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por Luigino Bruni
publicado no Avvenire no dia 27/03/2016
Ressurreição é uma grande palavra da terra. A vida que renasce da morte é a primeira lei da natureza, das plantas e das flores que enchem de cor e beleza o mundo porque nos dizem que a vida é maior do que a morte que a alimenta. Mulheres e homens renascem muitas vezes ao longo da vida, encontrando-se ressuscitados após lutos, abandonos, depressões, doenças que antes os tinham crucificado. Às vezes, somos ressuscitados ressuscitando alguém do seu túmulo e foram estas as mais belas e verdadeiras ressurreições. Se a ressurreição não tivesse sido uma palavra humana, amiga e de casa, aquelas mulheres e aqueles homens da Galileia não teriam sido capazes de intuir algo do mistério, único, que se tinha consumado entre a cruz e o dia seguinte ao sábado.
Se ressurreição é palavra humana, então é também uma palavra da economia. Há muita ressurreição na economia, nas empresas, no mundo do trabalho. Podemos vê-la todas as manhãs, mesmo nestes tempos de crise, especialmente nestes tempos de crise.
[fulltext] =>Mas temos de aprender a vê-la, reconhecê-la, olhando para o mundo com "olhos de ressurreição". Não é fácil ver e reconhecer os ressuscitados e as ressurreições, por muitas razões, mas principalmente porque nos corpos dos ressuscitados estão os estigmas da paixão. E as feridas nossas e dos outros metem-nos medo, fugimos delas e não conseguimos vivê-las como o início da ressurreição e o sacramento, que sempre o acompanha. E, procurando a ressurreição sem chagas e dor, não a encontramos ou talvez a confundamos com o sucesso. Nós não vemos a ressurreição, porque pensamos que seja o anti-cruz ou o oposto da paixão e não a sua realização. Fugimos dos crucificados e dos abandonados e não encontramos os ressuscitados que só ali se encontram. A ressurreição começa sobre a cruz e os seus sinais permanecem para sempre.
O Cristo ressuscitado é a ressurreição de seu próprio corpo ferido. A novidade desta ressurreição também está na sua corporeidade. O corpo ressuscitado, no entanto, não é um regresso ao corpo de quinta-feira, a ressurreição não é um acontecimento que apaga os sinais da flagelação e da Via Crucis. Cristo aparece com suas feridas, a luz da ressurreição não tinha eliminado os estigmas da sexta-feira Santa. A glória do ressuscitado não é, então, a glória do herói antigo: a sua é uma glória ferida, humilde, débil. Os ressuscitados que aparecendo sem chagas são fantasmas, ilusões, sonhos ou ideologias e, por isso, depois a sua luz é falsa. As nossos ressurreições começam enquanto gritam os abandonos sobre as cruzes. E se nós não aprendemos a gritar, também não aprender a ressuscitar. Nós não entendemos a lógica das bem-aventuranças se não a olharmos a partir da perspectiva de um ressuscitado com os estigmas.
As feridas que permanecem após a ressurreição são um elemento fundamental para entender a economia da salvação, mas também a salvação da economia. Se as feridas permanecem nos corpos ressuscitados, então não existe uma economia dos crucificados e uma economia dos ressuscitados. A cruz e ressurreição estão dentro da mesma economia, dentro da mesma vida. Para encontrar as verdadeiras ressurreições na nossa sociedade e economia, devemos então ir procurá-las onde ninguém mais as procura. Entre as muitas empresas que estão a nascer dos imigrantes e das suas feridas, em muitas cooperativas que florescem dentro das prisões, entre aqueles jovens que decidem não deixar sua terra e humildemente aprendem os antigos saberes, no meio daqueles trabalhadores que não capitulam diante das muitas razões da propriedade e do mercado e fazem renascer a sua empresa. Sem cometer o erro de pensar que as feridas que geraram a ressurreição desaparecerão um dia e tudo será somente luz.
Quando escondemos as marcas das feridas, as nossas histórias de ressurreição, mesmo as autênticas, não se tornam lugares credíveis de esperança para quem se encontra ainda na estação da cruz. Na nossa economia há demasiados desalentados que esperam somente poder colocar as mãos nas feridas das ressurreições, para compreender e amar de modo diferente as suas feridas ainda não ressuscitadas. As ressurreições não se encontram no final das feridas, mas dentro delas.
Entre os muitos significados da palavra pèsach, a primeira páscoa, há também o verbo coxear (psh). Quando o leitor da Bíblia lê "coxear" pensar em Jacob, o grande “coxo”. Na noturna passagem a vau do rio Yaboc, Elohim feriu-o no nervo ciático, tornou-o coxo, mudou o seu nome para Israel. Segundo uma tradição rabínica Jacob mancou durante o resto da sua vida. Na luta noturna, na travessia do Mar Vermelho, renasceu o novo povo, mas o sinal-memória da escravidão do Egito nunca desapareceu do seu corpo. Do grande combate do Gólgota floresceu um corpo ressuscitado com os estigmas. As ressurreições são feridas transformadas em bênçãos, nunca canceladas. Quando se ressuscita, as feridas permanecem, mas tornam-se luminosas. As ressurreições verdadeiras reconhecem-se pela luz que irradia de suas feridas.
Ndr – A imagem de “Jesus Ressuscitado” de Michel Pochet (Centro Maria) encontra-se na Mariápolis Faro (Križevci, Croácia)
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por Luigino Bruni
publicado no Avvenire no dia 27/03/2016
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 17/11/2015
As guerras sempre foram combatidas por muitos pobres, jovens e inocentes, enviados para morrer por poucos ricos, potentes e culpados que não morriam naquelas guerras que eles mesmos desejaram e alimentaram com seus interesses. Esta verdade, antiga e profunda, hoje é menos evidente, mas não menos verdadeira. Estamos realmente dentro de uma guerra mundial, diferente das guerras do século passado, mas não menos dramática. Uma guerra que não se sabe bem quando e onde começou, quando, onde e como vai terminar. É uma guerra líquida numa sociedade líquida. São (quase) invisíveis os interesses em jogo, não sabemos bem que a quer, que sai ganhando, quem não quer que termine.
[fulltext] =>Esta incapacidade de entender, presente em todas as guerras complexas, é particularmente forte nesta guerra que, porém, não pode nos eximir do esforço de pensar, e depois de combater, sobretudo as teses falsas e ideológicas que estão nos inundando após o massacre de Paris.
Uma tese muito popular é a que identifica na religião, e de modo especial na natureza intrinsecamente violenta do Islam, a principal, se não for a única, razão desta guerra. Esta é uma tese tanto difundida quanto errada. O alcorão tem uma sua ambivalência com relação à violência, nós sabemos disso. Existem passagens onde se convida à guerra santa. Mas tem também uma versão do fratricídio entre Caim e Abel que, mais do que na Bíblia hebraico-cristã, fala fortemente da não-violência. Na história contada no alcorão os dois irmãos conversam nos campos. Abel intui que Caim está levantando a sua mão contra ele para matá-lo e lhe diz: «Ainda que levantasses a mão para assassinar-me, jamais levantaria a minha para matar-te» (O Alcorão Sagrado, Al Máida: Surata 5,28). Abel, apresentado como o primeiro não-violento da história, que morre para não se tornar um assassino. No alcorão existe também isto. Como na Bíblia existem os benjamitas, a filha de Jefte, as páginas onde louva-se a Deus porque esmagou sobre as rochas as cabeças das crianças dos inimigos, existe o Senhor dos exércitos, Jesus que diz que veio para trazer “a espada e não a paz” (Mateus 10). Os livros sagrados das religiões foram escritos em épocas onde a guerra era parte normal da vida (“No tempo em que os reis costumam sair em guerra”, 2 Samuel, 11). Ao mesmo tempo, as grandes religiões – e o Islam está entre estas poucas – desenvolveram uma literatura sapiencial (basta pensar em toda a tradição Sufi) que ofereceu leituras simbólicas e alegóricas também das páginas mais duras e arcaicas. Em algumas épocas, as páginas mais luminosas do alcorão (e existem muitas) emanaram uma tal luz que deixaram na penumbra aquelas escuras. Em outras, as passagens violentas foram instrumentalizadas por quem, em nome da religião, procurava simplesmente poder e dinheiro. Hoje o Islam vive uma época difícil. Seitas fundamentalistas usam trechos do alcorão para plagiar jovens, vítimas e algozes de um sonho-pesadelo louco no qual caíram. Presas que acabaram na armadilha do caçador de ‘mártires’ a serem usados para objetivos onde o alcorão é simplesmente o laço da armadilha. Para combater esta doença que hoje está sediada no coração do Islam e ao qual está minando a partir de dentro, é necessário reforçar as defesas imunitárias para sustentar o organismo, que no seu conjunto é sadio, mas está sofrendo. É o mesmo corpo que tem que expelir com mais decisão o vírus que entrou, resistir contra aquelas células enlouquecidas que estão tornando-o enfraquecido, infligindo-lhe muito sofrimento. Mas todos os doentes da vida devem ajudar o Islam a conseguir isso. Na época da globalização, não pode conseguir sozinho.
Ao mesmo tempo, não podemos ser tão ingênuos ao ponto de esquecer que nesta guerra os aspectos econômicos em jogo são enormes. Não é por acaso que os terroristas belgas de Paris vinham da cidadezinha mais pobre da Bélgica, com um desemprego juvenil perto dos 50%. A primeira guerra do Golfo de 1991, com certeza não nasceu da prevenção do fundamentalismo.
Nestes meses, fala-se muito das armas que alimentam esta guerra. É preciso falar ainda mais, porque é um elemento decisivo. Exatamente há alguns dias partiram de Cagliari mísseis em direção do Oriente Médio em guerra, produzidos e vendidos por empresas italianas. A França junto com a Itália está entre os maiores exportadores de armas da guerra nas regiões árabes, não obstante exista em nosso país uma lei de 1990 que proibiria a venda de armas para países em guerra. Os políticos que choram, até sinceramente, e declaram luta implacável ao terrorismo, são os mesmos que não fazem nada para reduzir a exportação de armas, e que defendem estas indústrias nacionais que movimentam grandes quotas do PIB e centenas de milhares de vagas de trabalho. Uma moratória internacional séria que impusesse uma proibição absoluta de venda de armas aos países em guerra, com certeza não marcaria o fim do Califado, Isis e terrorismo, mas seria um movimento decisivo para a direção certa. Não podemos nutrir o mal que gostaríamos de combater. Nós estamos fazendo isto e há muitos anos. Não nos damos conta enquanto alguma lasca daquelas guerras não chega dentro das nossas casas e não mata os nossos filhos. Na verdade, sabemos que enquanto a economia e o lucro forem as últimas palavras das escolhas políticas, poderes tão fortes que nenhuma política consegue frear, vamos continuar a chorar por lutos aos quais ajudamos a provocar.
Hollande errou ao falar de “vingança” logo após os massacres e depois em praticá-la bombardeando a Síria no domingo, respondendo com o sangue a outro sangue. Esta é somente a lei de Lamek, anterior à própria ‘lei do talião’. A vingança nunca deveria ser a reação dos povos civilizados, nem mesmo depois de uma das noites mais escuras da história recente da Europa. A maior derrota seria trazer de volta palavras como ‘vingança’ no léxico das nossas democracias, que as eliminaram após milênios de civilização, de sangue, sofrimento.
Enfim, precisamos sustentar, seriamente e decididamente, quem está ousando a paz e o diálogo nestes tempos tão difíceis. Em primeiro lugar o papa Francisco, que não pode ficar sozinho e nem ser a única voz a pedir a paz e a não-violência. Se fôssemos milhares a gritar que a única resposta para a morte é a vida, e se disséssemos isto junto com tantos muçulmanos feridos e destruídos como nós, se fizéssemos ouvir pelas estradas, nas redes sociais, diante dos parlamentos, o nosso ‘não’ à produção e venda das nossas armas a quem as usa para matar e nos matar, então talvez as palavras proféticas de Francisco encontrariam um eco maior. Poderiam ter a força de mover até mesmo os baixos interesses econômicos, que sempre mais controlam e dominam o mundo, as religiões, a vida.
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O mal que nós também nutrimos
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 17/11/2015
As guerras sempre foram combatidas por muitos pobres, jovens e inocentes, enviados para morrer por poucos ricos, potentes e culpados que não morriam naquelas guerras que eles mesmos desejaram e alimentaram com seus interesses. Esta verdade, antiga e profunda, hoje é menos evidente, mas não menos verdadeira. Estamos realmente dentro de uma guerra mundial, diferente das guerras do século passado, mas não menos dramática. Uma guerra que não se sabe bem quando e onde começou, quando, onde e como vai terminar. É uma guerra líquida numa sociedade líquida. São (quase) invisíveis os interesses em jogo, não sabemos bem que a quer, que sai ganhando, quem não quer que termine.
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por Luigino Bruni
Publicado em Avvenire, 24/06/2015
Sobre o nosso sistema capitalista paira um enorme pedido de justiça que se vem das vítimas e dos "descartes" humanos, um pedido que é grave especialmente porque não é mais visto e nem ouvido. O Papa Francisco, hoje, é a única autoridade moral global capaz, primeiramente, de ver e ouvir este grande pedido ético no mundo (e isto depende do seu próprio carisma), e depois expor questões radicais (e isto nasce da sua ágape).
[fulltext] =>Nenhuma outra "agência" mundial tem a sua liberdade com os fortes poderes da economia e da política, uma liberdade que, infelizmente, nem a Onu, nem a Comissão europeia, muito menos os políticos nacionais demonstram ter, tanto é verdade que continuam «a vender o pobre por um par de sandálias» (Amós) – bastar ver o que se arrisca na Itália com as novas regras sobre os jogos de azar.
Alguns comentaristas, auto-denominados amantes do livre mercado, escreveram que a encíclica Laudato si’ é contra o mercado e contra a liberdade econômica, expressão do anti-modernismo e, até mesmo, do marxismo do Papa «pego quase no fim do mundo». Na encíclica, não se encontra nada de tudo isto, pelo contrário, encontra-se o oposto. Francisco nos recorda que o mercado e a empresa são preciosos aliados do bem comum se não se tornam ideologia, se a parte (o mercado) não se torna o tudo (a vida). O mercado é uma dimensão da vida social essencial para cada bem comum (são muitas as palavras da encíclica que louvam os empresários responsáveis e as tecnologias a serviço do mercado que inclui e gera trabalho). Mas não é a única e também não é a primeira.
O Papa, inicialmente, chama o mercado à sua vocação de reciprocidade e de «mútua vantagem». E sob esta base critica as empresas que depredam pessoas e terras (e o fazem com frequência), porque estão negando a própria natureza do mercado, enriquecendo-se graças ao empobrecimento da parte mais fraca.
Em um segundo nível, Francisco nos recorda algo fundamental que hoje é sistematicamente esquecido. A tão declamada «eficiência», a palavra de ordem da nova ideologia global, não é uma questão somente técnica e, portanto, eticamente neutra (34). Os cálculos custos-benefícios, que estão na base de toda escolha "racional" das empresas e das administrações públicas dependem, definitivamente, daquilo que inserimos entre os custos e entre os benefícios. Por décadas consideramos eficientes empresas que entre os custos não colocavam os danos que estavam produzindo nos mares, nos rios, na atmosfera. Mas o Papa nos convida a alargar o cálculo para todas as espécies, incluindo-as numa fraternidade cósmica, estendendo a reciprocidade também aos viventes não humanos, dando-lhes voz nos nossos balanços econômicos e políticos.
Existe ainda um terceiro nível. Mesmo reconhecendo a «mútua vantagem» como lei fundamental do mercado civil, e até ampliando-a também ao relacionamento com outras espécies vivas e com a terra, a «mútua vantagem» não pode e não deve ser a única lei da vida. É importante, mas não é a única. Existem também aqueles que o economista e filósofo indiano Amartya Sen chama de «as obrigações de poder». Temos que agir de forma responsável para com a criação, porque hoje a técnica nos atribuiu um poder para determinar unilateralmente consequências muito graves com relação aos outros seres vivos com os quais estamos ligados. Tudo no universo é vivo, e tudo nos chama à responsabilidade. Existem também as obrigações morais sem vantagens para nós. A «mútua vantagem» do bom mercado não basta para cobrir toda a gama da responsabilidade e da justiça. Até mesmo o melhor mercado ao se tornar o único critério, transforma-se num monstro. Nenhuma lógica econômica nos leva a deixar as florestas como herança a quem viverá daqui a mil anos, no entanto, temos a obrigação moral também para com aqueles futuros habitantes da terra.
É muito importante, ainda, a questão do «débito ecológico» (51), que representa uma das passagens mais altas e proféticas da encíclica. A lógica cruel dos débitos dos Estados domina a terra, coloca de joelhos povos inteiros (como no caso da Grécia), e mantém sob chantagem muitos outros. Muito poder no mundo é exercitado em nome do débito e do crédito. Existe, porém, também um grande «débito ecológico» do Norte do mundo em relação ao Sul, de uns 10% da humanidade que construiu o próprio bem-estar descarregando os custos na atmosfera de todos, e que continua a produzir "mudanças climáticas".
A expressão "mudanças" é enganosa porque é eticamente neutra. O Papa fala, ao invés, de «poluição» e de deterioração daquele bem comum chamado clima (23). A deterioração do clima contribui para a desertificação de inteiros territórios, o que influem firmemente nas misérias, nas mortes e nas migrações dos povos (25). Deste imenso «débito ecológico» e de justiça global, não estão sendo consideradas as vezes que fechamos as nossas fronteiras a quem chega até nós, porque estamos queimando suas casas. Este débito ecológico não pesa, absolutamente, na ordem política mundial, nenhuma Troika condena um país porque poluiu e desertificou outro país, e assim, o «débito ecológico» continua crescendo na indiferença dos grandes e dos poderosos.
Enfim, um conselho. Quem ainda for ler esta encíclica maravilhosa, não comece a leitura no seu escritório ou sentado num sofá. Saia de casa, vá para o meio de um campo ou num bosque, e ali comece a meditar o cântico do papa Francisco. A terra da qual nos fala é uma terra real, tocada, sentida, cheirada, vista, amada. E, depois, conclua a leitura em alguma periferia real, no meio dos pobres, e olhe para o mundo dos ricos comilões ao lado dos nossos Lázaros, e abrace ao menos um deles, como Francisco. Destes lugares poderemos aprender de novo a «nos surpreender» (11) com as maravilhas da terra e dos homens e, assim, talvez possamos entender e rezar Laudato si’.
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por Luigino Bruni
Publicado em Avvenire, 24/06/2015
Sobre o nosso sistema capitalista paira um enorme pedido de justiça que se vem das vítimas e dos "descartes" humanos, um pedido que é grave especialmente porque não é mais visto e nem ouvido. O Papa Francisco, hoje, é a única autoridade moral global capaz, primeiramente, de ver e ouvir este grande pedido ético no mundo (e isto depende do seu próprio carisma), e depois expor questões radicais (e isto nasce da sua ágape).
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 1/05/2015
Todo primeiro de maio é uma mensagem a ser procurada, descoberta e decifrada nas atitudes do nosso presente, nas suas contradições, nas suas dores e nas suas esperanças.
Depois de anos muito duros, estamos tentando recomeçar e temos que estar cientes: o primeiro indicador que irá dizer se chegou, realmente, a aurora de um novo dia, será a capacidade de voltar a gerar emprego para todos, antes de tudo para os jovens. Quando um país não consegue dar trabalho para os jovens, que são sempre a sua melhor parte e mais criativa, produz dois danos gravíssimos: perde a energia mais potente que possui e priva o seu melhor presente, e o seu futuro, da possibilidade de florescer.
[fulltext] =>Quando uma ou um jovem, uma vez que termina seu percurso de formação, não encontra logo a oportunidade concreta de fazer florescer em trabalho a sua capacitação, assiste triste ao definhamento do seu potencial criativo e à deterioração do seu capital humano. Os capitais de um país - não nos esqueçamos nunca – certamente são compostos pela sua tecnologia, pelos seus patrimônios naturais e culturais, pelos seus meios financeiros e econômicos. Mas o seu primeiro capital, mais produtivo e precioso, são as pessoas e, entre estas, os jovens. Deixar murchar estes capitais pessoais é uma ofensa civil e moral que não pode ficar impune. O desperdício destes capitais hoje reduz amanhã (um amanhã muito próximo) a competitividade econômica, a robusteza ética e social, afrouxa o vínculo social, empobrece a todos. Uma ofensa que estamos perpetuando já há muito tempo, e que temos que parar, absolutamente. Em todos os níveis.
Primeiramente no plano político, institucional e sindical. Temos que criar, logo, uma redistribuição do trabalho que existe. Temos que incentivar o meio expediente para os maiores de 55 anos (com as devidas mudanças fiscais e de pensão, que não penalizem demais quem faz esta escolha), de modo que uma quota significativa de jovens possa usufruir deste “trabalho liberado”. É tola e sem futuro uma nação onde os adultos não sentem a urgência ética de fazer espaço aos seus jovens. Uma aplicação concreta daquela fraternidade civil que colocamos na centralidade do humanismo moderno, um princípio essencial nas horas de crise. Nós conseguimos isso depois de terremotos e catástrofes naturais e civis, temos que conseguir também hoje para sair desta crise de trabalho que não está fazendo menos vítimas.
Existe ainda muito a ser feito com relação à escola e à educação. Não podemos reformar o sistema educacional confiando no incentivo e na administração da escola. É preciso mais inovação e visão. A Itália inventou, nos séculos passados, as universidades, as escolas, as academias, e o mundo inteiro aprendeu conosco. Hoje, ao invés, nós não só desistimos de inovar, mas estamos importando, passivamente, lógicas e instrumentos de gestão da escola daqueles universos culturais que ligam a escola e a educação dentro da “lógica de mercado” inventada por eles. A escola e a universidade tem que se atualizar logo para estar em sintonia com um mundo e com um trabalho que mudou muito - talvez até demais - rapidamente. Mas não conseguiremos, transformando as escolas em empresas. Simples demais, pouco demais. As crianças e os jovens são muito preciosos para deixá-los nas mãos da lógica dos custos e dos lucros. Todo processo educativo é um entrelaçado de bens relacionais, de confiança, de estima, de reconhecimento, de reciprocidade, de gratidão. E também de incentivos que, porém, só funcionam se e quando estão inseridos nesta gramática maior. Existe muito economia e muita linguagem econômica dentro dos espaços da educação. O balanço e os recursos financeiros são vínculos e meios para educar, não são o fim; e quando se tornam isto, a escola vai a falência, mesmo tendo o balanço no ativo.
A Festa de hoje, enfim, deve nos lembrar que sem trabalho não sabemos mais falar bem uns com os outros. O trabalho é o “verbo” da gramática social, aquilo que liga e dá sentido aos nossos relacionamentos. Todos os dias nos encontramos, conversamos, cooperamos graças ao nosso trabalho. Quando muitas pessoas ficam fora do mundo do trabalho na nossa sociedade, muitas “palavras” perdem significado social, o nosso discurso coletivo fica manco, a nossa democracia e a nossa República perdem seu primeiro fundamento. A Itália é uma República democrática porque fundada sobre o trabalho.
Por fim, é muito significativo e importante que a nossa civilização honre o trabalho com um dia de festa, com um dia sem trabalho. Para uma boa festa o trabalho é necessário, e vice-versa. Quando não se trabalha, e se gostaria e se deveria trabalhar, até a festa fica triste. Privar uma pessoa do trabalho significa privá-la também da alegria da festa. Muitos trabalhadores perderam, nestes anos difíceis, o seu Primeiro de Maio. Está na hora de voltarem a festejar.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 1/05/2015
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 15/04/2015
Já são muitos os que falam em retomada da economia e do PIB, como se o PIB conseguisse falar por si só de coisas boas. A realidade da nossa economia mostra que as empresas sofrem e continuarão a sofrer muito ainda, e com elas o mundo do trabalho. E não sofrem e fecham somente por falta de mercado e de vendas. Uma causa comum de sofrimento e de falência encontra-se, de fato, em alguns típicos erros na gestão dos trabalhadores durante as crises. Quando passam por fases difíceis e longas, cometemos mais facilmente muitos erros graves nas relações entre a chefia e os trabalhadores.
[fulltext] =>Vemos, sempre mais, grandes empresas que diante de uma crise que comporta a redução de pessoal (não nos esqueçamos que reduzir o pessoal durante as crises não é um dogma, mas – quase sempre – uma escolha), movem-se totalmente sob o plano 'político': a propriedade encontra os sindicatos, propõe um plano industrial e se contrata a crise 'politicamente', decidindo quantos trabalhadores sacrificar pelas exigências da sobrevivência, trabalhadores que, intencionalmente, nunca são ouvidos e nem considerados.
Outras empresas, ao invés, para demitir seguem a estrada do mercado, usando incentivos individuais e compensações monetárias para quem for 'recolocado'. Em ambos os casos falta o sujeito principal: a comunidade dos trabalhadores, pois no primeiro caso são representados e mediados, no segundo estão só os indivíduos (muitas vezes colocados em conflito entre eles). Uma empresa, porém, não é nem um pequeno parlamento, nem um conjunto de indivíduos separados, ligados pelo contrato com a propriedade: as empresas reais vivem se conseguem criar um organismo vivo de relacionamentos virtuosos entre todos os vários componentes da organização. Quando uma empresa começa uma crise séria, existem algumas regras fundamentais a serem seguidas, se se quer tentar um verdadeiro envolvimento dos trabalhadores na busca de soluções para superá-la, às vezes até saindo melhores de como se entrou nela.
A primeira chama-se "tempismo (1)": para enfrentar bem uma crise é fundamental intervir em tempo, não quando o processo já está avançado e grave. Uma boa chefia tem que antecipar as crises importantes e, portanto, entender qual é o momento certo para intervir, colhendo os sinais de fraqueza que permitem prever a explosão da crise. E então, é preciso começar a ouvir os trabalhadores no início da crise (externa ou interna) e não no final, às vezes até só para comunicar-lhes a solução já decidida em outros níveis. Os 'envolvimentos' dos trabalhadores nesta fase terminal, além de não ser de benefício, servem somente para recorrer ao sofrimento.
Segunda regra: se se quer ouvir os trabalhadores eles precisam ser ouvidos realmente. É preciso criar um contexto de confiança, no qual os trabalhadores possam dizer e doar o próprio pensamento e sentir que estão sendo escutados de verdade. Um processo que requer os seus espaços e os seus lugares, e principalmente requer tempo (não se podem fazer reuniões de uma hora para começar a falar de uma crise séria). Um envolvimento falso é mais prejudicial do que uma falta de envolvimento. E devem ser ouvidos os verdadeiros trabalhadores, possivelmente todos, não só os representantes. Terceiro: precisa apresentar-se aos trabalhadores com um discurso que tem só o começo e ainda está todo aberto, dizendo que muitas soluções são possíveis, envolvendo os trabalhadores na busca de soluções. Conheci trabalhadores que juntos conseguiram realizar atos heroicos (reduções significativas do salários durante anos, a custo de salvar alguns postos de trabalho), que a direção não tinha nem imaginado. E isto porque foram levados a sério no início da crise, considerados como o grande valor da empresa e não só como o principal problema. Entende-se que nestes casos a linguagem e a escolha das palavras são muito importantes.
Um quarto princípio chama-se subsidiariedade. Qualquer terapia de uma crise que queria chegar realmente a uma cura (muitas crises empresariais destes tempos, infelizmente só querem levar à venda das empresas para fundos de investimento ou para a liquidação), deve partir do pressuposto que as pessoas que podem indicar caminhos possíveis de solução, são principalmente aquelas que estão em contato todos os dias com o trabalho, e não só os membros das diretorias que estão quase sempre distantes e, portanto, 'incompetentes' em relação àquele trabalho específico, mesmo sendo competentes em estratégias e finanças. Sem a estreita colaboração com quem trabalha realmente dentro da empresa, não se encontram as soluções verdadeiras e boas, porque a competência mais preciosa é sempre aquela incorporada nas mãos e na mente de quem vive o trabalho e não daqueles que conhecem o trabalho como é contado pelos gestores ou representado pelos números.
Finalmente, o principal erro a ser evitado é dividir a comunidade dos trabalhadores. A verdadeira arte de quem tem que administrar uma crise difícil numa empresa está em não dividir, no manter compacta toda a comunidade de trabalho, criar um clima semelhante àquele que vivem os marinheiros que estão enfrentando uma tempestade. Mas para fazer isso, é preciso que se desencadeie a lógica do «nós» e não só a lógica do «eu», que é possível de os gestores forem capazes de fazer com que cada trabalhador se sinta o centro da solução, tratá-lo como se tudo dependesse dela ou dele. Arte rara e dificilíssima, principalmente no nosso capitalismo financeiro. Cada um de nós é um emaranhado de motivações, de interesses, de vícios e de virtudes. É a cultura organizacional, sobretudo em tempos de crises, com um papel chave por parte dos gestores que favorecem o surgimento, nos postos de trabalho, da nossa melhor parte ou da pior. Todo bom processo de envolvimento dos trabalhadores é sempre muito arriscado, e precisa de olhos certos e bons, da capacidade de olhar para os trabalhadores, todos os trabalhadores, como algo de positivo e de belo, e não como preguiçosos e oportunistas. Se o empresário, o gestor ou até mesmo as próprias organizações sindicais partirem da hipótese que os trabalhadores são somente vagabundos e oportunistas, com certeza encontrarão confirmação para a hipótese deles, até só pelo fato que criarão um clima de desconfiança e de negativismo que extrairá das pessoas a parte menos cooperativa e mais egoísta. A primeira riqueza de toda empresa e de toda organização são as pessoas, as suas capacidades, as suas energias morais, o seu coração. As crises são superadas quando se tem a sabedoria e a coragem de recomeçar desta antiga, grande e esquecida verdade.
(1) NT: Tempismo: palavra italiana, cujo significado em sentido figurado é: aquele que sabe intervir no momento certo; que sabe colher o momento oportuno
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire 15/04/2015
Já são muitos os que falam em retomada da economia e do PIB, como se o PIB conseguisse falar por si só de coisas boas. A realidade da nossa economia mostra que as empresas sofrem e continuarão a sofrer muito ainda, e com elas o mundo do trabalho. E não sofrem e fecham somente por falta de mercado e de vendas. Uma causa comum de sofrimento e de falência encontra-se, de fato, em alguns típicos erros na gestão dos trabalhadores durante as crises. Quando passam por fases difíceis e longas, cometemos mais facilmente muitos erros graves nas relações entre a chefia e os trabalhadores.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire em 4/10/2014
A filósofa política Jennifer Nedelsky, canadense, professora da Universidade de Toronto, é uma das vozes mais inovadoras na discussão sobre temas relacionados a cuidados, direitos e relações sociais, e está convencida que, na nossa época existe uma grande necessidade que, infelizmente, é deixada muito de lado no cenário da nossa vida democrática: o relacionamento profundo entre trabalho e cuidado e, portanto, entre homens e mulheres, jovens e anciãos, ricos e pobres. Um tema essencial em um mundo no qual temos cada vez mais idosos que, graças a Deus, vivem sempre mais. Sem uma reviravolta coletiva e séria na cultura dos cuidados em relação à cultura do trabalho, a democracia e a igualdade entre as pessoas serão substancialmente negadas. Conheço-a há alguns anos (e por isso nesta conversa que segue, traduzi o inglês “you” com “você”. Encontrei-a na Itália no Instituto Universitário Sophia de Loppiano (Florença). Fiz algumas perguntas sobre temas que acredito que devem ser colocados, hoje, no centro da agenda política e civil do nosso País.
[fulltext] =>Por que, na sua visão, existe algo de errado na aquisição de serviços relacionados aos cuidados no mercado, no usar a moeda para que pessoas mais ricas possam “comprar” assistência das mais pobres? No fundo, o positivo do mercado é justamente o encontro entre pessoas diferentes com bens diferentes que podem promover uma troca mútua de vantagens.
“Eu não sou contrária ao mercado de cuidados, de forma alguma. O meu sistema permitiria comprar certa quota de cuidados porque, a meu ver, as mulheres por exemplo, teriam mais tempo livre para os filhos e para trabalhar. A minha proposta é que cada pessoa deve doar tempo para cuidar de si mesmo e dos outros. Aquilo que diferencia a minha proposta das outras (penso naqueles que pagam um salário para domésticas) é que gostaria que todos os cidadãos adultos (homens e mulheres, de cada esfera e classe social) se dedicassem a atividades de cuidados gratuitos (ou seja, sem recompensa), gostaria que se ocupassem dos cuidados de si mesmo ao invés de “comprarem”, no mercado, alguém que faça isso por eles, e gostaria que se ocupassem também dos cuidados da própria família, dos próprios pais, e também, das próprias comunidades a que pertencem. Ao menos 12 horas por semana".
Não esqueçamos também que, atrás do “mercado dos cuidados” tem também uma questão entre pessoas e regiões do mundo, no qual quem é mais rico delega trabalhos que não gosta de fazer para os mais pobres. As democracias têm lutado através dos séculos para reduzir ou eliminar a possibilidade dos menos poderosos se disporem das pessoas pobres: hoje estamos reintroduzindo algo parecido, em um neo-feudalismo, no qual o dinheiro tomou o lugar do sangue azul, desenvolvendo essa mesma função de domínio sob as pessoas. Voltemos às suas horas de cuidados: as 12 horas seriam usadas na família, mas, pelo que entendi, também fora de casa.
"Sim, acredito e falo de todos os tipos de cuidados. Se num determinado momento da vida você tem importantes responsabilidades (com crianças, pais anciãos...) talvez naqueles anos os seus cuidados serão doados exclusivamente (ou quase) no âmbito da sua família. Mas quando essas obrigações acabam, você fica livre para se ocupar de cuidados dentro daquele círculo mais largo da comunidade que você pertence"
Gostaria que esse “cuidado para todos” se tornasse obrigatório?
"Qualquer regra é obrigatória, mesmo que as formas de implantação e aplicação variem com base no tipo da regra. Aquilo que eu acho muito importante é que a norma que eu proponho (cuidados em tempo parcial para todos e trabalho em tempo parcial para todos) não sejam impostos pelo Estado e suas leis, mas se tornem eficazes devido aos potentes mecanismos de estima e censura social. Faço um exemplo e não o escolho por acaso: devido a normas sociais que vivemos hoje, quanto ao relacionamento homem-mulher, elas fazem uma enorme quantidade de trabalhos não pagos dentro de casa, e isso apenas por causa das normas sociais que são muito eficazes e fundamentais na nossa vida. Isso demonstra que todas as regras causam obrigatoriedade e não apenas aqueles da lei. Deixe-me dar ainda um outro exemplo: se hoje, um homem de 30 anos, participa de uma festa e diz que jamais trabalhou e nem tem a intenção de procurar um emprego, recebe uma enorme censura social enquanto, há um ou dois séculos atrás essa condição era sinal de nobreza e estima (e inveja) social. Eu desejo um mundo onde, se você é uma pessoa (homem ou mulher) que ao apresentar-se numa festa diz que “nunca trabalhou e nem pretende trabalhar”, você termine simplesmente por envergonhar-se devido a censura dos outros. E o mesmo deveria acontecer se você fala: “Não tenho tempo para cozinhar, para passar, nem para me ocupar dos meus pais, nem da minha comunidade porque tenho um trabalho muito importante que ocupa todo meu tempo”. Devemos logo chegar a dizer que essas vidas só de trabalho e nada de cuidados são vidas socialmente imaturas, que não merecem nossa consideração. Portanto, superá-las assim como superamos a ideia de nobreza associada a renda e não ao trabalho".
Parece-me evidente que uma mudança cultural dessa, tenha que começar não apenas da família, mas também da escola.
"Sim, estou refletindo muito sobre a escola. Tenho certeza, por exemplo, que antes de formar-se, um jovem, deveria ser capaz de planejar seu menu semanal, conhecer os custos do mesmo, saber onde fazer as compras e como cozinhar aquilo que compra. Toda pessoa adulta deveria saber fazer essas coisas e não confiá-las somente ao mercado ou às mulheres, mesmo porque ninguém tem o direito de pensar que outros poderiam fazer essas coisas em seu lugar”.
Nos seus livros você propõe algumas mudanças importantes nos postos de trabalho.
"Com certeza. Acredito que são dois aspectos principais que estão entrelaçados. O primeiro é a igualdade entre os sexos. Nós estamos vivendo uma fase de grande estresse familiar. Mas tem algo que não ressaltei o suficiente: os policy makers (poderíamos traduzir como os interlocutores institucionais dos cidadãos, ndr) são, normalmente, pessoas que não fazem e não trabalham no ramo dos cuidados. São gêneros ignorantes...".
...diz isso porque são ricos ou porque são homens, ou as duas coisas?
"São ignorantes em relação a estas dimensões fundamentais da vida humana. Dessa forma, estabelecem as políticas de cuidados e do bem-estar sem terem a experiência do dia-a-dia. Então, temos que eliminar ou reduzir a lacuna entre quem vive concretamente o cuidado e quem faz as leis sobre eles e, portanto, arrumar de novo tanto os lugares de trabalho quanto as normas relacionadas ao cuidado. Naquilo que diz respeito ao trabalho, eu gostaria que ninguém trabalhasse mais que trinta horas na semana. E quanto ao cuidado, que nenhum adulto fizesse menos de 12 horas de cuidado na semana. Todos tem que doar cuidado, e ninguém pode ficar em casa desempregado, e todos tem que ter um trabalho assalariado, sendo que até mesmo um trabalho em tempo parcial deve significar um "bom" trabalho (todos os direitos, salários apropriados, etc.). Por isso a expressão "part-time" tem que ser revista, não pode ser entendida como é entendida hoje, mas como um novo modo de viver o trabalho, um novo "trabalho full time" para todos, junto com o cuidado. Mas, eu repito, acredito numa mudança cultural. Se você disser a alguém: "O meu trabalho de médico ou de engenheiro é, realmente, importante e tenho que trabalhar 80 horas por semana", as pessoas deveriam dizer: "Você não é um bom doutor, nem um bom engenheiro". O trabalho demasiado (e a falta do cuidado) deveria deixar de ser considerado um elemento de estima e ser visto como um fator de culpa".
É como dizer que precisaria de uma mudança da ideia de "estima social", que teríamos que inventar um conceito muito mais amplo da estima profissional. Teríamos que estimar os trabalhadores que são também pessoas capazes de fazer outras coisas além do trabalho, principalmente de cuidar de si mesmos e dos outros. Concordo plenamente. Mas você não acha que existem trabalhos que naturalmente exigem muito empenho e muitas horas de trabalho para se alcançar a excelência (medicina, ciência, política, sacerdotes, esporte…)?
"O meu sistema permite poder desenvolver a excelência, com certeza. Se você é um cientista e está conduzindo um experimento complexo, pode e deve trabalhar até 12 horas num dia e 90 numa semana. Existem muitos trabalhos que exigem períodos muito intensos. Mas depois você tem que recuperar, e tirar uns dias livres. As minhas trinta horas são uma média indicativa de longo período. Mas ninguém deve poder dizer: "O meu trabalho é muito importante, e outra pessoa tem que lavar as minhas meias"."
Portanto, a sua é uma crítica ao capitalismo atual?
«Sim e não. Eu gostaria que o meu sistema fosse aplicado logo, não só numa hipotética sociedade diferente. Com certeza eu estou preocupada com o nosso capitalismo financeiro, principalmente pela sua desigualdade. Pensemos no "gap" crescente entre os salários nas nossas grandes empresas, numa falência econômica, mas também política e moral. Não foi sempre assim. O capitalismo conheceu salários muito menores dos altos-gestores e tinha mais democracia. Portanto, introduzindo 12 horas por semana gratúitas para todos, seria uma estrada eficaz para aumentar a democracia e a igualdade verdadeira entre as pessoas.
Mas temos que estar conscientes de que o nosso capitalismo hoje está indo para a direção oposta: nos EUA as horas de trabalho semanais já são de 47-48 em média. Eu gostaria de uma mudança cultural na família, nas empresas, na política. Mas logo, começando agora a nos educarmos numa ideia diferente de excelência, onde a excelência se alargue para a nossa capacidade de amar, de cuidar dos outros. Ao invés de dizer: "Você um excelente doutor", começar a dizer: "Você é uma pessoa excelente, porque além de trabalhar, você cuida de si mesmo e da sua comunidade". Excelência na vida, e não só no trabalho."É como se você nos convidasse a buscar um novo florescer humano "relacional".
«Sim, é de uma nova ideia de "sucesso" ou de "florescimento humano" que estamos precisando, onde o trabalho e o dinheiro sejam redimensionados, e os critérios de sucesso sejam muitos. Mas não quero abandonar o trabalho: eu amo o meu trabalho e espero que sempre mais pessoas possam trabalhar seguindo a própria vocação e também ter tempo para fazer as tantas outras coisas que gostam".
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire em 23/01/2014
Existe um clima de otimismo em Davos 2014. Olha-se para a grande crise pós-2008 como uma realidade já superada, a ser arquivada nos livros de História e nas gavetas das recordações tristes das famílias e dos povos. É pena que este otimismo não tenha bases sólidas sobre as quais se apoiar. Como tal, a pergunta crucial torna-se a seguinte: por que razão Davos quer oferecer à opinião pública um quadro da economia diferente daquele que está bem presente na grande maioria das pessoas?
[fulltext] =>A resposta está inscrita na lista dos protagonistas do “World Economic Forum”, composta pelos líderes da finança mundial e dos grandes lobbies transnacionais, juntamente com os representantes políticos e das instituições económicas que desempenham, na prática, o papel de espetadores e, às vezes, de clientes. Elites cuja representatividade é muitíssimo reduzida. A economia capitalista não é uma questão democrática, ou seja, não votam as cabeças, mas os capitais. Em simpósios como este pode tocar-se claramente a verdade que recordava Federico Caffè há algumas décadas, ou seja, que os mercados não são anónimos mas têm "nome, sobrenome e apelido".
Para compreender um certo otimismo é preciso, como tal, ter presente que para essas elites, e para as pessoas físicas e jurídicas por elas representadas, a economia, na verdade, não está assim tão mal, antes pelo contrário, está muitíssimo bem. Uma vez afastada (por agora) a bancarrota do sistema financeiro global, o que aconteceu não muito remotamente há cerca de 2 anos atrás, existe toda uma finança especulativa que continua a obter lucros e, sobretudo, rendimentos/rendas fenomenais, dos seus negócios. Para entender o que realmente está a acontecer em Davos, deveríamos lê-lo juntamente com o relatório apresentado há poucos dias pela Oxfam (Working for the few), onde se afirma, entre outras coisas, que oitenta e cinco super-ricos detêm o equivalente a quanto possui metade da população mundial. Estes oitenta e cinco, e com eles alguns milhões de pessoas espalhadas atualmente já em quase todos os países (na Índia, o número de milionários aumentou 10 vezes nos últimos dez anos), estão muito bem representados em Davos. São todos os outros que não estão lá representados. E entre estes não estão só os demasiados "extremamente pobres", muitos dos quais habitantes daquela África devastada por não poucas das multinacionais que hoje, entre aquelas montanhas suíças, expõem os seus brilhantes balanços sociais, mas estão também as muitas famílias europeias que estão a empobrecer devido a uma crise do trabalho cujo único precedente é, provavelmente, aquele que se verificou nos inícios da revolução industrial.
Uma segunda razão para este estranho "otimismo de poucos" está ligada à distância crescente entre os representantes reunidos em Davos e a vida da gente comum, sobretudo dos pobres. O que é que sabem estas elites sobre a vida de uma família numa aldeia do Sul do Sudão, ou de uma família europeia com um dos cônjuges desempregado e com dois ou três filhos pequenos? Praticamente nada. Uma das doenças mais graves desta geração de capitalismo é a total separação entre os administradores de grandes empresas, bancos, fundos (e não raramente também de organizações humanitárias globais) e as pessoas comuns. Quando quem governa já não sente o cheiro das pessoas nas filas das lojas, nos metropolitanos, nos comboios/trens suburbanos, estes potentes deixam de saber se estão a governar e a gerir pessoas ou máquinas, almas ou centros de custos e receitas. São os metropolitanos e o trânsito urbano normal (não aquele dos carros com sirene, nem aquele dos helicópteros privados) os primeiros lugares onde se exercita hoje a cidadania, e onde se compreendem os seus paradoxos e o seu valor. O pacto social, mais tarde ou mais cedo, se quebrará se durante demasiado tempo não respirarmos todos os mesmos cheiros da vida: os maus e os bons.
O Papa, com a sua mensagem, quis lançar, em nome das não-elites, um grito de alarme a estas elites que se arriscam a perder o contato com os verdadeiros espaços da vida social. No entanto, o grande risco é que àquele importante alerta aconteça algo de semelhante a quanto aconteceu ao diretor descrito por Søren Kierkegaard: "Um diretor de teatro entra no palco para avisar o público que deflagrou um incêndio; no entanto, os espetadores pensam que a sua entrada em cena faça parte da história a que estão a assistir e, como tal, quanto mais aquele grita, mais forte se eleva o seu aplauso". Para que as palavras de Francisco produzam todos os seus frutos, seriam necessários outros Fóruns, nos quais os pobres e os países periféricos excluídos de Davos pudessem contar outras histórias sobre este capitalismo financeiro - com os políticos e os poderosos sentados em silêncio e ouvindo.
O local mais natural para um tal Fórum diferente seria a Roma de Francisco, o único que teria hoje a autoridade e a credibilidade para reunir todos à sua volta. A nova economia que muitos desejamos não poderá senão surgir, invertendo perspetivas e protagonismos, se se voltar a partir dos pobres e das periferias. Uma realidade imensa é, hoje, "a mais pequena das cidades".
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire em 23/01/2014
Existe um clima de otimismo em Davos 2014. Olha-se para a grande crise pós-2008 como uma realidade já superada, a ser arquivada nos livros de História e nas gavetas das recordações tristes das famílias e dos povos. É pena que este otimismo não tenha bases sólidas sobre as quais se apoiar. Como tal, a pergunta crucial torna-se a seguinte: por que razão Davos quer oferecer à opinião pública um quadro da economia diferente daquele que está bem presente na grande maioria das pessoas?
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire em 31/12/2013
O mundo grego para indicar aquilo que hoje chamamos de tempo usava duas palavras: chronos e kairos. Para o tempo-chronos o dia de São Silvestre é um dia como outros. Para o tempo-kairos, ao invés, as horas e os anos são diferentes: o dia em que Nelson Mandela morreu (4 de dezembro), ou aquele em que foi eleito Francisco (13 de março) foram dias com qualidade diferente, que incidiram na rotina do tempo.
[fulltext] =>Chronos é quantidade homogênea, kairos é qualidade e diversidade – algo análogo à diferença que existe entre espaço e lugar. A dinâmica chronos-kairos ritma o tempo da nossa vida cotidiana. O nascimento dos filhos, os lutos, os trabalhos encontrados e perdidos, dão cor e vida aos números do calendário.
2013 foi um ano mais longo, com certeza, para aqueles que sofreram mais e, entre estes, os desempregados, muitos dos quais são jovens. Despertamo-nos bruscamente e percebemos que não perdemos milhões de postos de trabalho por causa do subprime
americano ou pelo spread, ou que não é culpa da Europa se os nossos jovens não têm mais um bom trabalho. Entendemos que teríamos que nos reerguer com as nossas forças, mas não conseguimos por uma grave carestia de capitais morais. O mundo mudou realmente, não o entendemos mais, e todos sofremos por ‘falta de pensamento’ (Paulo VI). Estamos sofrendo as dores do parto. Está nascendo algo novo, mas ainda não nos apercebemos. E sofremos também porque não conseguimos, coletivamente, ver uma criança dentro do trabalho de parto. E quando não se vislumbra uma criança, não se vê salvação, é fadiga sem prêmio, falta a alegria. Teríamos que treinar o olhar para enxergar mais longe e de modo diferente, e descobrir em nosso meio e dentro de nós os lugares e as pessoas onde estão acontecendo coisas novas, descobrir onde estão ‘nascendo crianças’. E reaprender a dizer obrigado – uma palavra a ser redescoberta na sua raiz charis.O dia 31 de dezembro é, sobretudo, o dia do agradecimento, também civil. O exercício do obrigado e da virtude da gratidão é sempre importante, é essencial em cada êxodo através de um deserto. Oobrigado, principalmente se for sério e difícil, é um recurso extraordinário para continuar a esperar e a caminhar. São muitas as pessoas para agradecer hoje. Quero começar pelos empresários. Aqueles que continuam a arriscar recursos, energias, talentos, para salvar o trabalho, e vão para frente não obstante tudo. Àqueles empresários que criam bem-estar e pagam os impostos: existem muitos, mesmo se não se fala nisso e ninguém lhes agradece. Quando um empresário decide pagar os impostos sabe que, num mundo com alta evasão como o nosso, está pagando muito mais do que aquilo que seria justo pagar. Sabe que paga também pelos seus ‘colegas’ que colocaram as suas sedes fiscais em Montecarlo, mas usam os mesmos bens públicos. Tantos, diante do espetáculo desta injustiça, ficam furiosos e começam a evadir também. Outros empresários, trabalhadores e cidadãos ficam indignados e, como e mais do que todos, pedem justiça. Mas não se enraivecem e vão adiante. E não só para cumprir a obrigação fiscal: sabem que fazem também um dom. E o dom tem que ser agradecido. Se não fossem estes ‘poucos justos’ a cidade já se teria autodestruído. Um obrigado doloroso, que se torna também “desculpa”, tem que chegar àqueles empresários que não conseguiram e tiveram que fechar a empresa, deixando em casa muitos trabalhadores, em meio a grandes sofrimentos e angústias (conheço muitos destes). “O homem não é o seu erro”, li numa comunidade do Pe. Oreste Benzi. “O empresário não é a falência da sua empresa”, pode-se sempre recomeçar.
Depois, obrigado aos muitos que acompanham os pobres e os que estão sós, que com a força do ágape curam os desesperos. Aos muitos administradores públicos honestos, que não cedem quando teriam muitas razões para fazê-lo. Às professoras e professores, que numa escola ferida, empobrecida e desprezada continuam a amar os nossos filhos. Enfim, – mas teríamos que continuar ainda – obrigado às famílias, começando pelos idosos, que continuam a remendar a fides, aquela fé e aquela corda que ainda nos mantém juntos. Remendam o tecido social e nos recordam as nossas raízes e as nossas histórias.
Nas "Mil e uma noites", Sharazad para não morrer não podia parar de contar histórias. Se hoje quisermos viver e fazer outros viverem, temos que contar mais histórias de vida verdadeira, juntos encontrar novas razões de esperança válida, e repetir-nos
continuamente um ao outro ‘não desistas’. E não desistas de agradecer.Todos os comentários de Luigino Bruni no 'Avvenire' estão disponíveis no menu Editoriais Avvenire
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire em 31/12/2013
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 22/09/2013
A reciprocidade é a lei de ouro da socialidade humana. Mais do que qualquer outra palavra – como sejam indignação, vingança ou intermináveis ações em tribunal – a reciprocidade traduz muito melhor a gramática fundamental da sociedade. O DNA do animal político é uma hélice que entrelaça dar e receber. Mesmo o amor humano é essencialmente uma questão de reciprocidade desde o primeiro instante ao último, em que, muitas vezes, se deixa esta terra apertando a mão de alguém que se ama; ou, se ausente, apertando-a dentro com as últimas energias da mente e do coração. Esta dimensão de reciprocidade do amor, com a qual se ama quem nos ama, foi expressa de vários modos e com muitas palavras pelas diferentes culturas.
[fulltext] =>Na Grécia as mais conhecidas eram eros e philia, duas formas de amor diversas, mas que têm em comum a reciprocidade, a necessidade fundamental da resposta do outro. O eros é uma reciprocidade direta, biunívoca, exclusiva, na qual o outro é amado porque nos preenche uma indigência, nos sacia, reacendendo um desejo vital. Na philia grega (que se assemelha ao que hoje chamamos amizade), a reciprocidade é mais elaborada: tolera-se a falta de resposta do outro, não se fazem sempre contas de dar e haver, e pode-se perdoar muitas vezes. É por isso que, enquanto o eros não é uma virtude, a philia pode sê-lo, porque requer fidelidade ao amigo que, de tempos a tempos, trai ou não responde ao amor. Mas o amor–philia não é um amor “incondicional”, já que termina quando o outro ou outra me faz entender com a sua não–reciprocidade que já não quer ser meu amigo.
O eros e a philia são essenciais e esplêndidos para toda a vida boa, mas não bastam. A pessoa é grande porque não lhe basta a já grande reciprocidade; quer o infinito. Assim, a um certo ponto da história, quando o tempo se tornou maduro, nasceu a necessidade de uma outra palavra para dizer uma dimensão do amor não limitada naquelas duas semânticas do amor, já ricas e elevadas. Esta nova palavra foi agape, não inteiramente inédita no vocabulário grego, mas novos foram o uso e o significado que lhe foi atribuído por “aqueles da estrada”, o primeiro (belíssimo) nome dos cristãos. Mas o agape não foi uma invenção; foi a revelação de uma dimensão presente, em potência, no ser de toda a pessoa, mesmo quando sepultada e à espera de alguém que lhe diga “vem para fora”. O agape não é uma forma de amor que começa quando terminam as outras, não é o não–eros ou a não–philia, porque é a sua presença que torna pleno e maduro todo o amor. Porque é o agape que doa ao amor humano aquela dimensão de gratuidade que não é garantida pela philia, e muito menos pelo eros; e que, abrindo-as, cumpre (assim) todas as virtudes, que na sua ausência não passam de subtil egoísmo. Também por esta razão quando os latinos traduziram o agape, escolheram charitas, que nos primeiros tempos se escrevia com h, uma letra que é tudo menos muda, porque dizia muitas coisas.
Para começar, dizia que aquela charitas não era nem amor nem amicitia, era algo diverso. Depois, que aquela charitas já não era a caritas dos mercadores romanos, que a usavam para exprimir o valor dos bens (o que custa muito, que é “caro”). Mas aquele h queria também recordar que charitas reportava ainda a uma outra grande parola grega: charis, graça, gratuidade (”Ave Maria, cheia de charis”). Não existe agape sem charis, nem charis sem agape. Então, a philia pode perdoar até sete vezes, o agape até setenta vezes sete; a philia doa a túnica, o agape doa também a capa; a philia percorre uma milha com o amigo, o agape duas, e fá-lo também com o não–amigo. O eros suporta, espera, cobre pouco; a philia cobre, suporta, espera muito; o agape espera, cobre e suporta tudo.
A forma de amor do agape é também uma grande força de ação e de mudança económica e civil. Todas as vezes que uma pessoa age para o bem, e encontra na ação mesma e dentro de si recursos para andar para diante mesmo sem reciprocidade, entra em ação o agape . O agape é o amor típico dos fundadores, os iniciadores de um movimento, de uma cooperativa, que não podem contar com a reciprocidade dos outros, e cuja ação exige fortaleza e perseverança em longos períodos de solidão. O agape não condiciona a escolha de amar à resposta do outro mas, quando tal resposta falta, sofre porque o agapeé pleno na reciprocidade («dou-vos um mandamento novo: amai-vos!»); mas não fica incomodado a ponto de interromper o seu amor não amado. A plenitude da reciprocidade agápica exprime-se também numa relação ternária: A doa-se a B, e B doa-se a C; uma transitividade do agape que não está presente nem na philia, nem, ainda menos, no eros. Aliás, esta dimensão de “ternariedade” e de abertura é essencial para que se dê agape.
Até mesmo o amor materno e paterno para com um filho não seria agápico, e portanto maduro e pleno, se se esgotasse na relação A =» B, B =» A, sem a dimensão B =» C …, que ultrapassa as tentações de amor incestuoso ou narcisista. Esta necessidade de reciprocidade, o avançar ainda que não exista resposta, tornam o agape uma experiência relacional simultaneamente vulnerável e fértil. O agape é uma ferida fecundíssima. É o agape que transforma as comunidades em lugares acolhedores e inclusivas, com portas escancaradas e que nunca se fecham, que desmonta hierarquias sacrais, ordens e castas, e toda a tentação de poder. O agape, além disso, é essencial para todo o Bem comum, porque conhece também um tipo de perdão capaz de anular o mal recebido. Quem quer que tenha sido vítima do mal, de qualquer mal, sabe que esse mal feito e recebido não pode ser plenamente compensado ou reparado com penas e indenizações civis. Continua a operar, é uma ferida que permanece; a menos que um dia se encontre com o perdão do agape que, diferentemente do perdão do eros e da philia, tem a capacidade de sanar todas as feridas, ainda que mortais e de as transformar na aurora de uma ressurreição.
Existe, porém, uma tese que atravessou a história da nossa cultura. O agape – diz-se – não pode ser uma forma de amor civil porque, devido à sua vulnerabilidade, tal não seria prudente. Poderá ser vivida apenas na vida familiar, espiritual, talvez no voluntariado; mas na praça pública e nas empresas teremos que nos contentar apenas com os registros do eros (incentivos) e, na melhor hipótese, da philia. Uma tese muito radicada, porque se baseia sobre a evidência histórica de muitíssimas experiências nascidas do agape que retrocederam depois para mera hierarquia ou comunitarismo. É a história de tantas comunidades que começaram com o agape e que diante das primeiras feridas se transformaram em sistemas muito hierárquicos e formalistas. Ou experiências que nasceram abertas e inclusivas e que, após os primeiros fracassos, fecharam as portas expulsando os diversos. A história é também o repetir destes “retrocessos” que, porém, não reduzem o valor civil do agape e que deveria impelir-nos a introduzir mais agape, não a retirá-lo, na política, nas empresas, no trabalho. Porque sempre que o agape surge na história humana – mesmo se por pouco, pouquíssimo, tempo – não deixa nunca o mundo como estava. Eleva para sempre a temperatura do humano, crava um novo prego na rocha, e quem amanhã retomar a escalada partirá um metro, ou centímetro, mais acima.
Não se desperdiça nenhuma gota de agape na terra. O agape abre o horizonte de possibilidades de bem do humano, é o fermento e o sal de todo o bom pão. O mundo não morre, e a vida recomeça cada manhã, porque existem pessoas capazes de agape: «Agora existem três coisas: fé, esperança, e agape. A maior de todas é o agape».
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Virtudes a redescobrir e viver/7
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 22/09/2013
A reciprocidade é a lei de ouro da socialidade humana. Mais do que qualquer outra palavra – como sejam indignação, vingança ou intermináveis ações em tribunal – a reciprocidade traduz muito melhor a gramática fundamental da sociedade. O DNA do animal político é uma hélice que entrelaça dar e receber. Mesmo o amor humano é essencialmente uma questão de reciprocidade desde o primeiro instante ao último, em que, muitas vezes, se deixa esta terra apertando a mão de alguém que se ama; ou, se ausente, apertando-a dentro com as últimas energias da mente e do coração. Esta dimensão de reciprocidade do amor, com a qual se ama quem nos ama, foi expressa de vários modos e com muitas palavras pelas diferentes culturas.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 15/09/2013
Há palavras que, sozinhas, conseguem exprimir totalidade. Justiça, beleza, verdade, possuem tal força, tal inteireza que não é necessário acrescentar-lhes adjetivos para as completar. Que mais dizer de uma pessoa verdadeira, de um homem justo, de uma vida bela? Uma dessas poucas palavras grandes e absolutas é: Fé. É possível viver, e por vezes bem, uma longa vida sem dinheiro ou bens, mas não se vive sem acreditar. Todos somos capazes de fé, porque no espaço interior de cada pessoa existe uma "janela" que dá para um "além", uma frincha que ali permanece mesmo quando ao olharmos dentro de nós (já) não vemos nada e ainda que à frente dela tenhamos colocado um armário ou o televisor. E precisamente porque é uma palavra grande do humano, a fé é também palavra do económico.
[fulltext] =>A história económica e civil da Europa é também, e sobretudo, uma história de fé. O que torna ainda esplêndida a nossa terra são principalmente aquelas obras de arte e de arquitetura nascidas da fé dos nossos antepassados, capazes de pôr em marcha estaleiros de obras realmente grandes porque os animava a fé em algo maior que a sua existência terrena.
Igrejas, abadias, a capela Baglioni , Mântua, Lisboa, floresceram de uma fé que ainda hoje gera trabalho nos setores que nos estão salvando, onde recolhemos frutos de sementes que outros no passado semearam para nós, porque da janela da alma do seu tempo sabiam ver coisas maiores. Deste modo muita gente pode hoje trabalhar e viver bem, graças a tantos que no passado investiram a riqueza de que dispunham, pensando também num futuro longínquo habitado por outros seres humanos que, graças à fé (e não apenas fé religiosa), sentiam verdadeiramente próximos. Também por esta razão a fé é corda (fides), o cabo que liga os cidadãos e as gerações entre si: é tradição, isto é, transmissão de uma aliança, um pacto, que subsiste no tempo e na história; é um fio de ouro. Qual "trigo" estamos hoje a semear para as colheitas de futuras gerações? Sem fides um velho não lança no terreno uma semente de carvalho; sem fides o horizonte do mundo passa a ser o teto da casa ou do escritório baixo de mais para aquele ser, sedento de infinito que é a pessoa, a qual desde a época das cabanas e dos “nuraghe” sentia necessidade de fazer uma abertura no topo, e não apenas para deixar sair o fumo, mas também para que o seu céu fosse mais alto que a sua casa. Sem este olhar profundo que nos eleva, conformamo-nos com os cenários da tv, com os seus céus virtuais, que não têm nem o calor do sol nem a profundidade do horizonte, nem a brisa do ar que só entram em casa quando abrimos a janela. O oposto da fé foi sempre a idolatria, que não é a atitude de quem não crê em nada, mas de quem acredita em demasiadas coisas, fingidas e fabricadas.
Mas a fides-fede foi essencial também para o nascimento dos mercados. Ela ofereceu a base para o grande comércio, respondendo à pergunta principal de toda a economia de mercado: porque tenho que confiar em um desconhecido? Nos primórdios da nossa economia, quando os mercadores passavam de uma cidade a outra ou se encontravam nas feiras ao longo dos grandes rios europeus, os sistemas jurídicos, os tribunais e as sanções eram muito frágeis, muitas vezes inexistentes. Mas para operações comerciais complexas, de risco, longas e caras era necessário um verdadeiro ato de confiança na outra parte. Eis, então, que principal garantia para poder acreditar que o outro haveria de cumprir, enviando a mercadoria, foi a fé a oferecê-la: era possível confiar no outro desconhecido porque no fundo não era realmente um desconhecido. Tinha a minha mesma fé (cristã), e por isso podia dar-lhe a minha confiança, porque era fiel. Assim a fides (fé e confiança) tornou a grande Europa numa comunidade semelhante à polis grega de Péricles, tornou-se uma nova forma de philia para tornar possível a permuta. Agora, porém, uma polis enormemente mais ampla, com mercados muito vastos que multiplicaram a riqueza e os encontros comerciais, civis, religiosos. A fé tornou-se confiança, e a confiança gerou mercados e riqueza. A Europa foi o fruto desta fides-confiança-corda-acreditar-crédito. Mas quando com a Reforma protestante, e depois com a contra-reforma católica, esta fides se quebrou, nasceu o capitalismo, que inventou, pouco a pouco, uma nova fides, a dos bancos centrais e da finança. Esta revolução cultural refundou a Europa, e depois os Usa que a incarnaram plenamente, dando vida a um capitalismo da nova "sola fide". Mas entre a primeira e a segunda fides existem diferenças cruciais.
Aquela primeira fides, por exemplo, era um bem relacional, porque – embora existissem moeda, títulos e bancos – Nicolau confiava em Miguel, e a troca acontecia graças a uma abertura de crédito a uma pessoa de carne e osso, e por isso era uma experiência intrinsecamente frágil e vulnerável, exposta ao abuso – e portanto humana. A invenção da nova fé-religião capitalista não precisou mais desta confiança relacional e pessoal, porque deu início àquela despersonalização das relações económicas, que cresceu a ponto de literalmente explodir na última crise do nosso tempo, que depende em larga medida do ter construído um sistema financeiro afastadíssimo e independente dos laços humanos de confiança que geram os bens económicos. Assim, a resposta de um banco capitalista a um pedido de financiamento de uma boa empresa em dificuldade é confiada, demasiadas vezes e cada vez mais, ao resultado de um algoritmo, sem qualquer "crédito" e nenhum encontro entre pessoas – e torna-se, por isso, desumana. A crise que vivemos está a dizer que precisamos de voltar a encontrar-nos e a confiar nas pessoas e na sua vulnerabilidade, porque quando a economia e a finança perdem contacto com o rosto do outro, tornam-se lugares desumanos. Se não reencontrarmos e reativarmos hoje todas as dimensões da fides, a partir do terreno, não haverá manobra ou governo que possa verdadeiramente salvar-nos.
Mas não existe apenas um laço fundamental entre fé e confiança. Outra declinação ou dimensão essencial da fé é fidelidade, como nos recorda também o anel de casamento (aliança, fede ). A fé tem muito a ver com a fidelidade, porque toda a verdadeira experiência de fé é antes de mais uma história de amor, adesão a um pacto – e por isso é também virtude. A fé floresce em plenitude quando se é fiel na noite da fé, quando se agarra aquela corda, quando se continua a dar confiança a um encontro-aliança que parece já muito afastado e desfocado, quase uma auto-ilusão consolatória, ou quando durante tempo demasiado o nevoeiro para lá daquela janela não se dissipa, não se recordam já as formas da antiga paisagem, e se tem vontade de não mais a abrir e de acender a tv dos céus a fingir. E descobrir, depois, que nessas noites fiéis se foi fiel sobretudo à parte mais verdadeira e profunda de nós. É possível chegar a ser justo e verdadeiro mesmo sem fé, mas nunca sem fidelidade.
Quem vive esta dimensão fiel da fé é capaz de verdadeiro diálogo e de verdadeira fraternidade com quem fé não tem, com quem a perdeu ou tem várias, e sabe até mover montanhas, porque não as move para si. É esta fé que abre a altíssimos cumes de humanidade, de economia, de empresa, nos quais a fé continua ainda a gerar coisas extraordinárias. As pessoas fiéis são sempre importantes para o Bem comum e para a beleza da terra, mas para sair de uma crise são indispensáveis, porque sabem indicar um horizonte maior, sabem fazer uma abertura no teto da nossa Casa comum e mostrar-nos um céu mais alto, para recomeçar.
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Comentários - Virtudes a redescobrir/6
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 15/09/2013
Há palavras que, sozinhas, conseguem exprimir totalidade. Justiça, beleza, verdade, possuem tal força, tal inteireza que não é necessário acrescentar-lhes adjetivos para as completar. Que mais dizer de uma pessoa verdadeira, de um homem justo, de uma vida bela? Uma dessas poucas palavras grandes e absolutas é: Fé. É possível viver, e por vezes bem, uma longa vida sem dinheiro ou bens, mas não se vive sem acreditar. Todos somos capazes de fé, porque no espaço interior de cada pessoa existe uma "janela" que dá para um "além", uma frincha que ali permanece mesmo quando ao olharmos dentro de nós (já) não vemos nada e ainda que à frente dela tenhamos colocado um armário ou o televisor. E precisamente porque é uma palavra grande do humano, a fé é também palavra do económico.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 08/09/2013
Recurso escasso da nossa civilização é mesmo a esperança. Ela é sem dúvida uma virtude, mas por detrás desta grande palavra escondem-se muitas coisas, umas maiores e outras menores que a virtude. Como toda a palavra nobre e antiga, assemelha-se às cidades estratificadas que ao longo de séculos conheceram muitas vidas e diversas civilizações. Na verdade, existe um primeiro nível de esperança – que se reconhece à primeira vista porque é muito superficial – que não é virtude, mas um mal.
[fulltext] =>É a esperança que a mitologia grega coloca dentro do vaso de Pandora (o vaso que continha todos os males) e que, misteriosa e ambiguamente, não se liberta juntamente com os outros males para inundar o mundo e permanece dentro do vaso. É a esperança que São Paulo chama 'vã', à qual recorrem muitas vezes os poderosos, quando convidam os cidadãos a esperar em retomas imaginárias e em futuros melhores, quando nada ou muito pouco fazem para melhorar as condições de vida do presente. A esperança de ganhar a lotaria e a raspadinha, ou a atitude de quem perante um pedido de ajuda responde: 'esperemos que corra bem', uma frase que nada custa (e nada vale), que marca o fim daquele encontro e o fracassado início de um esforço responsável para procurar em conjunto uma solução concreta. É a esperança 'ópio do povo', que frequentemente se tornou e torna instrumento de domínio, sobretudo sobre os pobres, vítimas de ilusões criadas com requinte para os manter na indigência e na miséria. Esta esperança é um mal porque pode fazer-nos viver, ou pelo menos sobreviver, sem o esforço de nos tornarmos protagonistas da nossa felicidade, aguardando passivamente que a salvação chegue com a sorte, com o favor dos deuses, ou através do Estado. Contra esta esperança vã e ilusória já a filosofia grega, e depois decididamente o cristianismo, desferraram batalha duríssima, com o objetivo de libertar as pessoas de malévolas esperanças enganadoras, e de assim as abrirem à esperança que não desilude. Uma batalha que – é preciso reconhecer – nesta fase da nossa vida pública parece substancialmente perdida, se olharmos a quanta ilusão e falsas esperanças produz a nossa cultura de consumo e de televisão (são impressionantes as estatísticas sobre o tempo gasto, cada vez mais em solidão, diante da tv: regressámos aos altíssimos níveis dos anos 80).
Se escavarmos mais em profundidade, encontraremos um segundo nível ou estrato de esperança, que começa a ser virtude. É a atitude espiritual e moral que leva a procurar verdadeiras razões de esperança num futuro próximo melhor que o presente; a fazer alguma coisa para que o 'não ainda' esperado se torne 'já'. Foi a esperança que impeliu as gerações passadas a lutar contra um hoje pobre e parco de bens e de direitos, para construir um futuro melhor para filhos e netos. Foi esta esperança que tornou suportável e por vezes alegre o trabalho de muitos dos nossos avós, quase escravos no campo ou na mina, porque atrás daquele esforço e lágrimas entreviam diplomas, formaturas, casas, campos e trabalhos diferentes. É a esperança das namoradas, das esposas, das mães, mas também a que impeliu tantos rendeiros e pequenos artesãos a tornarem-se empresários, não apenas nem sobretudo por amor ao dinheiro, mas em busca de futuro melhor em dignidade e liberdade.
Mas existe ainda um terceiro nível de esperança, que quando o descobrimos começa a revelar os traços de uma cidade antiga muito nobre e bela. É a esperança dos que lutaram até dar a própria vida para construir um futuro melhor não apenas para os seus filhos, mas para os filhos e filhas de todos. É a esperança civil, social, política, que moveu milhares de trabalhadores, sindicalistas, políticos, cooperadores, cidadãos, homens e muitas (por demais esquecidas) mulheres, que quiseram e souberam gastar a vida para melhorar o mundo em que viveram. Foi esta esperança quelevou para a frente, e leva ainda, as fronteiras do humano, que escorou todas as virtudes, as irrigou, lhes deu coragem, sentido e direção. E é esta esperança que hoje precisamos de exercitar cotidianamente e reacender, sobretudo em conjunto, para partir de novo na política, nos mercados, nas empresas, que não podem permanecer muito tempo lugares des-esperados. É preciso incrementar atos e exercícios virtuosos de esperança, que devem ser postos em relevo, partilhados, amplificados pelos meios de comunicação, porque a esperança é contagiosa, como e mais o são o desencorajamento e o desespero civil.
A descoberta das dimensões da esperança não se detém, no entanto, neste terceiro e já alto e nobre nível. Na verdade existe uma quarta forma de esperança que se encontra muito em profundidade, e que é diversa de todas as outras, porque já não está contida no interior do registo semântico da palavra virtude. Não se chega a ela (ao contrário das virtudes) com exercício, disciplina, esforço. Esta esperança é simplesmente, dom, gratuidade, charis. Quando chega a nós surpreende sempre, corta-nos a respiração. É o encontro com a sala dos tesouros. Esta esperança não pode ser calculada nem prevista; deve ser aguardada e desejada e quando chega é alegria grande, paraíso, como com o regresso de um amigo longínquo e muito esperado que, finalmente e de improviso, aparece um dia. Existe um laço profundo entre esta esperança e a expectativa. Dizem-no também as línguas portuguesa e espanhola, nas quais com uma única palavra se pode dizer ter esperança e aguardar algo ou alguém: esperar. Existe talvez algo desta esperança no misterioso final do Conde de Montecristo: «Toda a sabedoria humana repousa nestas duas palavras: aguardar e esperar». É a espera do esposo com as lâmpadas acesas da esperança. Esta esperança, como todo o verdadeiro e grande dom, chega sem pré-aviso e sem pedir licença, quando esgotámos os recursos naturais para esperar, e nos encontramos em condições em que não haveria já qualquer razoável razão para esperar, nem sequer no Paraíso. E no entanto chega; depois do anúncio de uma doença séria, de uma grave traição, depois de infinitas solidões, quando menos se espera aflora na alma algo delicado, uma brisa ligeira; e de novo é possível esperar, esperar e aguardar diversamente. Damo-nos conta de que nos é dada uma nova possibilidade, uma nova razão para esperar verdadeiramente, não por auto-engano consolatório mas porque renasce a força de esperar para além do desespero. E então, depois de ter depositado os livros no tribunal, depois da enésima ilusão, da enésima promessa de crédito bancário, depois da trigésima entrevista de trabalho acabados em nada, eis que com os olhos ainda brilhantes renasce dentro a esperança. E surpreende-nos, faz-nos recomeçar a corrida, a luta. Não somos nós a gerar esta esperança: chega, e por isso é dom, como bem sabia a tradição cristã que chamou a esperança 'virtude' acrescentando-lhe o adjetivo 'teologal', para sublinhar também a sua dimensão de gratuidade, de excedência relativamente a todo o mérito, e que não nos pode ser roubada por nenhuma tristeza e desespero do presente.
Se na terra não existisse esta quarta (ou enésima) esperança, a vida seria insuportável – e assim se torna quando esta esperança não chega ou não se ouve por causa de ruído demasiado. Seria insuportável sobretudo a vida dos pobres que, pelo contrário, como a Cabiria de Fellini, conseguem recomeçar o caminho, a sorrir, a dançar, a esperar de novo para além da desventura. É esta a esperança que também hoje faz levantar de novo milhares de trabalhadores, empresários, cooperadores sociais, políticos, funcionários públicos que, spes contra spem, vão para a frente também porque de vez em quando experimentam esta esperança. E assim relançam a sua, e nossa, boa corrida.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Virtudes a redescobrir e a viver/5
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 08/09/2013
Recurso escasso da nossa civilização é mesmo a esperança. Ela é sem dúvida uma virtude, mas por detrás desta grande palavra escondem-se muitas coisas, umas maiores e outras menores que a virtude. Como toda a palavra nobre e antiga, assemelha-se às cidades estratificadas que ao longo de séculos conheceram muitas vidas e diversas civilizações. Na verdade, existe um primeiro nível de esperança – que se reconhece à primeira vista porque é muito superficial – que não é virtude, mas um mal.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 01/09/2013
Virtude particularmente preciosa em tempos de crise é a fortaleza. É a capacidade de continuar a viver e resistir em períodos longos e duros de adversidade. Uma força espiritual e moral a que as gerações passadas atribuíam enorme importância, a ponto de a chamarem virtude cardeal.
A fortaleza permite que não se abandone a luta quando tudo levaria a fazê-lo. É a fortaleza que nos faz resistir na busca da justiça em contextos de corrupção; que nos faz continuar a pagar impostos quando muita gente o não faz; a respeitar os outros quando não nos respeitam a nós; a ser não violentos em ambientes violentos.
[fulltext] =>É ela que nos mantém temperados ainda que imersos na intemperança, que nos faz resistir anos e anos num posto de trabalho errado, que nos faz ficar na família ou comunidade mesmo que todos e tudo, exceto o nosso íntimo, nos digam para ir embora.
É uma virtude a par das outras, mas, como e mais do que as outras virtudes cardeais, é também uma dimensão ou pré-condição para poder viver todas as outras virtudes quando se atua em contextos difíceis, e quando as condições difíceis se mantêm por muito tempo. É uma virtude que serve todas as outras, porque nos faz ir por diante quando falta reciprocidade. Por isso uma bela palavra que hoje recolhe muitos dos significados da fortaleza é resiliência, que diz também a capacidade de a pessoa não ceder, de se manter agarrada às paredes, de não escorregar nos diferentes declives da vida pessoal e civil. Por esta razão a fortaleza foi – e é – a salvação sobretudo dos pobres, que graças a ela conseguem muitas vezes resistir à injusta falta de recursos, direitos, liberdade, respeito. Fá-los resistir durante longas carestias, intermináveis ausências de maridos e filhos emigrados ou desaparecidos na guerra (existe uma relação especial entre a fortaleza e a mulher). Dá aos tantos Edmond Dantès da história e do presente, a força de esperar mesmo quando encerrados em prisões por decénios, só pelo facto de serem pobres.
E também a fortaleza conhece a lógica paradoxal de todas as virtudes. Na verdade, em momentos decisivos da vida a fortaleza deve ser capaz de se transformar em fraqueza para ser verdadeiramente virtuosa. A aceitação dócil de uma desventura, uma doença grave, um fracasso, uma viuvez, ou a reconciliação com aquela última etapa da vida quando alguém (ou a voz interior) nos diz que chegou a nossa hora. A dignidade e a força moral nestes momentos de fraqueza-virtuosa dependem decididamente de quanta fortaleza fomos capazes de acumula¬r ao longo da existência.
A fortaleza é pois essencial para resistir e vencer a tentação, uma palavra que saiu do horizonte das nossas cidades porque é verdadeira de mais para ser entendida pela nossa incivilidade de consumos e apostas (na finança e em jogos de azar). E pelo contrário as tentações existem, e sabê-las reconhecer e ultrapassar significa não perder-se na vida. É a fortaleza que faz recusar ofertas de empresas imorais, impede a venda especulativa de uma boa empresa familiar que acumula gerações de amor, dor e dedicação, que dá força para resistir a uma paixão errada e regressar fiel a casa.
A economia é uma parte da vida, e por isso tem também necessidade de fortaleza para ser vida boa. Existem, no entanto, dois âmbitos nos quais a fortaleza desempenha um papel essencial. O primeiro refere-se diretamente à vida e vocação do empresário. Mesmo se muita gente pensa – e infelizmente escreve também – exatamente o contrário, a economia de mercado não é um sistema que recompensa regularmente o mérito e o talento, ou que o recompensa melhor que outros sistemas (desporto, sociedades científicas, família…). Na dinâmica de mercado não existe uma relação certa entre o comportamento virtuoso do empresário (inovação, lealdade, honestidade, legalidade…) e o sucesso no mercado. Esta relação existe frequentemente, mas pode não existir. Os resultados de uma empresa dependem de inumeráveis circunstâncias, que podem mudar independentemente do controle e do mérito do empresário ou empresária. E assim pode acontecer que esforços meritórios fiquem sem recompensa, e que o prémio vá para quem tem menos mérito ou talento. A desventura pode atingir – e atinge de vez em quando – também o justo, o virtuoso empresário, sobretudo em tempos de crise. A prática da virtude da fortaleza pode salvá-lo, pode ajudá-lo a não se render, e a retomar a corrida.
O segundo âmbito, pelo contrário, situa-se no interior das organizações. Quando uma empresa atravessa períodos de verdadeira crise, sobretudo as que envolvem as motivações profundas das pessoas, a superação das mesmas depende da presença nestes lugares de um número suficiente de pessoas com suficiente resiliência. De facto, se não existir algum (pelo menos um) que indo para além da lógica dos 'incentivos' continua a resistir e a lutar sem se preocupar com horário e 'desperdício' de recursos, as crises de empresa não se ultrapassam. A arte do governo de uma empresa consiste quase inteiramente em saber atrair pessoas com altos valores de resiliência, em não deixá-las sair, e em conseguir que a resiliência-fortaleza aumente ao longo da experiência de trabalho. A fortaleza, na verdade, precisa de ser constantemente alimentada, porque se é certo que se aprende a ser forte praticando a fortaleza, é ainda mais certo que sendo uma 'virtude de longo prazo', a fortaleza está particularmente sujeita ao risco de esgotamento. Sinal inequívoco de que a fortaleza está acabando (ou acabou) é a habitual frase: «Já não vale a pena», a indicar que não se consegue já ver valor no esforço de resistência. É pois muito importante não considerar nunca a fortaleza dos outros (nem a nossa) como característica imutável ou como um stock, porque pode secar e até morrer se a pessoa não a cultivar (com a vida interior, com a poesia, com a oração…), e se quem vive a seu lado não a reforçar com expressões de estima, partilha, apreço, gratidão. É possível resistir longamente em condições de grande dificuldade se não se está sozinhos, mas na companhia da virtude dos outros e da própria interioridade habitada.
Por fim, a fortaleza é indispensável para manter a alegria de viver em condições de persistentes dificuldades, doenças, traições. Uma das coisas mais sublimes do mundo é a existência de pessoas capazes de alegria verdadeira em condições objetivas de grande adversidade. Este tipo de alegria-virtuosa é um hino à vida, um bem comum que enriquece quantos por ela são contagiados. As qualidades da fortaleza necessárias para conservar a alegria não são menos preciosas e potentes das que permitem suportar as dificuldades e a dor. É esta alegria o sacramento da autenticidade de todas as virtudes, uma alegria frágil e forte, que torna o jugo das longas adversidades mais leve, e até mesmo suave.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Virtudes a redescobrir e a viver/4
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 01/09/2013
Virtude particularmente preciosa em tempos de crise é a fortaleza. É a capacidade de continuar a viver e resistir em períodos longos e duros de adversidade. Uma força espiritual e moral a que as gerações passadas atribuíam enorme importância, a ponto de a chamarem virtude cardeal.
A fortaleza permite que não se abandone a luta quando tudo levaria a fazê-lo. É a fortaleza que nos faz resistir na busca da justiça em contextos de corrupção; que nos faz continuar a pagar impostos quando muita gente o não faz; a respeitar os outros quando não nos respeitam a nós; a ser não violentos em ambientes violentos.
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por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 25/08/2013
Sempre existiu profunda amizade entre o bem-viver, a boa economia e a virtude da prudência. Mas o que foi, e é, verdadeiramente importante é saber reconhecer a prudência não virtuosa e aquela imprudência que pode ser virtude.
A aurora da modernidade foi palco do debate sobre os mecanismos, para uns providenciais, destinados a orientar para o bem-estar social não só as escassas virtudes, mas também, e sobretudo, os abundantes vícios das pessoas reais, os vícios do «homem assim como ele é, para bem os usar na sociedade humana» (Vico, La scienza nuova, 1744).
[fulltext] =>Neste contexto Adam Smith demonstrou, convencendo muita gente, que o desenvolvimento e a riqueza das nações não nascem do vício da avareza nem da paixão triste do egoísmo, mas da virtude cardeal da prudência, «o cuidado pelos bens, pela classe e pela reputação do indivíduo» (Smith, Teoria dos Sentimentos Morais, 1759). É então prudente o bom pai (ou mãe) de família que cuida do seu património, trata de o manter, o faz crescer, oferece um automóvel ao filho maior e lhe diz: «Trata bem dele». Tudo isto é sem dúvida virtude, é bem individual e bem comum. E se olharmos para a nossa história veremos que a virtude da prudência está na raiz da nossa civilização camponesa e artesanal, que educava para o bom uso dos bens, para a conservação das poucas coisas que se possuíam, e para aumentar prudentemente patrimónios, sonhos e projetos de vida. Uma história que nos recorda que os comportamentos viciosos contra a prudência são o desperdício, a incúria, a estultice de quem desbarata os seus bens (ou os dos seus pais) e que nos deve trazer ao pensamento que o bem-estar depende também e, frequentemente, antes de mais, da virtude dos concidadãos, de como e se o vizinho do lado trata do seu jardim e paga os impostos, da virtude da administração pública e dos nossos clientes.
Durou pouco o primeiro otimismo iluminista da transformação da prudência dos indivíduos em virtude pública, – embora ainda haja quem continue, ideologica ou ingenuamente, a invocá-lo. Basta ler os romances de Giovanni Verga (1840-1922, considerado o maior expoente da corrente literária do realismo, para nos darmos conta de que o cenário era já radicalmente outro, no seu tempo. Os vícios privados deixavam já demasiados «vencidos» à margem da «enchente do progresso», e a Providência tinha-se tornado a barcaça naufragada de Patron Ntoni (patriarca da família Malavoglia, personagem do romance homónimo de G. Verga); A tão esperada, e coralmente invocada, economia de mercado, harmoniosa e mutuamente vantajosa, estava a tornar-se, de facto, no capitalismo. As suas estruturas de poder estavam recriando novas formas de feudalismo, novas desigualdades, novas rendas, novos nobres possuidores de um diferente, mas não menos eficaz, sangue azul. De modo especial, demo-nos conta – e cada vez mais o veremos – que os processos mais importantes da economia se desenrolam dentro de instituições, em organizações (entre as quais o Estado), em bancos, empresas, onde a prudência e as virtudes dos indivíduos não produzem vida boa se vividas no interior de relações de poder assimétricas que acentuam desigualdades de todo o tipo.
Eis então que o cenário muda radicalmente, e à pessoa prudente não é apenas pedido que oriente segundo virtude a própria vida e a da sua família, mas que atue para que sejam mudadas leis, estruturas, sistemas de governo e gestão de empresas e de muitos bens comuns. E começa então a ser escrito um novo-antigo capítulo moral de crucial relevo: se uma pessoa virtuosa vive dentro de instituições viciosas, para poder viver realmente a virtude da prudência deverá saber agir também de modo imprudente. Se quiser ser realmente virtuoso e prudente, deverá saber pôr em segundo plano o cuidado por si mesmo, pelos seus interesses, pelo seu património, e até pelos seus afetos. Se aqueles que querem e devem denunciar manifestas injustiças e não-verdades, perante chantagens e represálias, "prudentemente" calam, não vivem a dimensão da prudência que chamamos virtude. Por certo, um hábil filósofo poderia defender a ideia de que precisamos de alargar o conceito de prudência para nela incluir um si (mesmo) meta-individual e até bens espirituais ou mesmo ultraterrenos. Pessoalmente prefiro pensar que, para entender o valor e a lógica das virtudes, é necessário tomar a sério a sua natureza paradoxal. A virtude é realmente virtuosa quando morre e se abre a um "além" maior, numa nova relação com as outras virtudes verdadeiras ou presumidas (como as impostas por lógicas do "politicamente correto").
Assim a prudência é justa quando é capaz de se tornar imprudente, a fortaleza é prudente quando sabe usar a mansidão e cada uma das virtudes se completa quando floresce em ágape, onde reina uma justiça que pode ir ao ponto de dar o salário do dia inteiro a quem, sem culpa própria, trabalhou apenas a última hora. Sem este horizonte, o comportamento em si prudente perde contacto com a virtude, como quem estaciona em segunda fila e, 'prudentemente', encosta o retrovisor contra a porta do carro. Na verdade, se não tomarmos a sério este paradoxo crucial e para mim formidável, a virtude acaba por se transformar no maior dos vícios, porque se torna exercício egoísta dirigido à perfeição individual, esquecendo o outro.
É o ágape a completa realização de cada ação moral, porque nunca se define e concretiza no interior de qualquer horizonte de lei, nem mesmo da lei das virtudes, que chama a transcenderem-se para se tornarem (paradoxalmente) elas mesmas. Quem no nosso tempo está em contacto com as muitas periferias morais e antropológicas do mundo, se não tocar e por vezes ultrapassar a fronteira da justiça traçada pelas leis da cidade, não poderá ser verdadeiramente justo. Quando certa noite bateu Alí à porta de um meu amigo pároco siciliano, se ele se tivesse prudentemente detido no limiar da justiça e não o tivesse acolhido na sua casa (pensando nas consequências penais que poderia ter e que depois veio a ter), não teria sido verdadeiramente virtuoso. Uma dinâmica paradoxal conhecida por quem trabalha em comunidades de recuperação, em prisões de menores, e por muitos que continuam a arriscar carreira, bens, volume de vendas, postos de trabalho, falência de empresas.
Não é pedido a todos e a cada momento que vivam esta dimensão paradoxal da virtude. Mas se não respondermos quando o apelo soa, comprometeremos a qualidade ética e espiritual da nossa existência, porque não se trata de atos extraordinários de super-heróis, mas de ações de que todos somos potencialmente capazes. Esta virtude-além-da-virtude é o fermento que leveda o pão de uma vida já virtuosa e lhe dá a força de mover montanhas. Gandhi não teria libertado a Índia se não tivesse sido virtuosamente imprudente, nem Francisco nos teria ensinado a fraternidade se imprudentemente não tivesse beijado o leproso, nem tantas mulheres e sem-abrigo teriam sido libertados e ressuscitados se não tivessem encontrado na rua pessoas agapicamente imprudentes que quiseram e souberam abraçá-los, sem se limitarem à solidariedade imune que está enchendo a nossa economia e, infelizmente, também parte de organizações sem fins lucrativos. O território das virtudes – e portanto do humano – estende-se e humaniza-se sempre que alguém tem a imprudência de ir além dos confins assinalados às virtudes, pagando pessoalmente e, quase sempre, sem desconto. Imprudências abençoadas, que levam para a frente a civilização e tornam o mundo um lugar digno e belo onde viver.
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Todos os comentários de Luigino Bruni publicados em Avvenire estão disponíveis no menu Editoriais AvvenireComentários - Virtudes a redescobrir e a viver/3
por Luigino Bruni
publicado em Avvenire dia 25/08/2013
Sempre existiu profunda amizade entre o bem-viver, a boa economia e a virtude da prudência. Mas o que foi, e é, verdadeiramente importante é saber reconhecer a prudência não virtuosa e aquela imprudência que pode ser virtude.
A aurora da modernidade foi palco do debate sobre os mecanismos, para uns providenciais, destinados a orientar para o bem-estar social não só as escassas virtudes, mas também, e sobretudo, os abundantes vícios das pessoas reais, os vícios do «homem assim como ele é, para bem os usar na sociedade humana» (Vico, La scienza nuova, 1744).
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por Luigino Bruni
publicato em Avvenire dia 18/08/2013
Existe acentuado contraste entre o profundo sentido de justiça que todos – mesmo os malvados - reconhecemos no próprio interior e o mundo que nos surge como espetáculo de injustiça generalizada. «O homem nasce livre, e em todo o lado é prisioneiro» (J.J. Rousseau). Há muitas injustiças que não podem ser resolvidas em tribunais e para as quais não bastam advogados; algumas, porque os aspetos legais – que podem ser objeto de comutatividade e compensação – cobrem apenas uma pequena parte do território da justiça, cuja extensão coincide com a totalidade da vida em comum. Um modo errado de responder à procura de justiça é a tendência – hoje em acelerado aumento – a legislar sobre toda a vida social, tendendo a codificar todas as relações inter-pessoais, transformando em contratos todos os relacionamentos entre pessoas.
[fulltext] =>Uma tendência-tentação que, em vez de aumentar a justiça, está a bloquear escolas, condomínios ou hospitais com ratoeiras de desconfiança recíproca, porque muitos relacionamentos humanos se desvirtuam quando são contratualizados.
Era outra, porém, a grande lição sobre justiça do humanismo europeu. Começava por designar a justiça como virtude cardeal, dizendo assim que ela é antes de mais fruto de exercício continuado da pessoa. Antes de ser invocada como princípio, a justiça deve ser praticada, vivida, procurada, cultivada, como as outras grandes virtudes da existência. A justiça da cidade é gerada pela justiça dos cidadãos, como simbolicamente exprimia a cultura grega fazendo nascer Dike, a deusa da justiça da polis, da mãe Themis, a deusa da Justiça que antecede qualquer sistema jurídico histórico e concreto e que torna justo quem a segue. Por isso Themis pode até entrar em conflito com Dike, como na grande tragédia de Antígona a qual, em nome de uma justiça maior, contra a justiça da polis, dá sepultura ao irmão morto, Polinis. Também os escribas e os fariseus tinham a sua justiça, e com base nela condenaram Cristo. Nenhuma invocação de justiça é adequada se provier de cidadãos injustos que usam a justiça-Dike contra a Justiça-Themis, talvez para oprimir pobres e justos, e sempre para vantagem própria. Na verdade, se os cidadãos não amarem e praticarem a virtude da justiça, as leis que produzirem só poderão ser injustas, e tanto mais injustas quanto mais democrática for a forma de governo – de facto, a necessidade de cidadãos virtuosos é a principal fragilidade das democracias, como bem sabiam Montesquieu e Filangieri. Ao mesmo tempo, as leis justas reforçam e premeiam as virtudes civis dos cidadãos.
Este o motivo porque as declinações da virtude da justiça são abertas e propositadamente vagas: convidam a reconhecer e a dar a 'cada um o que é seu' sem porém dizer como medir aquilo que é próprio de cada um, nem quem é competente para o medir. E mesmo quando a justiça-Dike é chamada a dar conteúdo e limite ao 'próprio' de cada um, é ainda mais verdadeiro que a indeterminação da virtude da justiça é expressão do facto de ela ser uma relação entre pessoas. Reconhecemos e damos ao outro o que justamente lhe cabe, se e quando entre nós existir uma comum pertença, porque, em sentido verdadeiro, o outro interessa-me e diz-me respeito, é terceira pessoa apenas porque, a nível mais profundo, é segunda (um 'tu'). E enquanto a justiça-Dike pode contentar-se com dar a cada um o seu, a virtude da justiça vai para além do cálculo do próprio. O cristianismo disse-nos que a diferença entre a sua justiça e a justiça dos escribas e dos fariseus se chama ágape, a qual não começa onde acaba a justiça, mas é a sua concretização e forma.
A economia nunca tomou a sério o tema da justiça, com exceção do economista e filósofo indiano Amartya Sene poucos mais. Para a ideologia-religião capitalista a justiça é parte dos vínculos a respeitar, não integra os objetivos a atingir. Na melhor das hipóteses, justiça é sinónimo de cumprimento obrigatório das leis do trabalho, do ambiente ou da segurança, ou de pagamento de impostos, que são vínculos vividos como limite imposto ao único verdadeiro objetivo da empresa capitalista: a maximização do lucro ou, mais propriamente e mais gravemente, do rendimento. Mas no princípio não era assim. O 'preço justo' foi um dos grandes temas da economia medieval, e Antonio Genovesi paralelamente ao seu tratado de economia (Lezioni di economia civile), tinha escrito em 1766 a Diceosina, ou seja, um tratado sobre a justiça, que era a alma de toda a sua produção económica e ética. A justiça que o nosso capitalismo conhece – se é que conhece – é semelhante à dos escribas e fariseus, a justiça de vínculos e de respeito formal e cultual da lei. A pergunta sobre a justiça diz respeito e julga o inteiro sistema capitalista atual; uma pergunta, porém, que foi posta de lado durante muito tempo, devido sobretudo a uma crise de pensamento crítico.
Não se trata simplesmente de denunciarcomo injustos (o que é justo fazer) alguns fenómenos isolados do capitalismo – desde os vergonhosos ordenados e pensões de muitos altos dirigentes públicos e privados aos paraísos fiscais, das especulações que não criam mas antes destroem trabalho às multinacionais das apostas que levam à fome os pobres com a conivência das instituições… – mas antes de tomar consciência de que existe uma inimizade muito profunda e radical entre o nosso capitalismo-financeiro e a virtude cardeal da justiça. Isto não significa negar que existam muitas pessoas que praticam todos os dias a virtude da justiça na vida económica, mas apenas reconhecer que um sistema fundado sobre a busca do máximo proveito dos proprietários dos grandes bancos, das companhias de seguros e das empresas multinacionais, está em conflito, como sistema ético, com as exigências da virtude da justiça. Para avaliar a justiça deste capitalismonão devemos confrontá-la com a do feudalismo, que era ainda menor, mas sim com a que poderíamos realizar se não tivéssemos traído a vocação social e civil da Europa para seguir as sirenes do consumismo e da finança especulativa. Este capitalismo, que continua a produzir rendimentos e privilégios para pouquíssimos e desemprego e marginalidade para tantíssimos, que publica leis que reforçam os privilégios e desfavorecem cada vez mais os fracos e os pobres – não podendo ter a justiça da sua parte, deve contentar-se com a eficiência, quando o consegue.Se quiséssemos superar este modelo de desenvolvimento e tomar decididamente o caminho da justiça, deveríamos ter uma coragem civil e uma força de pensamento pelo menos semelhante à daqueles que geraram o movimento cooperativo europeu que, nos alvores do capitalismo, tentou uma outra via para o mercado e para a empresa; e para tal punha em discussão os direitos de propriedade, a distribuição do rendimento (tema que já não se encontra nos tratados de economia), o poder, a igualdade de oportunidades entre os sujeitos económicos, sem negar a liberdade nem o mercado. A história do séc. XX, pelo contrário, produziu um capitalismo, que é essencialmente a imagem em contraluz dos nossos vícios e das nossas poucas virtudes – e por isso pode sempre ser modificado e evoluir para algo diferente, se nós quisermos.
O espetáculo da injustiça e da iniquidade continua a dominar a cena deste mundo. Há muita gente acostumada a privilégios e bens de conforto injustos do atual capitalismo, e que o alimentam com as suas escolhas quotidianas. Outros, ainda muito poucos, continuam a pensar e a dizer que muitas grandes injustiças manifestas podem ser eliminadas da nossa sociedade, e agem em consequência, na medida do que podem. E assim continuam, teimosamente, a «ter fome e sede de justiça» e, de vez em quando, a serem chamados de «beatos».
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Comentários - Virtudes a redescobrir e a viver/2
por Luigino Bruni
publicato em Avvenire dia 18/08/2013
Existe acentuado contraste entre o profundo sentido de justiça que todos – mesmo os malvados - reconhecemos no próprio interior e o mundo que nos surge como espetáculo de injustiça generalizada. «O homem nasce livre, e em todo o lado é prisioneiro» (J.J. Rousseau). Há muitas injustiças que não podem ser resolvidas em tribunais e para as quais não bastam advogados; algumas, porque os aspetos legais – que podem ser objeto de comutatividade e compensação – cobrem apenas uma pequena parte do território da justiça, cuja extensão coincide com a totalidade da vida em comum. Um modo errado de responder à procura de justiça é a tendência – hoje em acelerado aumento – a legislar sobre toda a vida social, tendendo a codificar todas as relações inter-pessoais, transformando em contratos todos os relacionamentos entre pessoas.
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