governo dos mercados, das empresas e das organizações. Parlamento existe um (na Itália), mas os conselhos administrativos de bancos e de empresas são dezenas de milhares: a qualidade da nossa vida, da nossa dignidade e liberdade depende também destes, e não podemos continuar a ignorar isso. A democracia econômica será o desafio do século XXI, se quisermos evitar a redução da área democrática a setores sempre menos relevantes para a vida das pessoas, a nos sentirmos soberanos no dia das eleições e todos os outros dias súditos de muitos reinantes não democráticos. O século XX criou e manteve firme o confim entre os âmbitos de ação da democracia e aqueles regidos por outros princípios não democráticos.

Entre os âmbitos não democráticos, está o das empresas capitalistas que era e é o mais importante e relevante. A nova era dos bens comuns nos impele a repensar profundamente no confim da democracia, se não quisermos perdê-la, ou forçá-la numa região sufocada, um dia, talvez irrelevante. O mercado e as empresas não são questões privadas: nunca foram (basta pensar nos sindicatos dos trabalhadores e dos empregadores). Porém, esta crise nos disse, com extrema força e clareza, que também a economia, a finança e o mercado são realmente ‘coisa pública’, com as suas delícias e com as suas cruzes, das quais temos o direito e o dever de nos ocuparmos, se não fosse por outro motivo, porque somos nós que pagamos todas as conseqüências do mau governo deles. É preciso, então, inventar novos instrumentos de democracia econômica, que não podem ser os mesmos da democracia política. E precisa pensá-los em escala global. Mas temos que fazer isso logo, é importante demais.

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Comentários – É preciso mais democracia

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  em 03/03/2013

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Na Suíça está se realizando hoje um referendum para colocar um freio nas remunerações dos gestores das sociedades cotadas na bolsa. Esta é uma boa ocasião para se retomar, também para nós, a questão das remunerações dos assim chamados “top manager” (altos administradores) e, ainda mais importante, porque raiz da primeira, a questão da democracia econômica. Mas a Itália? A Europa? Uma razão desta ausência, ou atraso, esperamos, é a incapacidade da Europa, e mais ainda da Itália, de propor nas décadas passadas uma cultura econômica e de empresa diferentes.

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Até o mercado é coisa pública

Até o mercado é coisa pública

Comentários – É preciso mais democracia por Luigino Bruni publicado em Avvenire  em 03/03/2013 Na Suíça está se realizando hoje um referendum para colocar um freio nas remunerações dos gestores das sociedades cotadas na bolsa. Esta é uma boa ocasião para se retomar, também para nós, a questão das r...
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Comentários - Somos como Colombo antes de sua viagem para o novo mundo

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 24/02/2013

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Para poder, verdadeiramente, partir de novo, temos necessidade também de um mapa. Na segunda metade do séc. XV eram muitos os marinheiros que queriam tentar a exploração do Oceano em direção a Ocidente. Tinham que atravessar um mar inexplorado e para o qual não existiam obviamente cartas náuticas; e, no entanto, aqueles navegadores tinham necessidade de um mapa para partirem. Os marinheiros não partem sem um mapa do mar. Cristóvão Colombo decidiu partir não só quando encontrou o financiamento do empreendimento (como todos os empreendedores) mas também e, sobretudo, quando conseguiu um mapa do Oceano.

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Ofereceu-lho o florentino Paolo dal Pozzo Toscanelli, grande humanista, astrônomo, comerciante de especiarias (também por isso interessava-lhe um caminho mais rápido para as Índias). Este fundador da geografia moderna e observador de cometas, trocou (talvez) correspondência com Colombo e muito provavelmente fez-lhe chegar uma sua carta náutica, um mapa do oceano até às Índias. Um mapa necessariamente impreciso e incompleto, mas decisivo para que Colombo pudesse ousar uma das ações mais extraordinárias da história humana. Dal Pozzo Toscanelli não era um navegador, talvez nunca tivesse saído de Itália, mas compunha os seus mapas baseando-se nas descrições dos viajantes com quem, em Florença, teria longas conversas, povoadas por factos verdadeiros e fantásticos (entre os quais o do lendário reino do Preste João). Aquele mundo novo – cada mundo novo – primeiro foi desejado, sonhado, quase visto e só depois alcançado. Aquele mapa nasceu, portanto, da escuta das aventuras de marinheiros portugueses, venezianos, espanhóis que diziam terem “visto”, talvez por fenômenos de miragem, terras emersas mais a ocidente das ilhas já conhecidas. O mapa e o empreendimento de Colombo foram certamente fruto de dois gênios mas fruto também de uma extraordinária sinergia de teoria, espírito, artes, ofícios, ciência, economia, de Florença e de Lisboa, da Itália e da Europa.

A nossa economia e a nossa civilização encontram-se hoje numa situação semelhante à de Colombo; mas desta vez navegar num mar desconhecido não é uma escolha, mas uma necessidade urgente, porque se não nos fazemos ao largo esperam-nos somente décadas de declínio e de deterioração das relações sociais. E não nos falta só a coragem civil, espiritual e política de Colombo e dos seus oficiais e marinheiros, nem só a fecundidades civil e económica da Itália e da Europa do séc. XV. Falta-nos também um Paolo dal Pozzo Toscanelli, capaz de nos desenhar um novo mapa. E falta-nos porque aqueles que o poderiam fazer (economistas, políticos, intelectuais …), já não são capazes de ouvir as histórias dos marinheiros, os contos dos viajantes, as histórias da nossa gente viva e verdadeira. O homem medieval e do renascimento sabia bem, como nos recordou também Cesare Pavese, que “os melhores poemas são os contados pelos marinheiros iletrados no castelo da proa” (Introdução a Mobydick), mas nós esquecemo-lo.

Se, ao invés, recomeçássemos a escutar as nossas histórias, poderíamos procurar pelo menos delinear algumas primeiras coordenadas deste mapa em falta. Uma primeira coordenada é a vocação mais verdadeira e profunda da nossa gente italiana e europeia: a comunidade. Os tecidos comunitários das nossas cidades empobreceram muito: precisamos de um projeto ético, político e civil para o recompor, regenerar e, em não poucos casos, reinventar. A solidão está a tornar-se uma nova epidemia que como a peste de Manzoni é de alguma forma democrática, porque atinge o pobre Tonio mas também Don Rodrigo, o malvado Griso mas também o santo Frei Cristóvão – hoje os mais atingidos pela solidão são gestores de topo e banqueiros, também quando estão circundados por aduladores e novos servos con master.

A segunda coordenada é uma nova escola. Fico sempre mais impressionado por quanto profissionalismo resiste nas nossas escolas, sobretudo mas elementares e infantis, onde profissionais continuam a ensinar por vocação e fidelidade à própria (belíssima) profissão, mas não sei ainda por quanto tempo. O novo governo – se o conseguirmos – se quer salvar verdadeiramente a Itália, deverá dar uma mão a uma reforma radical da nossa escola e da Universidade, com uma especial atenção ao Sul.

A terceira coordenada diz respeito á pobreza. A miséria e a exclusão na Itália e na Europa estão a aumentar, porque crescem as formas de má pobreza, muitas das quais se acumulam nas mesmas pessoas. Iríamos nos dar conta logo se o perguntássemos às pessoas, em vez de desperdiçar dinheiro público em danosas pesquisas pré-eleitorais. No passado fomos capazes de responder às tantas pobrezas que conhecemos graças a uma aliança entre as instituições e os carismas. Sem os carismas, as novas pobrezas não se vêm ou vêm-se tarde demais, quando a doença já avançou. Seriam necessários olhos carismáticos, como os de Don Benzi, para compreender há alguns anos que se estava a desenvolver um vírus de apostas e de jogos que depressa produziu a febre da finança especulativa e das salas de jogos (duas febres igualmente graves, não o esqueçamos). Novos e velhos  carismas que, pelo exemplo de Don Benzi, nos poderiam levar hoje às ruas a recolher jovens e idosos consumidos pelas slot machines, domésticas dependentes de raspadinhas, para as salvar e para nos salvar, também perante uma total ausência das instituições.

Serve-nos então urgentemente um mapa. E se não o desenhamos a uma certa altura ter-se-á forçosamente que partir e a viagem não será boa. Ou talvez já estamos navegando sem mapa e sem meta, e estamos vagando a mercê de Sereias e Ciclopi. Mas podemos sempre tentar fazê-lo a bordo, se logo que terminar este triste tempo eleitoral, fizermos silêncio civil e reaprendermos a escutar-nos, a ouvir a alma, o sangue e a carne da nossa gente. É só partindo daí que poderemos encontrar uma nova terra.


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Comentários - Somos como Colombo antes de sua viagem para o novo mundo

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire  dia 24/02/2013

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Para poder, verdadeiramente, partir de novo, temos necessidade também de um mapa. Na segunda metade do séc. XV eram muitos os marinheiros que queriam tentar a exploração do Oceano em direção a Ocidente. Tinham que atravessar um mar inexplorado e para o qual não existiam obviamente cartas náuticas; e, no entanto, aqueles navegadores tinham necessidade de um mapa para partirem. Os marinheiros não partem sem um mapa do mar. Cristóvão Colombo decidiu partir não só quando encontrou o financiamento do empreendimento (como todos os empreendedores) mas também e, sobretudo, quando conseguiu um mapa do Oceano.

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O mapa que precisamos

O mapa que precisamos

Comentários - Somos como Colombo antes de sua viagem para o novo mundo por Luigino Bruni publicado em Avvenire  dia 24/02/2013 Para poder, verdadeiramente, partir de novo, temos necessidade também de um mapa. Na segunda metade do séc. XV eram muitos os marinheiros que queriam tentar a exploraç...
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Comentários - «Política». reencontre a moral e a si mesma

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 02/01/2013

logo avvenire rid«Economia» foi a palavra rainha de 2012. A primeira palavra de 2013 terá que ser «Política», se quisermos que o ano que está se abrindo seja melhor, também para a economia. De fato, existe uma necessidade extrema de inverter uma tendência em voga há algumas décadas, aquela que levou a usar sempre mais a lógica econômica em âmbitos não econômicos, como a escola ("oferta formativa", débitos e créditos), saúde, cultura. E política. Não é raro ouvir importantes jornalistas econômicos italianos falarem hoje dos partidos como «concorrentes», de «oferta» e «procura» política (qual seria o «preço» de equilíbrio?). 

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Mas, sobretudo em nosso país, existe uma voz comum desencantada que a muitos não faz mais acreditar que possam existir cidadãos, e menos ainda políticos, motivados também pelo bem comum e não somente por interesses particulares. O pan-mercantilismo dessas décadas elevou até mesmo o "cinismo médio", convencendo muitos de nós que a lógica dos interesses seja a única verdadeira e realística, e que todo o resto é só tagarelar.

São muitos os economistas que usaram e usam categorias e lógicas econômicas (ou seja, dos mercados) para explicar praticamente tudo, desde o porquê as ordens religiosas fazem os seus membros vestirem hábitos e pronunciarem profissões solenes (para levantar as «barreiras de saída», como acontece nas indústrias), aos comportamentos dos políticos e dos eleitores.

Os primeiros economistas que entre os séculos XIX e XX aplicaram a lógica econômica à política foram os italianos. Entre esses, Maffeo Pantaleoni, que sustentava que as escolhas de política econômica e fiscal dependem «da inteligência média» presente no Parlamento. Amilcare Puviani, depois, com a sua "Teoria da ilusão financeira" afirmava que o sistema fiscal de um país é aceito pelas massas se forem baseados numa dupla ilusão: que a pressão tributária seja menor do que a real e que a receita seja usada por objetivos de bem comum e não para os interesses particulares da classe dominante. Vilfredo Pareto, o economista italiano mais genial, continuou essa tradição, acrescentando o elemento importante, ou seja, que os seres humanos são movidos normalmente por paixões e por interesses, mas tem a tendência invencível de passar um «verniz» lógico nas suas ações. No caso dos políticos, o «verniz» é o bem comum ou o ideal, enquanto a motivação real é o poder.

Esta abordagem econômica para a política hoje é dominante e generalizada, no entanto, colhe somente algumas dimensões da realidade, mas não todas e em geral, deixa de fora o essencial, inclusive o próprio fato do voto popular (sabe-se que pela teoria econômica oficial o eleitor "racional" não deveria votar). Estou convencido que, com pouquíssimas exceções, (uma dessas é Albert Otto Hirschman, falecido recentemente), os economistas não fazem um bom serviço ao bem comum quando tratam a política como um mercado. Pelo contrário, cometem um grave erro e com sérias consequências.

O humanismo do interesse (talvez) funciona quando tenho que escolher o carro ou uma passagem aérea, menos para um posto de trabalho, menos ainda e pior para as escolhas onde estão em jogo dimensões simbólicas e éticas, como aquelas políticas. Há algumas semanas atrás, uma colega minha me disse: «Eu pertenço à alta classe americana, e teria todo o interesse econômico em votar num programa conservador. Mas não faço isso, porque opto por ir contra os meus interesses». A economia dominante faz um grande esforço para entender esse tipo de escolha que, ao invés, são muitas e cruciais, principalmente em momentos de crise.

Hoje são muitos os cidadãos que vão além do próprio interesse econômico continuando a manter aberta uma empresa para não demitir, a pagar todos os impostos sabendo que são quase os únicos a fazerem isso, a acreditar e a investir na política e a ir votar por amor civil, não obstante tudo. A Itália já teve momentos felizes nos quais a política, em todos os níveis, foi algo a mais e diferente da busca de interesses particulares de eleitores e de eleitos.

Os homens, e ainda mais as mulheres, são capazes de agir até mesmo por interesses maiores do que aqueles particulares, negar isso significaria negar a humanidade e a dignidade da pessoa. As décadas das quais estamos (talvez) saindo, enfraqueceram a virtude da esperança de poder mudar: mas é a partir dessa esperança, que a nível antropológico e, portanto, político, podemos e devemos recomeçar. Pegando o caminho da boa política, que depende certamente da «inteligência média» do próximo Parlamento, mas depende também, e especialmente hoje, da sua «moralidade média».

As muitas "armadilhas de pobreza" nas quais caímos, sobretudo em algumas regiões do Sul, não se rompem a não ser dando novamente à política a força profética e a confiança em si mesma. Daqui irão partir novamente também o trabalho e a boa economia. Uma economia não é só aquela que hoje domina no mundo e o mundo. A Itália, antes de Pantaleoni e Pareto, teve Dragonetti e Genovesi, que pensaram e tentaram uma Economia Civil fundada na reciprocidade e na felicidade pública. 2013 é também o 300° aniversário do nascimento de Antonio Genovesi (sobre ele falaremos ainda nessas páginas), e é uma ocasião para nos reempossarmos de uma economia amiga da política e do bem comum.

Vamos trabalhar (e escolher com os nossos estilos de vida e o nosso voto) para estar à altura dessa passagem e deixemos ao próprio Genovesi (de uma carta de 1765) a palavra: «Eu já estou velho, nem espero ou pretendo nada mais dessa terra. O meu objetivo era ver se conseguia deixar os meus Italianos um pouco mais iluminados do que os encontrei quando vim, e também um pouco mais afeiçoados à virtude, aquela que somente pode ser a verdadeira mãe de todo bem. É inútil pensar em arte, comércio, em governo, se não se pensa em reformar a moral. Enquanto os homens encontrarem o próprio valor no fato de serem astutos, não podemos esperar grandes coisas dos esforços metódicos. Tenho experiência demais nisso».

 

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Comentários - «Política». reencontre a moral e a si mesma

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 02/01/2013

logo avvenire rid«Economia» foi a palavra rainha de 2012. A primeira palavra de 2013 terá que ser «Política», se quisermos que o ano que está se abrindo seja melhor, também para a economia. De fato, existe uma necessidade extrema de inverter uma tendência em voga há algumas décadas, aquela que levou a usar sempre mais a lógica econômica em âmbitos não econômicos, como a escola ("oferta formativa", débitos e créditos), saúde, cultura. E política. Não é raro ouvir importantes jornalistas econômicos italianos falarem hoje dos partidos como «concorrentes», de «oferta» e «procura» política (qual seria o «preço» de equilíbrio?). 

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A palavra do ano

A palavra do ano

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Quarta etapa do Comentário de Luigino Bruni sobre "Economia e Advento"

Comentários - Este tempo para entender a preciosa «liturgia» das relações

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 22/12/2012

logo_avvenireNatal é tempo de presentes, mas deveria ser, e assim é, o tempo dos dons (das dádivas). Os presentes e os dons são os diversos atos humanos, convivem uns com os outros, mas não podem ser confundidos entre si. No presente (em italiano "regalo": palavra que provem de regale (real), a oferta ao ou do rei), prevalece a dimensão da obrigação (que os latinos chamavam munus). Os presentes, em geral, são dados (não sempre) para cumprir com obrigações, normalmente boas obrigações, para com familiares, amigos, colegas, fornecedores, clientes, responsáveis, setor de compras...

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Se você à casa de alguém, especialmente em dias de festa, e não leva um presente, você não cumpre uma espécie obrigação, e rompe uma boa convenção social. Por isso as práticas dos presentes conservam algo das práticas arcaicas das 'ofertas' e dos 'sacrifícios' cultuais.

Os presentes são previstos, regulados por convenções sociais e, em muitos casos, pretendidos (em muitas regiões os presentes de casamento são regulados por normas muito detalhadas e rigidamente observadas, até o ponto de levar ao endividamento). Não surpreende então que um economista, Joel Waldfogel, tenha demonstrado, com dados concretos, que os presentes de Natal destroem em média 20% do valor dos bens presenteados, pois se as pessoas escolhessem os próprios presentes ao invés de recebê-los dos outros, a satisfação delas seria maior.

Assim, este economista propõe que se presenteie dinheiro aos amigos e parentes – e é aquilo que já acontece em geral com filhos, netos e parentes, porque dar dinheiro torna-se um caminho mais simples, para quem dá e para quem recebe. Nada de mal, especialmente no caso de casamentos, quando o jovem casal precisa mesmo de dinheiro, desde que chamemos essas práticas de 'dons'.

O dom é outra coisa, tem outra natureza, outro custo e outro valor. É uma questão de gratuidade, é um bem relacional, isto é, um ato onde o bem principal não é o objeto doado, mas a relação entre quem doa e quem recebe. O dom não está previsto, às vezes esperado, sempre excedente, não ligado ao mérito, surpreendente. É caro e as suas principais 'moedas' são a atenção, o cuidado e, sobretudo, o tempo. O dom é experiência de 'levantar-se rápido' e de 'colocar-se em caminho' em direção ao outro.

Dar um presente é fácil, podemos fazer isso aos montes em apenas duas frenéticas tardes de shopping.

Fazer um dom é difícil, por isso é que se fazem e se recebem poucos dons. Para o dom é preciso um investimento de tempo, de entrar em profunda sintonia com o outro, de criatividade, fadiga, e arriscar até mesmo a ingratidão. Quando o dom se exprime também com um objeto doado, aquele dom irá incorporar para sempre aquele ato de amor, aquele bem relacional do qual nasceu e que, por sua vez, faz renascer. Quando passei num concurso importante, um amigo meu e colega mais velho, me deu uma caneta-tinteiro: gravou nela as minhas iniciais, escreveu um lindo cartão (no conteúdo e na forma) e, para me entregar, convidou-me para jantar junto com sua família. Aquela caneta não era um presente: era um sinal, 'sacramento' de um relacionamento importante, que revive todas as vezes que a uso.

Existem alguns sinais que ajudam a distinguir um dom de um presente.

1. Não existe dom sem um cartão/bilhete pessoal e preciso que o acompanhe.

2. A forma conta tanto quanto a substância: num dom não vale só 'o que', mas também o 'como', o 'quando', o 'onde' o dom é feito ou recebido.

3. A entrega do dom nunca é anônima e nem apressada: é essencial saber gastar tempo, e ter a presença de quem doa e de quem recebe.

É uma visita, um olhar, observar-se. A abertura do pacote, as expressões do rosto, as palavras pronunciadas no dar e no receber, são atos fundamentais na liturgia do dom, que não é altruísmo nem doação, mas essencialmente reciprocidade de palavras, olhares, emoções, gestos. O tato é o primeiro sentido do dom.

Os presentes são manutenção de relacionamentos, mas não os sanam, transformam, recriam. O dom, ao invés, é instrumento fundamental e até indispensáveis para cuidar, reconciliar-se, para recomeçar. De fato, existe uma relação muito profunda entre dom e perdão, e isso em muitas línguas. Em inglês, por exemplo, forgive (perdoar) não é forget (esquecer), pois o verdadeiro perdão não é tirar-se um peso esquecendo o mal recebido. É um doar (give) não um tomar (get), é acreditar ainda numa relação ferida, onde se diz ao outro (ou pelo menos a si mesmo): «Eu te perdoo, acredito ainda no relacionamento contigo, pronto a te perdoar se viesses a me ferir outra vez». Não existe perdão sem dom, nem dom sem perdão.

Este "per-dono" (perdão) evidentemente precisa da gratuidade, do ágape, e se faltar esses perdões a vida pessoal e social não funciona, não gera, não é feliz. A Itália hoje tem que superar a cultura da condenação (que é o oposto do dom), enquanto tem uma necessidade enorme de dons e perdões, em todos os níveis, especialmente na esfera pública: basta pensar na trágica questão dos cárceres e sobretudo dos encarcerados.

O dom, portanto, é algo muito sério, questão política, funda e refunda as civilizações e a vida: não teríamos sobrevivido após o nascimento se alguém não nos tivesse doado atenção, cuidado, amor. E nenhuma instituição e comunidade humana nascem e renascem sem os dons. Vamos aproveitar destes últimos dias de Natal para transformar algum presente em dom.

Não é impossível e, muitas vezes, pode dar uma virada antropológica e espiritual numa festa, num encontro. Um perdão, um recomeçar.

 Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais Avvenire

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Quarta etapa do Comentário de Luigino Bruni sobre "Economia e Advento"

Comentários - Este tempo para entender a preciosa «liturgia» das relações

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 22/12/2012

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A essência do dom

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Quarta etapa do Comentário de Luigino Bruni sobre "Economia e Advento" Comentários - Este tempo para entender a preciosa «liturgia» das relações por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 22/12/2012 Natal é tempo de presentes, mas deveria ser, e assim é, o tempo dos dons (das dádivas). Os presentes...
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Comentários - Este tempo e a crise

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 02/12/2012

logo_avvenireO Advento – todo advento, e toda verdadeira espera de salvação – é uma e­xperiência fundamental, especialmente em tempos de crise. Não vamos sair de nenhuma crise se não nos exercitarmos na arte da espera de uma salvação, arte alegre e dolorosa ao mesmo tempo. Uma salvação que é preciso primeiro querer e depois desejá-la. A nossa crise é histórica, porque falta o desejo de salvação e falta porque não temos, coletiva­mente, olhos capazes de enxergá-la ou, menos ainda, de vislumbrá-la.

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Para perguntar 'quanto falta para o outro dia?', é preciso desejar a aurora e saber reconhecer os seus sinais. Nestes anos, muitas 'auroras'são anunciadas, porque cada um vê os sinais da própria aurora onde, para outros, é somente noite escura. Há quem a perceba na retomada do PIB, e espera em ver os primeiros sinais na retomada dos consumos (a doença que se torna cura), outros numa ecumênica, mas vaga por demais, 'econo­mia social de mercado', outros ainda na eliminação dos partidos para entregar questões públicas para empresas for-profit (com fins lucrativos), realidade finalmente eficiente e responsável. Todas estas 'auroras' porém, não são suficientemente fortes e, sim­bolicamente, carregadas para mover as grandes paixões humanas e, portanto, para agregar ao seu redor grandes ações coletivas e po­pulares. E assim passa o tempo, mais distante parece - e é - o final da noite. U­ma economia da espera deveria conter hoje algumas palavras fundamentais. Junto com 'trabalho' e 'jovens', sobre os quais nunca se escreve e nem se sofre o suficiente, estão ao menos três palavras que se faltam no vocabulário e na gramática civi­l, fazem com que toda espera seja ilusão.

A primeira destas palavras é virtude, par­ticularmente virtude civil. Aliás, existe toda uma antiga, e até mesmo gloriosa, tradição que teorizou que saímos das crises com os vícios, e não com as virtudes. Mas a espera é uma virtude, pois deve ser cultivada, cuidada, mantida, sobretudo quando os tempos são duros. Bernard de Mandeville, há tre­zentos anos atrás, nos contou 'A fábula das abelhas', onde a conversão da colmeia viciosa (mas opulenta) para virtuosa produziu miséria para todos. A tese é clara: somente os vícios geram desenvolvimento, porque se as pessoas não amam luxo, comodismo, hedonismo, jogos, a economia se bloqueia por falta de demanda. E isso valeria também e especialmente num país como o nosso onde a economia depende muito, talvez demais, do consumo destes bens. Infelizmente, é uma ideia que está bem enraizada numa boa parte da classe dirigente italiana, que invoca as virtudes civis, a esse ponto somente relacionadas com a evasão fiscal, sem compreender a regra elementar que está na base da vida em comum: se a 'marca do progresso' condena o «parasita social» e o sucessivo incentiva o jogo do azar, os dois sinais se anulam entre si. A verdadeira luta contra a evasão chama-se coerência ética, que se torna força política e administrativa.

Uma segunda grande palavra da espera é 'relações'. São impressionantes os dados sobre o aumento de litígios no nosso país durante esta crise. Dos condomínios aos relacionamentos com os colegas, do tráfico às denúncias de professores e doutores, a crise está arruinando as relações de proximidade – embora, como sempre acontece, nestes anos seja visível também um florescer de novas experiências de relações virtuosas e produtivas. A piora das relações é um dado preocupante, porque outras graves crises que vivenciamos (pensemos nas grandes guerras e na ditadura) tinham, no sofrimento, reforçado os laços sociais, recriado amizade e concórdia civil, coisas que foram essenciais também para a retomada econômica. Se não formos capazes de cuidar das nossas antigas e novas doenças relacionais (o que é a corrupção se não relações doentes que criam instituições doentes que por sua vez reproduzem relações ainda mais doentes?), nenhuma economia, que antes de tudo é um entrelaçar de relações, poderá jamais recomeçar.

Enfim, uma terceira palavra é 'empresário'. Os grandes mestres da espera foram e são os agricultores, os artistas, os cientistas, especialmente as mães. Mas também o empresário. Os verdadeiros empresários, todos e principalmente os pequenos e médios, os cooperados, os empreendedores civis e sociais, hoje estão sofrendo muito, mais do que se possa dizer ou contar. Estes empresários, nos anos passados, foram capazes de criar certos valores colocando "em renda" as vocações produtivas e cooperativas dos nossos vales, das aldeias, das montanhas, das encostas e do mar e hoje veem desaparecer riqueza e trabalho por causa da crise do crédito, pela falta de políticas de sistema, e pela invasão de especuladores que deslocam e muitas vezes, engolem as suas empresas.

O empresário é o homem e a mulher da espera, porque só vive se conseguir esperar (a esperança, outra virtude civil), porque se não esperasse que o mundo de amanhã pudesse ser melhor do que o de hoje, faria mais para gozar dos seus recursos ou para especular em busca de lucros (somente especuladores sem escrúpulos podem conquistar milhões de lucros poluindo territórios e matando pessoas). Quem gerou e fez crescer uma empresa sabe que os momentos mais importantes da sua história, foram aqueles nos quais foi capaz da espera de uma salvação e da esperança contra os eventos, contra os conselhos prudentes dos amigos ('mas quem te obriga?'), contra as previsões dos especialistas ('mas por que não vende?), quando teve a força de insistir e acreditar no seu projeto. O mundo - e nele, a Itália - vive ainda porque existem pessoas que conseguem almejar e esperar uma salvação, na espera de uma aurora, de um Natal.

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Comentários - Este tempo e a crise

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 02/12/2012

logo_avvenireO Advento – todo advento, e toda verdadeira espera de salvação – é uma e­xperiência fundamental, especialmente em tempos de crise. Não vamos sair de nenhuma crise se não nos exercitarmos na arte da espera de uma salvação, arte alegre e dolorosa ao mesmo tempo. Uma salvação que é preciso primeiro querer e depois desejá-la. A nossa crise é histórica, porque falta o desejo de salvação e falta porque não temos, coletiva­mente, olhos capazes de enxergá-la ou, menos ainda, de vislumbrá-la.

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Economia e espera

Economia e espera

Comentários - Este tempo e a crise por Luigino Bruni publicado em Avvenire dia 02/12/2012 O Advento – todo advento, e toda verdadeira espera de salvação – é uma e­xperiência fundamental, especialmente em tempos de crise. Não vamos sair de nenhuma crise se não nos exercitarmos na arte da espera de um...
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Comentários -  Nova normalidade: a crise leva a reavaliar a partilha de bens e serviços.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 28/10/2012

logo_avvenireO "new normal", o novo normal: assim a América chama aquela parte da ex-classe média que, por causa da crise, está mudando o estilo de vida, fazendo coisas que há poucos anos atrás seriam consideradas anormais ou típicas da classe mais pobre. Entre esses novos comportamentos 'normais' não está só a redução do consumo de bens e serviços que até pouco tempo eram considerados consolidados e indispensáveis, mas estão também novas práticas de partilha, em rápido aumento na sociedade americana e um pouco e todo o ocidente em crise.

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Entre essas novas práticas, existe também o grande desenvolvimento dos Bancos do tempo, aquela inovação importante (que remonta a bem antes da crise), que consiste em gerar uma rede de trocas nas quais a moeda, ou seja, a unidade de conta e de cálculo das equivalências não é o dinheiro, mas o tempo: a oferta, por exemplo, de uma hora de jardinagem torna-se um crédito de uma hora de outra atividade com a mesma duração, baseada em normas de reciprocidade seja ela direta ou indireta (onde o crédito ou o débito de A em relação a B pode ser compensado até mesmo por C).

Nos verdadeiros bancos do tempo a economia é recolocada na sua natureza original de encontro entre pessoas, onde a troca de mercadorias e de serviços é subsidiária aos bens relacionais que hoje, sempre mais, são poluídos por mercados anônimos demais e despersonalizados. Os bancos do tempo estão presentes também no nosso território, normalmente promovidos por associações da sociedade civil, quase sempre dentro de tecidos com tramas muito bem articuladas que, em certos casos, estão tomando a forma de verdadeiros sistemas de troca e de desenvolvimento local, com redes de grupos de consumo solidários (Gas), cooperativas, administrações públicas prospectivas, bancos territoriais, muitas associações, Cáritas, etc.  

Assim, em muitas regiões, as antigas tradições de virtudes civis e de trabalho vivem hoje uma nova primavera, além de um protagonismo significante de mulheres e de idosos. Estes são sinais positivos da crise que, se estendidos em uma escala maior e sustentados por uma boa política, poderiam tornar novamente 'normais' as práticas comunitárias e solidárias que fundaram a nossa cultura ocidental e cristã e que, na era da opulência e do desperdiço insustentável, foram destruídas em grande parte. Por trás desse fenômeno crescente dos bancos do tempo é preciso então, vislumbrar um processo de caráter mais geral e mais estrutural, que pode oferecer elementos capazes de produzir mudanças em vasta escala dentro do nosso modelo econômico capitalista.

Mas para compreender o desafio que se esconde atrás dessas experiências aparentemente simples e ainda pouco conhecidas, é preciso olhar mais a fundo. Em primeiro lugar, a desigualdade crescente que, porém, deve ser vista de uma perspectiva que não foi suficientemente salientada e, por conseguinte, muito subestimada. È a tendência radical em nosso sistema capitalista a um alargamento progressivo da área coberta pela troca monetária. Já é considerado 'normal', na América (mas não só ali), pagar um extra nos teatros e museus para "furar" a fila: ou então, pagar os estudantes (e aqui, por sorte, só na América), para incentivá-los no desempenho escolar; sem falar da penetração, já normal, da lógica monetária na saúde, na cultura, e até mesmo na família, onde está se tornando normal incentivar as crianças pagando-lhes pelos trabalhos de casa.

Sem entrar em questões éticas fundamentais relativas ao crescimento do uso da moeda nesses âmbitos do civil (estamos convencidos que evitar uma fila num teatro, num hospital ou num aeroporto porque somos mais ricos é compatível com a democracia?), existe uma consequência direta de tudo isso na vida quotidiana das pessoas, especialmente  dos novos e antigos pobres e dos novos normais. Se a moeda cobre sempre mais necessidades, ou seja, se tenho que pagar para obter bens e serviços que antes eram oferecidos pela comunidade (cuidado, educação, escola, saúde...), uma consequênia, tanto evidente quanto calada é o agravar-se das condições de vida e da exclusão social de quem não tem tal moeda ou tem muito pouco. Por isso, em um mundo que além de ser desigual na renda aumenta o uso do dinheiro para sempre novas atividades, algumas das quais essenciais para viver, a vida dos mais pobres torna-se tremendamente dura.

É aqui, então, que se entende o significado civil e econômico desses movimentos de reciprocidade não mercantil como os bancos do tempo e afins. Um modo eficaz para combater a falta de renda é reduzir o recurso do dinheiro para obter bens e serviços. Se fôssemos capazes de organizar a nossa vida quotidiana desfrutando mais do princípio de reciprocidade, colocá-lo mais no sistema, poderíamos administrar uma parte significante de serviços de cuidado, de assistência, mas também de trabalho e competências, sem recorrer ao instrumento monetário. Até porque, muitos dos novos 'normais' estão em condições, por serem jovens, mulheres e idosos, de terem menos rendas, porém mais tempo e, normalmente, competências que não são pedidas hoje pelo mercado de trabalho, mas muito úteis para as pessoas. Por que, então, não recomeçar na Itália uma nova temporada de sistemas locais de troca, baseados no princípio de reciprocidade? Como cidadãos vamos nos reapropriar de pedaços importantes de vida associada, de democracia e, portanto, de liberdade, e colocaremos em ação criatividade, inovação, protagonismo, trabalho, nova confiança e capitais civis dos quais a falta é a verdadeira pobreza da Itália atual.

Seria uma temporada semelhante ao nascimento do movimento cooperativista do final do século XIX quando, em tempo de profunda crise industrial e rural, a Itália soube gerar um verdadeiro milagre econômico-civil, criando dezenas de milhares de novas empresas em todo o país. Porém, seria necessária também uma politica prospectiva que, por exemplo, não veja estas transações como formas de evasão fiscal, mas como uma expressão do princípio de subsidiariedade, do qual muitos falam, mas poucos concretizam. Desta crise, com certeza, sairá uma nova 'normalidade': hoje estamos diante de uma encruzialiada histórica entre uma nova normalidade feita de miséria por muitos e de super privilégios por poucos, e uma nova normalidade com maior partilha, democracia e oportunidades para todos.

Temos, então, que esperar e trabalhar para que se entre nessa segunda direção.

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Comentários -  Nova normalidade: a crise leva a reavaliar a partilha de bens e serviços.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 28/10/2012

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Avvenire - 28/10/2012

Avvenire - 28/10/2012

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Comentários -  Conta aquilo que se faz. Mais ainda o como.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 14/10/2012

logo_avvenireNa Europa existem 25 milhões de desempregados, um número destinado, com toda probabilidade, a crescer nos próximos anos, a menos que aconteça uma mudança completa, que por enquanto permanece no reino dos desejos. Teríamos que parar mais para refletir sobre esses números feitos de carne e sangue, que podem nos dizer muitas coisas, e poderiam nos impulsionar à ação para mudá-los e melhorá-los. 

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Se pensássemos intensamente nesses números, sem pararmos na superfície do fenômeno, logo perceberíamos que o principal custo das crise econômicas, especialmente daquelas profundas e históricas como a atual, é sempre o do homem. Mas o obstáculo principal que logo se encontra é a falta de índices de balanço ou de moedas capazes de medi-lo, compensá-lo, e em geral, até mesmo di enxergá-lo. Não entra no Pil e só a observação da vida verdadeira das pessoas e do mundo do trabalho poderia nos revelar, ao menos em parte.

Os principais componentes desse custo humano, invisível mas muito real, são dois, e ambos aumentam em tempos de crise: o desemprego no sentido estrito e o sofrimento que vem de ter de trabalhar para viver, muitas vezes não se sentindo vocacionado para tal trabalho. Do primeiro componente, ou seja, dos custos do desemprego, sabemos o suficiente, mas não sabemos e não dizemos tudo: evidencia-se pouco, por exemplo, o dano de se ter um número crescente de jovens fora do mundo do trabalho. E quando os jovens não trabalham, com certeza são os próprios jovens que perdem muito, muitíssimo, pela falta de renda e por não investirem trabalhando nos melhores e mais criativos anos da vida; mas perde muito também o mundo da empresa, que quando não tem muitos jovens entre os seus colaboradores não consegue inovar realmente, não tem muito entusiasmo, gratuidade, vontade de futuro e esperança.

Um país como o nosso e como tantos outros na Europa (não no resto do planeta) que deixam muitos jovens fora do mundo produtivo, gera então um grande duplo grave dano: para os jovens (portanto para todos) e para as empresas (portanto para todos). Mas tem mais ainda, e para compreender isso, temos que considerar o segundo componente do custo humano do desemprego: o sofrimento profundo de quem, quando falta o trabalho, éconstrangido a aceitar trabalhos que não correspondem à própria vocação e aos próprios talentos. Por que? E em que sentido? Um dia, reencontrei uma colega do liceu/ensino médio, formada, que trabalhava como caixa num supermercado. Ao ver-me, envergonhou-se, num evidente desconforto que nascia do saber, ela por primeiro, que aquele trabalho que estava fazendo não era aquilo que teria desejado, sonhado, pelo qual havia estudado e suado tanto anos. A primeira coisa que gostaria de ter-lhe dito e fazer-lhe chegar de alguma forma, é o valor ético do trabalho, também quando é feito "simplesmente" para buscar o necessário para se viver, não depender dos outros, e até mesmo fazer viver bem as pessoas às quais você está ligado e das quais é responsável.

Milhões de pessoas vão trabalhar todos os dias por essa razão, e no trabalhar para viver e fazer viver o melhor possível, enobrecem o trabalho, a si mesmos, a sociedade. Tudo isso já pode ser muito; mas o trabalho não é nunca só isso, porque aquele ser simbólico que chamamos "pessoa" está sempre em busca de sentido naquilo que faz. E se o trabalho enquanto me dá o que viver não me der também o sentido (isto é: significado e direção), o trabalho dará ainda um bem (salário, identidade social), mas irá proporcionar muito sofrimento no trabalhador e nas relações ao seu redor, dentro e fora das empresas. Existe, porém uma possibilidade - gostaria de acrescentar naquele diálogo silencioso entre dois velhos colegas de escola - para redimir e dar sentido a esse sofrimento: procurar fazer bem aquilo que se faz. Aliás, estou convencido de que existe uma espécie de regra de ouro: «Quanto mais o trabalho que fazemos for incompatível, mais temos que fazê-lo bem, se não quisermos morrer».

Se alguém trabalha no lugar errado, se faz coisas muito longe daquelas que pensa sejam a profissão que me fariam florescer, o único modo para se salvar é trabalhar bem. Porque se trabalho mal no lugar errado, eu me destruo. Porque não fica nada de verdadeiro em que possa me agarrar para continuar a viver e a crescer. E no fazer bem qualquer que seja o trabalho, ajuda pensá-lo e vivê-lo como "serviço", essa palavra que hoje não está mais na moda porque a vida não está na moda, mas que é sempre fundamental em toda civilização verdadeira.

Todos, porém, cidadãos, empresas e instituições, temos que fazer mais para que um número sempre maior de pessoas (especialmente jovens) trabalhem, e possivelmente no lugar certo. Eram, sobretudo essas as coisas que gostaria de dizer àquela minha colega de escola e que precisaria saber dizer a tantos concidadãos que hoje, para viver ou sobreviver, continuam a tornar sacro e digno o próprio trabalho, cada trabalho. E pode até acontecer, fato não raro, que de tanto fazer bem um trabalho não agradável, termine um dia por amá-lo.

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Comentários -  Conta aquilo que se faz. Mais ainda o como.

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 14/10/2012

logo_avvenireNa Europa existem 25 milhões de desempregados, um número destinado, com toda probabilidade, a crescer nos próximos anos, a menos que aconteça uma mudança completa, que por enquanto permanece no reino dos desejos. Teríamos que parar mais para refletir sobre esses números feitos de carne e sangue, que podem nos dizer muitas coisas, e poderiam nos impulsionar à ação para mudá-los e melhorá-los. 

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O trabalho que salva

O trabalho que salva

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Comentários -  Economia, democracia, «poderes»

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 19/08/2012

logo_avvenire A dificuldade de entender a crise econômica, financeira, civil e política que estamos vivendo, nasce especialmente do fato que o nosso capitalismo financeiro-indivi­dualista apresenta, junto a características antigas, certas características inéditas, que fogem e impedem a muitos de entender o que está acontecendo. A leitura clássica do  sistema eco­nômico-social moderno, ou democrático, era baseada nas classes sociais, que exprime, por sua vez, as classes econômicas. A mi­noria que detém a riqueza – dizia-se – tem em mãos também o poder político, e o exerce com o consenso da maioria de cidadãos-trabalhadores que aceitam ser governados pelos interesses dos ricos e poderosos, porque, essencialmente, toda alternativa melhor ou não é previsível ou é considerada por demais arriscada e cara.

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A esse propósito, assim escrevia o economi­sta Achille Loria em 1902: «Qualquer um que observa, com a alma sem paixão, a sociedade hu­mana (…) encontra nela o estranho fenômeno de uma absoluta, irrevogável divisão em duas classes rigorosamente distintas: uma das quais, sem fazer nada, se apropria de rendas e­normes e crescentes, enquanto que a outra, muito mais nu­merosa, trabalha da manhã à noite da sua vida por uma mísera recompensa; ou seja: uma vive sem trabalhar, enquanto que a outra trabalha sem viver, ou sem viver humanamente».

Marxismo e socialismo, catolicismo so­cial, cooperativismo, mas também pensamento liberal (ontem, John Stuart Mill e, hoje, A­martya Sen) partilhavam desse dia­gnóstico, mesmo se divergissem sobre a natureza do relacionamento entre as classes, para alguns de tipo cooperativo e harmônico, para outros antagônico e violento. Alguns autores, o mais conhecido é o italiano Vilfredo Pareto, tinham teorizado também que essa distinção em duas (ou mais) classes opostas não era limitada à economia e à política, mas se estendia à inteligência, aos talentos, ao ponto de representar uma espécie de lei gera­l de natureza, de fato imutável. Outros, ao invés, pensavam diversamente e a história da democracia desses últimos dois séculos também pode ser lida como uma luta para reduzir progressivamente ou elimi­nar a rígida divisão da sociedade em ric­os/poderosos versus pobres/fracos, mesmo eram grandes e permanecem as diferenças sobre o 'co­mo' fazer.

As teorias liberais pressupunham que o próprio mer­cado, amadurecendo e evoluindo, tornaria mais justo e democrático o capitalismo, enquanto que aquelas marxistas pro­punham a revolução. Em todo caso ambas eram 'teorias do progresso', ba­seadas na convicção que a sociedade mo­derna teria superado de algum modo a opressão de uma classe sobre as outras. A história atual, porém, demonstrou que esses dois humanismos traíram a própria grande promessa, porque as sociedades modernas (inclusive aquelas coletivistas do passado recente, e do presente) não se encontram, além das retóricas, numa situa­ção substancialmente diferente daquela descrita 110 anos atrás por Loria. A oposição entre classes não está hoje menos enraizada do que aquela típica da era do capitali­smo industrial, ou da sociedade feudal. Mas existem algumas novidades, que se não forem vistas e compreendidas correm o risco de esconderem a modalidade real de permanência das classes e as suas consequências.

A novidade principal consiste na invisibi­lidade da classe dominante atual. Nas sociedades passadas, os ricos e poderosos eram bem identificados e presentes: eram os patrões, os nobres, os patrícios. Eram vistos e, se necessário, também combatidos e depostos do trono em seus próprios lugares (palácios, castelos, último piso dos escritórios…). Hoje, os verdadeiros ric­os e os verdadeiros poderosos vivem em cidades invisíveis, embora  muito reais, em "lugar nenhum": quem encontra pelas estradas das nossas cidades os verdadeiros ricos (top-manager, financeiros…)? Diferentemente do passado, não se vestem (muito) diferente de todos, não têm carros diferentes demais daqueles dos outros e mesmo se possuem casas muito diferentes das nossas, não as vemos a não ser na tv (ou em revistas) – e, portanto, no plano civil, é como se não existissem.

Tudo isso torna difícil interceptar a nova classe dominante e, dessa forma, pensa-se e escreve-se que as classes sociais, os patrões e os súditos, tenham desaparecido; e quando a frustração cresce, os procuramos nos lugares errados (pequenos e verdadeiros empresários, administradores locais, parlamentares…). Enquanto isso, a classe dominante continua a existir e os seus membros agem sob todos os níveis para consolidar privilégios, poder e especialmente o crédito de posições. Sejamos claros: não é o caso de retomar a conhecida fábula dos complôs, mas somente de levar a sério a categoria do poder, da qual fala-se sempre menos. De fato, é evidente demais que para uma pequena minoria da população essa crise não tenha criado nenhum problema, ao contrário, só reforçou a riqueza e o poder. A insegurança, a vulnerabilidade, o medo do presente e do futuro – os típicos sinais que falam de miséria, ontem e hoje – não tocam a classe dominante, mas todos os outros. Exceto, e aqui está o ponto, nas fases agudas da crise (no outono passado, por exemplo), quando diante do risco que faltasse o banco (e os bancos), a classe dominante também teve medo e agiu imediatamente, "comissionando" (com listas exigentes de 'deveres de casa') as nossas democracias que não fizeram resistência, porque fracas e algumas vezes corrompidas, de todo modo sem visão. E, de fato, se não tivéssmos nos dado conta ainda, não seria a classe dominante a pagar a conta por levar o sistema sob controle, mas a outra, todos os outros. Eis porque por de trás dessa crise, se esconde uma questão aberta a democracia: temos que ter consciência que atrás de tudo o que está acontecendo não existe nada de inevitável e nenhum destino, mas somente escolhas concretas, que devem ser entendidas, discutidas e depois democraticamente votadas.

Existe hoje, ao menos como no passado e até mais, uma elite da população, sempre mais trans­nacional, associada, mas sem face e sem faces, que quer evitar o «default» (ausência) do sistema sem colocar em discussão os próprios privilégios, riqueza, poder, mas só e simplesmente, a democracia. No ano passado, em janeiro, um observador "não técnico", mas atento como o presidente da Cei (Conferência Episcopal Italiana) o cardeal Angelo Bagnasco raciocinava com motivado e sábio espanto, como entre clamorosas desatenções, cortinas de fumaça e modas culturais, esteja sendo favorecida «a formação de coágulos supranacionais tão potentes e sem escrúpulos, ao ponto de fazer com que a política seja sempre mais fraca e submissa». E assim, enquanto «deveria ser decisiva», esta se encontra colocada num canto. Porque a (quase) invisível classe dominante decidiu «cortá-la fora e torná-la irrelevante, quase inútil». O que fazer então? Primeiramente tomar consciência do problema econômico-social e democrático que existe, e depois agir também politicamente. Usando, porém, categorias culturais que estejam à altura da fase histórica que estamos passando. 

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Comentários -  Economia, democracia, «poderes»

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 19/08/2012

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Avvenire - 19/08/2012

Avvenire - 19/08/2012

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