A terra do 'nós'

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A Terra do ‘nós’ / 4 - Os limites do benefício mútuo do mercado, o novo ambiente na era de Muratori

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 14/10/2023

O nascimento da Economia Política moderna está profundamente ligado à emergência de uma nova ideia de Bem Comum. O pensamento antigo e medieval deu-lhe origem a partir da renúncia deliberada e consciente ao bem privado de cada pessoa. No século XVIII, porém, começou a dizer-se que o Bem Comum é o resultado (não intencional) da prossecução dos próprios interesses, sem necessidade de qualquer renúncia. Ninguém no mercado perde nada, todos ganham. Este é o cerne do discurso escondido por trás da metáfora da "mão invisível" de Adam Smith, introduzida alguns anos antes pelo napolitano Ferdinando Galiani (Della Moneta, 1750) e já presente, em embrião, também no outro grande napolitano Giambattista Vico. Uma revolução bem expressa por Smith: "Nunca vi nada de bom feito por aqueles que se propuseram trabalhar pelo bem comum" (La Ricchezza delle Nazioni, 1776).

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Sobre isso, a Economia Civil Napolitana e Italiana pensava, e ainda pensa, de forma diferente: embora reconhecendo aos mecanismos de benefício mútuo do mercado o estatuto de lei de ouro da vida económica e social, nunca pensou, porém, que o benefício mútuo da mão invisível por si só fosse suficiente para o Bem Comum. Conheciam o benefício mútuo, mas não fizeram dele a única linguagem social ou económica para a civilização dos povos. Antonio Ludovico Muratori (1672, Vignola - 1750, Modena) foi uma figura de grande relevo. Naqueles anos, após o século XVII, que tinha sido também a época de ouro da Contrarreforma e da Inquisição (de que, entre outras coisas, Muratori se ocupou), iniciou-se um movimento reformista na Europa. No âmbito eclesial, primeiro a eleição de Bento XIII (em 1724), que já conhecemos em artigos anteriores pela sua grande ação pelos Montes Frumentários, e depois, após o breve interlúdio de Clemente XII, de Bento XIV (em 1740), marcaram um verdadeiro tempo de renovação também social e económico. Bento XIV, além de escrever a encíclica Vix pervenit (1745) sobre a legitimidade do empréstimo a juros, foi um reformador económico, e realizou uma reforma agrária para reintroduzir a instituição bíblica da "respiga" para os camponeses pobres.

A era muratoriana foi uma época de maior tolerância para com ideias novas e divergentes, clima que favoreceu o surgimento de grandes intelectuais sociais que o século XVII não gerara – os talentos católicos daquele século estavam orientados para as esferas menos "perigosas" da arte, da música e da poesia. Muratori foi uma figura de intelectual impressionante e gigantesca. Fez contribuições fundamentais para os estudos históricos, incluindo 27 volumes da Rerum Italicarum Scriptores, 6 volumes dos Antiquitates Italicae Medii Aevi e 12 volumes dos Annali da Itália. Foi professor do jovem Antonio Genovesi, e escreveu importantes páginas económicas tanto n'A Caridade Cristã (1723) quanto no Cristianismo Feliz (1743), onde descreve e elogia a experiência socioeconómica das "reduções" dos jesuítas no Paraguai. No ano anterior à sua morte, publicou um resumo do seu pensamento em Della pubblica felicità, um livro cujo título representou durante pelo menos um século o lema do projeto de investigação dos economistas italianos, agora novamente vivo. Entre os muitos campos abordados e renovados por Muratori, dois são muito importantes: o trabalho teológico de reforma da vida económico-civil e a coexistência da ideia de benefício mútuo com a do dom.

Após quase dois séculos da Contrarreforma, Muratori entendeu que, sem uma profunda reforma da "devoção" (divozione) e da piedade popular, que naqueles séculos estava entrelaçada com a magia e a superstição, a sociedade católica teria ficado definitivamente bloqueada. E assim o padre Muratori criticou as devoções para salvar a devoção: "Na Igreja Católica há uma abundância de livros de devoção e piedade, autores que propõem todos os dias alguma nova devoção e devoçõezinhas" (Della regolata devozione dei cristiani, Prefazione, 1747). As suas críticas provocaram muitas reações duras, acusações de protestantismo e jansenismo, um destino comum aos verdadeiros reformadores.

Muito importante é a razão principal da sua crítica religiosa: "Devemos ter em mente uma verdade muito importante: Deus não nos ordena nada que não seja o nosso próprio bem, isto é, amar e buscar a nossa felicidade mesmo na vida presente" (p. 5). Porque, explica, toda a Revelação está direcionada para a nossa felicidade: «Deus quer que resistamos aos sopros da luxúria desordenada, da ira, da gula, da vingança e de semelhantes paixões vigorosas: não é isto para nosso próprio benefício?» (pág. 35). Numa Igreja totalmente centrada nas almas do purgatório, no vale de lágrimas, nas penitências, na dor e na teologia da expiação, a obra de Muratori resplandece como um hino à vida e à pessoa, como um Humanismo, onde Deus é o primeiro aliado do homem para a sua felicidade. Uma visão inteiramente bíblica e evangélica. A relação entre Deus e os seres humanos deve ser vista como benefício mútuo e reciprocidade: o Seu Bem é o nosso, o nosso é o Seu. Muito lindo. Deste humanismo provém a sua crítica ao culto dos santos e de Nossa Senhora, chegando mesmo a dizer algo revolucionário: que a devoção dos santos "não é necessária e essencial para o cristão" (p. 205).

Muito importante é, também, a razão económica da sua longa batalha pela redução dos demasiados dias santos de guarda na Igreja Católica. Nesses dias santos os cristãos não podiam trabalhar, de modo que "a multiplicidade dos dias santos claramente prejudica e onera aqueles que têm que ganhar o pão com as artes e com o trabalho das suas mãos" (p. 10). E acrescenta: "Os santos não têm necessidade da nossa glória e, pelo contrário, os pobres precisam do pão, nem nunca se deve julgar que os santos tão cheios de caridade gostem que, para lhes fazer uma honra desnecessária, os pobres fiquem defraudados da sua porção necessária de alimento" (p. 211). Mais uma vez, a falta de benefício mútuo. E conclui com mestria: "A nossa devoção é para nosso proveito" (p. 212). Alguns anos mais tarde, o seu pupilo Antonio Genovesi não deixa de aprovar em suas Palestras a visão de Muratori sobre a religião (cap. 10, IX, vol. 2). A sua batalha teológica pastoral mais complexa e longa foi a contra o "voto de sangue" (ou voto de "Palermo") que teólogos, bispos e jesuítas recomendavam aos cristãos. Os que faziam esse voto tinham de defender a doutrina da Imaculada Conceição da Virgem à custa das suas vidas. Muratori considerou este voto supersticioso e ilícito. A sua batalha começou em 1714 com o livro De ingeniorum moderatione (1714). A razão da sua oposição reside, também aqui, na falta de benefício mútuo: mesmo que a Imaculada Conceição fosse certa (o que Muratori não considerava certo, mas apenas provável), Maria não obtém vantagem se os cristãos derem a vida para defender um dogma: «Maria não precisa de louvores duvidosos, nem de um sacrifício imprudente. E, pelo contrário, tu precisas da tua vida" (p. 269). Muratori criticava uma Igreja que via o sacrifício humano como uma moeda para dar glória a Deus. Daí a sua crítica aos excessos das "devoções marianas", à proliferação das "Confrarias dos escravos da Mãe de Deus" (Regolata Divozione, p. 280). As únicas boas devoções são aquelas, como ele diz no final de seu livro, "que contribuem para a glória da religião e para o benefício do povo" (p. 283). Alfonso Maria de' Liguori, que estimava Muratori, foi um crítico muito duro da sua estigmatização do "voto de sangue": apelando à autoridade de Angélico, ele escreveu: " É certo ainda que tal culto pode ser causa de martírio" (A. Maria de Liguori, Delle Glorie di Maria, cap. V, 1750).

Chegando agora ao segundo aspeto do seu pensamento, no seu belo livro A Caridade Cristã, encontramos também os Monti di Pietà: «Outros Monti di Pietà inventou então a caridade laboriosa dos fiéis. Como o Sacro Monte della Farina, do qual o Beato Jerónimo de Verona foi o principal instrutor em Modena e em outras cidades." O Monte della Farina era uma variante dos Montes frumentários – quanto haveria para estudar sobre essas instituições antigas?! E prossegue: "O pressuposto dos administradores de tais Monti deve consistir em comprar trigo, e de boa qualidade, com a maior vantagem possível em alturas convenientes, e fazê-lo com não menos diligência do que se tratasse do seu próprio negócio, para revendê-lo, sem qualquer juro, transformado em farinha, para quem dele necessite... Há demasiada gente a quem agrada esta maneira fácil de fazer fortuna sugando o sangue dos pobres." E depois diz-nos também que "foi criado em Bolonha, cidade abundante em obras piedosas, um Monte de cânhamo" (p. 315). Sobre os Monti di Pietà continua: "Monti Sacri de i Pegni, fundado nos últimos séculos pela piedade dos cristãos, para a glória do catolicismo na Itália e na Flandres" (p. 310). Esses Monti foram verdadeiramente uma glória do "catolicismo", mesmo em séculos de ambivalência para a Igreja Católica. É importante como Muratori explica o funcionamento desses Monti, onde aqueles que emprestam dinheiro o fazem "com a intenção de receber nada mais do que o capital emprestado..., e exigir mais seria buscar apenas o nosso próprio interesse e não o benefício do próximo" (p. 311). O único juro legítimo nos Monti dos pobres é aquele que serve "para o reembolso das despesas com a manutenção dos funcionários" (p. 312). Muratori, portanto, gostava tanto do "benefício mútuo" que chegou a colocá-lo no centro da sua crítica à religião, mas reconheceu que nalgumas áreas da vida económica e social o benefício mútuo é muito pouco, porque há necessidade do registo do dom. O benefício mútuo, na religião, estava do lado dos pobres; nos Monti, só o dom estava do seu lado e, portanto, do Bem Comum.

Muratori (com Scipione Maffei) reconheceu a legitimidade do juro na maioria dos assuntos comerciais, mas sabia que há ações humanas em que o benefício mútuo não age bem. Para nos lembrar que a "mão invisível" funciona em muitas coisas, mas não em todas, caso contrário essa mão torna-se apenas uma ferramenta ideológica para "sugar o sangue dos pobres". O «bom» Bem Comum não nasce apenas dos juros: nasce também do dom, que é o fermento da massa formada pelos juros. Como se depreende do seu Della pubblica felicità, onde se lê: "O desejo mais comum, e pai de tantos outros, é o do nosso Bem Privado... De uma esfera mais sublime, e de origem mais nobre, há um outro Desejo, o do Bem da Sociedade, do Bem Público, ou seja, da Felicidade Pública" (p. vi). Muitos bens nascem do desejo do Bem Privado, mas não todos os bens, porque há outros que nascem do amor do Bem Comum. Dois bens diferentes, ambos essenciais. No museu municipal de Modena, há um retrato do Beato Jerónimo de Verona. O santo segura uma única folha com a inscrição: Mons charitatis. Em plena Contrarreforma, a Igreja entendia que havia uma santidade ligada à construção dos Monti, aos bancos, e que construir um Monte para os pobres poderia ser a única insígnia de um santo, nada mais "religioso" era necessário.

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por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 14/10/2023

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A terra do ‘nós’ / 3 - No capitalismo latino as ligações estão nas dinâmicas ordinárias das empresas e dos bancos

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 07/10/2023

As instituições económicas das nossas terras meridionais nasceram híbridas, e assim permaneceram enquanto o modo de fazer economia nas terras sob os Alpes teve traços típicos e diferentes, que hoje estão desaparecendo perante a distração geral. Enquanto, de facto, o Norte protestante, seguindo Agostinho e Lutero, distinguia a «cidade de Deus» da «cidade do homem» e, portanto, o mercado do dom, o contrato da gratuidade, a solidariedade da empresa, o lucro do sem fins lucrativos, o humanismo latino fortalecia na Era da Contrarreforma a promiscuidade entre estes mundos e áreas. E assim gerou párocos gestores de cooperativas e de caixas agrícolas, famílias empresárias, frades que abraçaram a mais alta pobreza enquanto fundavam bancos para os pobres.

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Hoje há muitos que pensam que a economia comunitária, mediterrânica e católica, aquela "terra do ‘nós’" feita de relações estreitas e laços calorosos, onde os vendedores ambulantes cantavam canções nas praças (a abbanniata siciliana) e nos mercados trocavam sobretudo palavras, já não tem nada de bom a dizer; que tenha desaparecido para sempre o capitalismo latino, onde a solidariedade não foi confiada aos 2% dos lucros porque a solidariedade foi inserida nas dinâmicas ordinárias das empresas, dos bancos e das cooperativas - a nossa era a solidariedade do "durante", não a do "depois". Aquele mundo mediterrânico onde os salários não eram deixados apenas ao arbítrio do "mercado de trabalho" porque esse "sal" era diferente e algo mais do que uma mercadoria. A vida e a dor ensinaram que, quando o trabalho se torna uma mercadoria o seu salário-sal torna-se insípido demais para dar sabor a refeições boas e dignas. E assim, o que resta da economia comunitária é cada vez mais visto e tratado como a velha Singer [máquina de costura] da tia ou a Lettera 35 [máquina de escrever] do avô.

Sabemos bem que a comunidade é ambivalente porque é a vida real que o é. E, portanto, a comunidade é vida e morte, fraternidade e fratricídio, amizade e conflitos, abraços e lutas, lágrimas de alegria e de dor, juntos. E uma sociedade que nas ligações só vê laços, que adora o indivíduo livre porque libertado de toda relação humana que não seja a do mercado, dos contratos e das redes sociais (que são a mesma coisa: o 'like' do Facebook é o 'like' do consumidor soberano), só pode fugir da comunidade, de toda a comunidade feita de carne e osso.

No entanto, em todo este discurso, um discurso que está a tornar-se o único, deve haver algo de errado que nos está revelando, todos os dias, nada mais do que a crise ambiental.

Nestas semanas estamos vendo que os franciscanos tinham uma outra ideia de pessoa, de comunidade e de economia. Fizeram a escolha, toda carismática, de ir viver no coração das novas cidades comerciais medievais e renascentistas, deixaram os vales e desceram às praças e tornaram-se amigos dos comerciantes e dos cidadãos, e muitas vezes os compreenderam. E quando escreveram sobre economia e dinheiro, não olharam para o mundo do alto dos tratados de teologia, geralmente escritos por aqueles que nunca viam verdadeiros comerciantes e banqueiros (a impressão que os teólogos, que escreviam sobre economia, davam aos comerciantes é muito semelhante à que hoje dão os políticos que escrevem leis para uma economia que não veem). Em vez disso, eles colocaram-se à baixa altura das bancas do mercado, e lá encontraram os olhos dos mercatores, e outra economia nasceu, diferentes bancos surgiram, outros Monti.

Esses franciscanos foram capazes de inovar porque sujaram as mãos com questões económicas, arriscando-se até a cometer erros, porque a terra só é mudada por aqueles que andam sobre ela e que não se refugiam na pureza etérea dos céus - os novos céus não se encontram sem as novas terras. E cometeram erros, como aquele, sério, do tom antissemita das suas batalhas contra a usura, com base na ideia de que só os judeus emprestavam dinheiro por usura. Essa ideia era errada, porque muita usura, especialmente a grande, era feita por bons cristãos, famílias ricas de banqueiros que emprestavam a ricos mercadores, cardeais e papas cristãos; os judeus praticamente ficavam com os pequenos empréstimos, sentados em seus banquinhos sob a tenda com o tapete vermelho. Ali todos os viam, enquanto os grandes contratos usurários dos poderosos Strozzi, Médici ou Chigi permaneciam invisíveis para a maioria, incluindo os frades - a grande finança sempre teve a sua força na invisibilidade. Muitos usurários católicos fizeram brilhantes carreiras políticas (Massimo Giansante, L'usuraio onorato, 2008), numa finança europeia que, ao contrário da má história antijudaica, estava também, e em alguns casos, sobretudo em mãos cristãs (F. Trivellato, Ebrei e capitalismo: storia di una leggenda dimenticata, 2021).

Temos muita dificuldade em compreender as razões profundas da antiga luta moral contra a usura. A principal é um princípio claro e forte: "não se pode lucrar com o tempo futuro, porque esse é o tempo dos filhos e da descendência". É por isso que a nossa geração é uma geração usurária, porque não sabe «pensar no bem comum e no futuro dos filhos» (Laudate Deum, 60), aqueles «filhos que pagarão os danos causados pelos nossos atos» (LD, 33). Usurário é aquele que hoje especula sobre o tempo dos filhos. Os pobres de hoje são, então, também e sobretudo, as crianças nascidas e as que vão nascer, que devem ser protegidas das nossas usuras individuais e coletivas.

Voltemos à maravilhosa história dos franciscanos, que hoje aqui em Assis, onde estou para celebrar a "Economia de Francisco", se destaca com uma luz deslumbrante de futuro - Francisco é o nome de amanhã, não só de ontem.

Quando a ação dos Frades Menores na fundação dos Monti di Pietà (que nas cidades gradualmente se transformaram em bancos) foi atenuada com o Concílio de Trento, os frades capuchinhos assumiram a batuta e durante mais de dois séculos construíram centenas de Montes Frumentários. Os frades menores atuavam principalmente nas cidades do Centro-Norte, porque naquelas economias monetárias era essencial contornar a usura com a grande intuição (de origem judaica) das casas de penhores que se tornaram os seus Monti di Pietà. Lá, os objetos das famílias (roupas, móveis, ferramentas de trabalho, joias: quase tudo, exceto armas) eram liquidados em dinheiro, o que era essencial na cidade onde vigorava a divisão do trabalho. De facto, eram poucos os objetos entregues como penhor ao Monte (bens penhorados) que eram resgatados quando o empréstimo era reembolsado, porque aqueles Monti desempenhavam uma função mista de empréstimo-compra. Nos campos e no Sul, no entanto, onde a economia era principalmente não monetária, nasceram os Montes Frumentários, com a simples e extraordinária inovação do trigo usado como moeda. Nos campos e nessas economias de subsistência havia poucos bens a serem penhorados, e por isso as garantias, que, no entanto, são necessárias em todas as formas de financiamento, eram pessoais, como o aval. O crédito regressava assim à sua antiga etimologia de acreditar, de confiar e acreditar sobretudo em alguém, portanto nas pessoas. Em caso de insolvência, os Monti di Pietà vendiam os objetos penhorados, e os Montes Frumentários eram «ludibriados»: «Como não havia objeto de venda em caso de não pagamento do empréstimo, os Monti eram 'ludibriados'» (Paola Avellone, All'origine del credito agrario, p. 33). As comunidades também sofrem destas fragilidades.

Uma grande, longa e desconhecida história de amor, toda evangélica e toda civil, uma das páginas mais brilhantes da nossa história económica e social. Então, adicionemos mais algumas páginas.

Eufranio Desideri (1556-1612), que se tornará São Giuseppe da Leonessa, foi um desses incansáveis frades capuchinhos construtores de dezenas de Montes Frumentários nas aldeias dos Sibillini e Monti della Laga, desde Amatrice até Núrsia, em quase todas as aldeias e cidades daquelas frágeis terras. Assim podemos ler nos testemunhos dos seus companheiros: "Quando Frei Giuseppe pregou em Bourbon, eu era seu companheiro e naquela terra havia uma grande fome. Dois cestos cheios de pão foram trazidos por duas mulheres. O Padre Giuseppe chegou à igreja, abençoou o pão e ordenou que fosse distribuído aos pobres: eram cerca de 200. Começámos a distribuição do pão. Embora muita gente tenha, entretanto, chegado, o pão foi suficiente para todos; na realidade sobrou e foi guardado nas casas: na nossa ficaram 3 ou 4 filas de 12 pães cada" (http://www.manoscrittisangiuseppe.it/la-vita/). A multiplicação dos pães e dos peixes, que acompanhou a nossa história cristã, repetiu-se mil vezes naqueles lugares onde "duas mulheres" ou "um menino" deram alguma coisa, e alguém acreditou ainda no milagre do pão para os pobres.

Frei Giuseppe foi proclamado santo pelo Papa Bento XIV em 1746, o Papa que adotou o mesmo nome que Bento XIII, ou seja, Francesco Orsini di Gravina, o "papa agricultor", o inspirador de centenas de Montes Frumentários. No ano anterior, Bento XIV escrevera a Vix Pervenit, a primeira encíclica papal que legitimava os juros dos empréstimos. Nesta Encíclica menciona também o empréstimo em «trigo» (VP, 3.V), testemunhando quão presente e importante ainda era a experiência dos Montes Frumentários. E, embora seja um documento que ficou na história como a legitimação do empréstimo a juros, quase toda a Encíclica se dedica, pelo contrário, a reafirmar a ilegalidade da usura e do empréstimo a juros, que só é legítimo em condições particulares e precisas (variantes dos antigos 'danos emergentes' e 'lucros cessantes') e "destas derive uma razão totalmente justa e legítima para exigir algo mais do que o capital devido pelo empréstimo" (VP, 3.III). De resto, reitera que "qualquer ganho que exceda o capital é ilícito e tem carácter usurário" (VP, 3.II), o que deveria envergonhar aqueles que assim ganham - era um mundo onde a ética da vergonha ainda era eficaz. Alguns anos mais tarde, dentro da mesma tradição civil e espiritual, Antonio Genovesi escreveu assim: "A regra: tens o direito de emprestar aos teus irmãos a juros ; A exceção: desde que não sejam pobres." (Lezioni di Economia Civile, 1767, II, cap. XIII, §20). Não se pedem juros aos pobres: basta o retorno do capital. Tudo isto, que a antiga tradição civil conhecia bem, esquecemo-lo nós.

O franciscanismo deu-nos muitas coisas, algumas delas maravilhosas. Entre elas está a dignidade dos pobres, que antes de serem ajudados devem ser estimados, porque sem a estima pelo que os pobres já são, não se cria nenhum ainda-não: "Lembro-me que aos domingos, geralmente quando entra uma grande quantidade de pão branco nos nossos conventos, o Frei Giuseppe me perguntou por que eu levava pão escuro para os pobres que batiam à porta. E com grande ênfase, ele me disse: 'Quero que dês aos pobres o branco'." O valor do pão branco para os pobres só podia ser compreendido por Francisco e pelos seus amigos de ontem e de hoje.

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A terra do ‘nós’ / 3 - No capitalismo latino as ligações estão nas dinâmicas ordinárias das empresas e dos bancos

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 07/10/2023

As instituições económicas das nossas terras meridionais nasceram híbridas, e assim permaneceram enquanto o modo de fazer economia nas terras sob os Alpes teve traços típicos e diferentes, que hoje estão desaparecendo perante a distração geral. Enquanto, de facto, o Norte protestante, seguindo Agostinho e Lutero, distinguia a «cidade de Deus» da «cidade do homem» e, portanto, o mercado do dom, o contrato da gratuidade, a solidariedade da empresa, o lucro do sem fins lucrativos, o humanismo latino fortalecia na Era da Contrarreforma a promiscuidade entre estes mundos e áreas. E assim gerou párocos gestores de cooperativas e de caixas agrícolas, famílias empresárias, frades que abraçaram a mais alta pobreza enquanto fundavam bancos para os pobres.

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Com a antiga solidariedade do "durante"

Com a antiga solidariedade do "durante"

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A terra do ‘nós’ / 2 - O vazio deixado pelo declínio dos Montes Frumentários

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 30/09/2023

A política dos governos centrais, primeiro Bourbon e depois Piemontês, com a intenção de retirar à Igreja o controle das instituições de crédito agrícola, causou muitos danos no Sul (da Itália) e nas pequenas aldeias

A era da Contrarreforma conheceu, juntamente com páginas sombrias, também algumas páginas luminosas. Por que a "terra do nós" é a terra da comunidade, e a comunidade é sempre um entrelaçamento de luz e sombra. Uma das páginas luminosas é aquela escrita pelos capuchinhos, pelos bispos e por muitos cristãos que deram vida às centenas de Monti di Pietà e de Montes Frumentários, e se colocaram decisivamente ao lado dos mais pobres, especialmente no sul da Itália. Páginas tão luminosas quanto desconhecidas e não contadas pela própria Doutrina Social da Igreja, que nascendo formalmente em 1891 (Rerum Novarum) quando os Monti já estavam em declínio, os negligenciou sistematicamente. E assim não sabemos que os 114 Montes Frumentários da República Veneziana do final do séc. XVIII "serão substituídos pelas caixas agrícolas desejadas por Leone Wollemborg" (Paola Avallone, Alle origini del credito agrario, 2014, p. 85). Mas esta transformação dos Monti funcionou em parte no Norte, menos no Centro e falhou substancialmente no Sul de Itália, onde o vazio deixado pelos Monti permaneceu vazio. Vejamos porquê.

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Na história dos Montes Frumentários há uma questão meridional específica, que começa com os Bourbon e depois passa para o Estado unitário. No Reino de Nápoles, os Montes Frumentários desenvolveram-se graças ao impulso decisivo dado pela Igreja, tanto institucional (bispos) como carismática (capuchinhos). Uma figura fundamental foi o bispo dominicano Pierfrancesco Orsini (Gravina 1650, Roma 1730), futuro Papa Bento XIII. Em Manfredonia (Siponto), onde foi bispo, criou em 1678 o seu primeiro Monte Frumentário, e quando se tornou bispo de Benevento fundou um Monte Frumentário em 1686 e assegurou que em cada aldeia e cidade nascesse pelo menos um, e surgiram mais de uma centena. E uma vez Papa, ele encorajou a sua instituição por todo o lado.

E foi precisamente em torno do papel da Igreja na gestão dos Monti que se desenrolaram as jogadas decisivas da sua história no Sul de Itália. Em 1741, de facto, houve uma Concordata entre os Bourbon e o Papa Bento XIV, que levou a uma secularização dos Montes Frumentários, para reduzir a ingerência da Igreja na vida económica das cidades. Com que resultados? Algumas décadas mais tarde, Francesco Longano, economista e filósofo assistente da cátedra de Antonio Genovesi, no seu relatório após uma viagem a Molise (e Foggia), escreveu palavras muito claras e importantes: "Desde há tempos imemoriais, para alívio público dos povos, encontravam-se em cada Província do Reino uma grande multidão de Monti di Pietà [Montes Frumentários], ou Luoghi Pii [Lugares Santos (NdT – Instituições de caridade)]. Eles estavam tão sujeitos aos Bispos, e a sua administração era tão exata, que eles prosperaram imensamente. O seu rendimento consistia principalmente em trigo, mas também em vacinas, gado, ovelhas e entradas em dinheiro. Uma vigilância tão excessiva que, em muito pouco tempo, com os administradores anuais (os Monti) foram todos retalhados, roubados, empobrecidos... Oito ou dez privilegiados pobres ou ricos formaram uma espécie de monopólio. Os ricos por ganância, os pobres saqueiam por necessidade" (Viaggio dell'abate Longano per la Capitanata, 1790, pp. 188-189). A operação dos Bourbon produzira, portanto, "a perda irreparável de uma obra de extrema utilidade pública em quase todas as cidades, terras e aldeias da Província" (p. 259). E assim Longano concluiu: "Compreende-se imediatamente a necessidade de serem restaurados, declarando-os novamente bens eclesiásticos, e sujeitos à Direção Episcopal" (p. 260). Uma contrarreforma que não chegou a acontecer.

Como recorda a historiadora Paola Avallone, "os Montes Frumentários gozaram de uma certa prosperidade enquanto foram livres de operar de acordo com os estatutos que que eles próprios criaram e enquanto foram administrados localmente por pessoas nomeadas pelo pároco e obrigadas a prestar contas da sua gestão à autoridade episcopal, como tinha sido indicado pelo Papa Bento XIII depois de 1724. Prosperaram enquanto, na prática, conseguiram adaptar-se às exigências da comunidade local" (cit., p. 24). A política dos governos centrais, primeiro Bourbon e depois Piemontês, com a intenção de retirar à Igreja o controle dos Monti, causou muitos danos, especialmente no Sul, onde a Igreja também desempenhava, há séculos, muitas funções civis e económicas, especialmente nas pequenas aldeias e entre os mais pobres. Quiseram centralizar a gestão dos Monti, não reconhecendo a sua frágil, mas essencial, estrutura local e comunitária, e fizeram-nos morrer.

Emblemático, a este respeito, é o fracasso do "Monte Frumentário Geral" do Reino de Nápoles, uma mega instituição central (com sede em Foggia), que deveria ter gerido todos os Monti espalhados no reino como filiais periféricas, também para superar a praga dos famigerados "contratos verbais" nos campos. Fundado em 1781, nunca arrancou. Só aumentou a burocracia, a distância entre os que governavam os Monti e os camponeses pobres aumentou, e tentou-se separar a componente financeira da caritativa, minando assim aquela natureza dupla que, pelo contrário, constituía a alma e o segredo do seu sucesso. Tratou-se, portanto, de uma reforma anti subsidiária, reforçada pelo período francês pós-revolucionário, pela restauração e, finalmente, pelo Estado unitário que tentou transformar os Monti em "caixas de créditos agrícolas" ou "caixas económicas", instituições distantes da tradição das aldeias do Sul, do espírito daqueles lugares. Encontrei dois decretos reais, de 31-1-1878 e 14-7-1889, que transformavam respetivamente "os dois Montes Frumentários e o Monte Pecuniário de Roccanova (PZ), e investiu os seus ativos a favor da Caixa de crédito e poupança", e "os Montes Frumentários de Maltignano (AP) foram transformados numa Caixa de crédito agrícola". O verbo usado pelo burocrata do decreto - "investiu" - ressoa hoje como um verbo profético: foi precisamente uma inversão de sentido dos Monti que foi gerada por leis que não os compreenderam. Nos decretos lemos que no pequeno município lucaniano de Roccanova havia três Monti, e no burgo de Maltignano fala-se genericamente de "Monti"no plural, testemunhando quão difundidas e capilares eram aquelas benditas instituições. Além disso, "a manobra de transformação dos Montes Frumentários em Caixas de Crédito, através da conversão do trigo em dinheiro, favoreceu particularmente as classes não diretamente interessadas no trabalho dos campos (...) A usura acabou levando a melhor" (Michele Valente, “Evoluzione socio-economica dei Sassi di Matera nel XX secolo”, 2021, p. 29).

A transformação dos Monti nestas novas caixas «do Norte» implicou, portanto, uma financeirização dos Montes Frumentários que, ao contrário dos Montes Pecuniários que muitas vezes os acompanhavam, utilizavam o trigo como moeda. O trigo usado como moeda foi a grande inovação daqueles diferentes bancos, a novidade foi precisamente a redução de um grau de intermediação, um elemento crucial num mundo com muito pouco dinheiro e, portanto, dominado por usurários. As novas leis obrigaram os Monti a abandonar o trigo-moeda e a se transformarem em instituições financeiras comuns. E assim morreram. Além disso, as leis do Estado não compreendiam a natureza híbrida dessas instituições - crédito e caridade, contrato e doação - e combateram-nas, sem entender que opor-se a esta natureza híbrida significava negar a história dos Monti, que viveram enquanto foram espúrios, misturados, contaminados. Quiseram separar o que estava unido por natureza e vocação, e mataram-nos. É claro que todos sabemos que por detrás de uma extinção em massa de milhares de Monti há muitas razões inscritas na evolução da sociedade italiana e europeia ao longo dos séculos, mas as reformas anti subsidiárias, a atitude ideológica anticlerical, a distância cultural entre os novos governantes e os camponeses, foram elementos decisivos para esta hecatombe económica e social: quem sabe o que poderia ser a finança, a economia e a sociedade meridional se os Monti tivessem sido compreendidos e protegidos? Giustino Fortunato, político e intelectual do Sul, opôs-se fortemente à reforma dos Monti e, em geral, à política agrária e económica do Estado unitário no Sul. Numa carta a Pasquale Villari, datada de 18-1-1878, ele escreveu: "Uma reforma alicerçada em ideias preconcebidas, em a priori (...) A confusão é grande. Primeiro exemplo: a transformação dos Montes Frumentários em Caixas de crédito agrícola" (Carteggio (1865-1911), pp. 11-12). Para Fortunato a reforma foi uma verdadeira "pedra tumular" para os Monti e para os "cafoni” (campónios).

E eis que devemos voltar à vocação e à natureza da economia “católica” e meridional. A ação pastoral da Contrarreforma fortaleceu e desenvolveu a presença generalizada da Igreja nos campos que, especialmente no Sul, se encontravam em grave estado de degradação, inclusive económica. A presença constante de frades, freiras e sacerdotes em todas as aldeias, nas paróquias, nos muitos conventos rurais, tinha levado a Igreja a compreender as verdadeiras necessidades das pessoas reais, tornando-se assim especialista em pobrezas e em economias concretas. E nasceram os Montes Frumentários: “Enquanto essas instituições foram administradas por eclesiásticos, os bens nelas preservados eram considerados sacrossantos e, portanto, intocáveis. A partir do momento em que foram laicizados, foram saqueados sem qualquer restrição (Paola Avallone, cit., p. 27).

O que ainda resta na Itália e na Europa meridional da tradição social e civil, das instituições de finanças solidárias, hoje corre o risco de sofrer o mesmo destino que os Montes Frumentários, onde os governantes não são mais os Bourbon e os Piemonteses, mas os algoritmos de Basileia e das instituições financeiras nacionais e internacionais, que separam o crédito das comunidades, que afastam as escolhas dos territórios, que já não escutam as reais necessidades das pessoas concretas e quando tentam ouvi-las não as compreendem porque falam línguas muito diferentes, e sem tradutores.

Termino dando a palavra a Ignazio Silone, que redimiu a honra da palavra ‘cafoni’, palavra demasiado cheia de injustiça, dor e esperança, que ainda aguarda o dia em que a dor deixará de ser uma vergonha: “Sei bem que o nome de ‘cafone’, na língua atual do meu país, é agora um termo ofensivo e de zombaria: mas utilizo-o neste livro na certeza de que, quando no meu país a dor deixar de ser vergonha, passará a ser um nome de respeito, e talvez até de honra" (Fontamara, Introduzione).

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A terra do ‘nós’ / 2 - O vazio deixado pelo declínio dos Montes Frumentários

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 30/09/2023

A política dos governos centrais, primeiro Bourbon e depois Piemontês, com a intenção de retirar à Igreja o controle das instituições de crédito agrícola, causou muitos danos no Sul (da Itália) e nas pequenas aldeias

A era da Contrarreforma conheceu, juntamente com páginas sombrias, também algumas páginas luminosas. Por que a "terra do nós" é a terra da comunidade, e a comunidade é sempre um entrelaçamento de luz e sombra. Uma das páginas luminosas é aquela escrita pelos capuchinhos, pelos bispos e por muitos cristãos que deram vida às centenas de Monti di Pietà e de Montes Frumentários, e se colocaram decisivamente ao lado dos mais pobres, especialmente no sul da Itália. Páginas tão luminosas quanto desconhecidas e não contadas pela própria Doutrina Social da Igreja, que nascendo formalmente em 1891 (Rerum Novarum) quando os Monti já estavam em declínio, os negligenciou sistematicamente. E assim não sabemos que os 114 Montes Frumentários da República Veneziana do final do séc. XVIII "serão substituídos pelas caixas agrícolas desejadas por Leone Wollemborg" (Paola Avallone, Alle origini del credito agrario, 2014, p. 85). Mas esta transformação dos Monti funcionou em parte no Norte, menos no Centro e falhou substancialmente no Sul de Itália, onde o vazio deixado pelos Monti permaneceu vazio. Vejamos porquê.

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Especialistas em pobrezas e em finanças

Especialistas em pobrezas e em finanças

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A terra do ‘nós’ / 1 - A origem e o significado dos "Montes Frumentários»

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 23/09/2023

Os franciscanos, e depois a Igreja e a sociedade, compreenderam que, ao lidar com a pobreza e a escassez de dinheiro, uma solução, tão simples quanto esquecida, é reduzir o uso do dinheiro. O mundo católico e meridiano moderno também gerou uma sua própria ideia de economia, diferente em muitos aspetos da do capitalismo nórdico e protestante. A reação da Igreja de Roma ao cisma luterano fortaleceu e amplificou algumas dimensões do mercado e da finança já presentes na Idade Média, e criou outras de raiz. Na série "A terra do nós", Luigino Bruni continua a sua reflexão sobre as origens e as raízes do capitalismo e da sociedade na era da Contrarreforma.

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A luta contra a usura é uma das características constantes na história da Igreja pré-moderna. Estando próximos do povo, bispos e monges compreenderam que as primeiras vítimas da usura eram sobretudo os mais pobres. Em mais de mil anos, entre o Concílio de Elvira (cerca de 305) e o de Viena (1311), há cerca de "setenta concílios em cada distrito" com palavras muito fortes contra a usura" (P.G. Gaggia, Le usure, p. 3). E enquanto os papas e bispos emitiam bulas e documentos contra a usura, bispos e carismas criavam instituições financeiras anti usurárias, para que a denúncia feita nos documentos não ficasse abstrata – na Igreja a realidade sempre foi superior à ideia, desde que o logos decidiu tornar-se criança. As raízes da Europa são também esta luta tenaz contra a usura e estas instituições anti usurárias. Entre estas, foram muito importantes os Monti di Pietà (Montepios) franciscanos, que durante algumas décadas estavam finalmente no centro de um renovado interesse. Menos estudados são os Montes Frumentários, também de inspiração franciscana – mas quanto devemos agradecer a Francisco e seus seguidores?! Instituições mestiças, como mestiça era (e é) "a economia católica", a economia comunitária e latina, essa "terra do nós" que da comunidade também retomou a sua mestiçagem, a sua ambivalência, a sua carne e o seu sangue.

Como os Monti di Pietà, os Montes Frumentários tinham, de facto, um pouco de bancos, um pouco de assistência, um pouco de empréstimos, um pouco de dom, um pouco de mercado, um pouco de solidariedade, gratuidade e interesse, indivíduo e comunidade, honestidade e corrupção, confiança e garantia, cidade e igreja. Os Montes Frumentários foram uma instituição fundamental para a economia rural italiana (e não só), especialmente a do Centro-Sul, e foram-no por mais de quatro séculos (!). E tal como os Monti di Pietà, os Montes Frumentários nasceram imitando instituições pré-existentes. Para os Montes pietatis os franciscanos da Observância inspiraram-se na deposita pietatis romana (a pietas era também uma grande palavra romana) e depois nos eclesiásticos dos primeiros séculos, nas instituições que eram "o fundo de depósito da piedade, usado para apoiar os pobres (...) e também os que sofreram um naufrágio" (Tertuliano, Apol. 39, 6). Mas certamente os franciscanos imitaram sobretudo as "casas de penhores" judaicas, trazendo inovações – juros baixos, o tipo de penhores, os prazos das restituições... Os Montes Frumentários (ou celeiros, silos, financeiros, da abundância, do auxílio, das farinhas, das castanhas...) nasceram como um desenvolvimento de depósitos públicos de grãos e sementes geridos, na Idade Média, por municípios ou mosteiros para fazer face às más colheitas e à fome – em Massa Marittima o "Palazzo dell'Abbondanza" remonta a 1265, o nome do município de Montegranaro refere-se a depósitos públicos medievais (talvez romanos) de trigo, cevada e cereais. Os primeiros ícones dos bancos eram montes – pensemos nos banqueiros Chigi – para nos dizer que o monte, o depósito, o empilhamento, foram a primeira forma da finança moderna.

O trigo foi o primeiro nome da economia mediterrânica (F. Braudel). Central para a vida das populações maioritariamente rurais, nos negócios, para as riquezas e pobrezas das cidades, feudos, campos; e foi preciso uma guerra na Europa para nos lembrar que ainda vivemos e morremos de trigo. A Bíblia também pode ser contada como a história do trigo e do pão: do maná à Eucaristia. Os Montes Frumentários foram a atualização da sabedoria de José, da sua capacidade de interpretar os sonhos e, assim, fazer face aos anos de "vacas magras" acumulando depósitos frumentários durante as "vacas gordas" – uma das histórias mais dolorosas e bonitas sobre a fraternidade traída e cuidada é acompanhada pelo cheiro do trigo, que é o mesmo cheiro da história de Rute, a antepassada de Jesus. O dízimo e a respiga eram instituições de natureza solidária, típicas de um mundo não monetário e predominantemente agrícola. O próprio templo de Jerusalém e, antes disso, os santuários, também desempenhavam a função de colher, armazenar e redistribuir sementes.

Os franciscanos transformaram os antigos ‘montes’ de trigo (celeiros) em algo novo e criaram os Montes Frumentários. Convivendo com as gentes das aldeias rurais, interpretaram os seus sonhos de vida, e compreenderam que o pequeno e médio camponês (meeiro ou arrendatário) estava muitas vezes em grande dificuldade: bastava um ano de penúria, um acidente, uma doença, uma inundação e comia-se o trigo destinado à semente para o ano seguinte para não morrer de fome, e assim para a nova sementeira tinha de se endividar, geralmente com usurários que o levavam à ruína. Os Montes Frumentários também nasceram nos mesmos locais que os Monti di Pietà, mas com estatutos e funcionários distintos. Não eram entidades de pura filantropia: pagava-se um "juro" não monetário sobre o trigo. Geralmente era retirado do alqueire “raso” e devolvido "cheio"; um juro pequeno, portanto, não muito diferente da taxa monetária dos Monti di Pietà (cerca de 5%) – os franciscanos não pensavam que a gratuidade coincidisse com o grátis. O trabalho de Bernardino da Feltre foi fundamental porque em 1515 uma bula papal (Inter multiplices, Leão X) reconheceu a legalidade do juro dos Monti di Pietà. Os primeiros Montes Frumentários franciscanos nasceram no final dos anos 80 do século XV, entre a Úmbria e Abruzzo. Os nomes destes primeiros montes – "Monte della Pietà del grano della Vergine Maria" de Rieti, ou "Monte della Pietà del grano" de Sulmona – revelam uma germinação inicial dos Montes Frumentários a partir dos Monti di Pietà. Os franciscanos entenderam que no contexto rural os empréstimos monetários não funcionavam e imaginaram bancos não monetários. O trigo foi, de facto, decisivo na vida e morte das pessoas, e num mundo com muito pouco dinheiro em circulação, aqueles que o possuíam tinham um poder demasiado grande para não abusar dele com usura. Mais tarde, aos Montes Frumentários juntar-se-ão também os Montes pecuniários (que sempre emprestaram trigo e produtos agrícolas, mas contra o pagamento em dinheiro), mas a utilização do trigo como moeda (la "grana") foi a grande inovação dos Monti, e a razão da sua longevidade.

Hoje parece que o Monte mais antigo é o de Núrsia (1487), fundada pelo Irmão Andrea da Faenza (o verdadeiro missionário do trigo). No entanto, é interessante que, em 1771, o historiador A. L. Antinori reivindicou a primazia de Leonessa: "Em 1446 foi, por Antonio di Colandrea abade, muito bem recuperado o Monte di Pietà em Lagonessa, foi construído um forte espaço para depósitos e penhores na praça" (cf. Giuseppe Chiaretti, Leonessa Arte, Storia, Turismo, 1995). A pedra, um portal de entrada, está hoje preservada no convento local de São Francisco. O pagamento de juros ao Monte Frumentário foi mais fácil de aceitar pela Igreja, porque o nó ético da usura dependia da antiga tese da esterilidade do dinheiro, uma esterilidade que não existe no trigo: aqui o juro (ou acréscimo) era considerado uma partilha do lucro natural fruto da generosidade da terra (semeias 1 e colhes 10).

O historiador Palmerino Savoia, que relata o trabalho incessante de criação no final do século XVII de Montes frumentários pelo bispo Orsini, futuro Papa Bento XIII, chamado "o agricultor de Deus" (ao qual voltaremos), descreve o funcionamento do Monte frumentário de Benevento: "O Monte era administrado por dois governadores e dois depositários que permaneciam um ano no cargo e eram nomeados pelo arcebispo (...) O empréstimo do trigo era feito quatro vezes por ano: em outubro para ajudar na sementeira, em dezembro para ajudar os necessitados nas festas de Natal, em março para as celebrações da Páscoa e em maio para a glória de São Filippo Neri" (Uma grande instituição social: I monti frumentari, 1973, Acerra). Um pormenor que diz o que eram as festas para o nosso povo: no meio da miséria, e precisamente porque eram pobres e expostos à fragilidade radical da vida, no dia da festa celebrava-se a vida, celebrava-se juntos para continuar a ter esperança e para vencer a morte. E a Igreja, aqui verdadeiramente mestra de humanidade, compreendia e aprovava os empréstimos do trigo para refeições e doces especiais, que interrompiam a fome e as carestias e diziam aos pobres: "não sois pobres sempre e para sempre" – hoje esquecemo-nos do que são as festas porque nos esquecemos da arte do pouco, da grande arte dos pobres. E assim, na abundância do "grão", morremos de fome de festa.

Alguns dados nos dizem o que eram os Montes Frumentários. Em 1861, no sul da Itália, havia 1054 Montes Frumentários, o dobro dos do norte, dos quais cerca de 300 só na Sardenha; na Itália central, em particular na Úmbria e nas Marcas, os Montes Frumentários eram 402 (P. Avallone, «Il credito», in Il mezzogiorno prima dell'unità, a cui di N. Ostuni e P. Malanima, 2013, p. 268). Por que se extinguiram? Em 1717, na diocese de Benevento – do então bispo Orsini – havia "157 Montes Frumentários", não filiais, mas todos com estruturas independentes (P. Calderoni Martini, Fra Francesco Maria Orsini e il credito agrario nel sec. XVII, Nápoles, 1933). No século XVIII entre os protagonistas dos debates sobre os Montes Frumentários estavam os melhores economistas "civis", desde Giuseppe Palmieri a Francesco Longano, o aluno de Genovesi que de 1760 a 1769 flanqueou e depois substituiu o mestre doente nas aulas de Economia Civil em Nápoles. Os Montes foram verdadeiras e próprias instituições económicas, financeiras e éticas, não "obrinhas piedosas".

Os franciscanos, e depois bispos e cidadãos, entenderam que, quando se lida com a pobreza e a escassez de dinheiro, uma solução, tão simples quanto esquecida, é reduzir o uso do dinheiro. Eles entenderam que se podia dar vida a uma economia sem dinheiro: se era o trigo que era necessário e escasso, o próprio trigo poderia tornar-se a moeda, sem a necessidade de outro intermediário. Saltaram um passo, encurtaram a cadeia da economia e alongaram a cadeia da vida. Um passo para trás tornou-se um passo para a frente. Eles inovaram removendo, reduzindo um grau de intermediação. Hoje há biliões de pessoas excluídas do dinheiro, que precisariam de novas instituições financeiras, locais e globais, não usurárias. Seremos capazes hoje de imitar a criatividade ética e civil dos franciscanos de ontem?

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A terra do ‘nós’ / 1 - A origem e o significado dos "Montes Frumentários»

por Luigino Bruni

Original italiano publicado em Avvenire em 23/09/2023

Os franciscanos, e depois a Igreja e a sociedade, compreenderam que, ao lidar com a pobreza e a escassez de dinheiro, uma solução, tão simples quanto esquecida, é reduzir o uso do dinheiro. O mundo católico e meridiano moderno também gerou uma sua própria ideia de economia, diferente em muitos aspetos da do capitalismo nórdico e protestante. A reação da Igreja de Roma ao cisma luterano fortaleceu e amplificou algumas dimensões do mercado e da finança já presentes na Idade Média, e criou outras de raiz. Na série "A terra do nós", Luigino Bruni continua a sua reflexão sobre as origens e as raízes do capitalismo e da sociedade na era da Contrarreforma.

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Essa outra economia do trigo solidário

Essa outra economia do trigo solidário

A terra do ‘nós’ / 1 - A origem e o significado dos "Montes Frumentários» por Luigino Bruni Original italiano publicado em Avvenire em 23/09/2023 Os franciscanos, e depois a Igreja e a sociedade, compreenderam que, ao lidar com a pobreza e a escassez de dinheiro, uma solução, tão simples quanto e...